domingo, 16 de janeiro de 2011

Viagem pelo Príncipe - 13/01/2011

Acordo nesta ilha tão pequena e isolada do mundo um pouco mais animada pois hoje, finalmente ia conhecer alguns sítios da ilha. A manhã passei-a na recepção com os meus queridos colegas, Helder e Ilka, a trabalhar um cadinho embora me sinta um pouco a mais porque agora já não tenho o meu próprio posto de trabalhar tendo eles que dividir o deles comigo. Almoçei por volta das 13h00 e as 14h00 estava prontinha para a excursão. O Ricus e a Pietro, sul-africanos, disseram-me para ir junto com os clientes à excursão para conhecer um pouco mais do príncipe já que estava a trabalhar aqui e estava em contacto com os clientes. O percurso era o seguinte - Roça Sundy, Santo António (cidade) e por fim a roça Belo Monte. Estava muita entusiasmada. Às 14h00 partimos rumo ao primeiro destinho numa carrinha de caixa aberta que tem um telhadozinho e dois bancos de madeira virados para o exterior. Os clientes eram portugueses, já de idade, tendo dois deles ido à frente junto ao motorista porque não conseguiam subir o carro. Os dois clientes que iam comigo atrás eram uns queridos, fartaram-se de falar comigo, partilhando comigo algumas das suas viagens. A estrada que virava para a Sundy e Ponta Sol estava em muito mau estado, cheia de buracos o que atrasou um pouco a nossa chegada à mesma. No caminho encontramos duas sras que vinham a pé e nos pediram boleia, mandámos logo parar o carro. Iam para a Sundy e estavam a caminhar desde o meio-dia, vinham a pé da cidade depois de umas horas de trabalho. Parece que já estão habituadas ao trajecto mas acredito que uma boleia de vez em quando sabe bem. Trocamos palavras com elas, ambas com idades entre os 40 e os 50 anos, uma com 6 filhos e 3 bisnetos e a outra com 5 filhos tendo um deles apenas 4 anos. Uma delas era doméstica e a outra trabalhava nas ruas, esta última queixava-se do baixo salário que lhe pagavam (500.000 dbs - 20 euros) e ainda não lhe tinham pago os últimos dois meses. Tive bastante pena da senhora porque ela referiu muitas vezes que passou as festas sem dinheiro e sem poder dar um presente ao seu filho mais novo. A vida realmente é muito injusta. Uns com tanto e outros sem nada. Chegados à Sundy, fiquei maravilhada com a paisagem. Sundy era uma das casas da família Real Portuguesa. Ela possui um grande hospital, uma igreja, uma loja, estábulos, secadores de cacau e café, uma mansão enorme, dormitórios para cerca de cem trabalhadores e um caminho-de-ferro utilizado para transporte de mercadorias. Uma coisa linda! Como na roça Agostinho Neto em São Tomé foi possível visitar a mansão que só o hall de entrada me deixou encantada. Era enorme! Uma sala de jantar com uma grande mesa, como eu gostaria de ter um dia na minha casa! E depois, outra coisa que me chamou a atenção foram os quartos na parte superior da casa, que eram feitos com mobílias tradicionais do Alentejo e das cores dos três grandes clubes (benfica, porto e sporting), eh eh... comentei com o Sr. João, o motorista que aquela casa dava uma pousada de charme que é um luxo! eh eh...depois da visita à casa estivemos lá fora na conversa com algumas senhoras e crianças que ali se encontravam, uma delas, a Elsa prometeu assar fruta para mim num dia a combinar. Também foi o local onde o Sr. Arthur Eddington provou em 1919 a teoria de Einstein. Partimos rumo à cidade, aproveitamos para dar boleia a algumas pessoas que iam estudar à noite. Uma delas com 27 anos estava a concluir o 9º ano e o marido nem se opôs, o que é estranho em São Tomé e Príncipe. Mais uma vez o sr. Ribeiro Bento fez todas as questões possíveis e imaginárias às senhoras. Gosto tanto de clientes assim, curiosos, mas sempre na medida certa. A passagem pela capital foi bastante curta pois o tempo estava a escassear e ainda tínhamos a outra roça para conhecer. Portanto foi passar só por algumas ruelas sempre no carro. À saída da cidade, estava uma menina a vender Bôbo frito, um doce típico do Príncipe. Depois, lá fomos nós na rua do kuduro em direcção a Belo Monte. Ainda é longe ou então a péssima estrada faz parecer isso! É sempre a subir, passamos por algumas plantações de cacau mas, com muita pena minha, não havia nenhum maduro para dar a provar aos clientes. A entrada da roça é lindaaaaa... um arco enorme, um jardim...a casa principal, os dormitórios, enfim as coisas que compõem as roças fazendo delas uma mini cidade. Fomos até lá acima! Descemos do carro, e quando fomos ver a paisagem ficamos espantados. Um mar azul, imensa vegetação lá no fundo e a famosa praia banana, conhecida por lá ter sido gravado um dos anúncios da Barcardi. Segundo o Sr. João foi neste local que um senhor do qual não me lembro o nome se encontrava quando lhe foi anunciada a morte de Salazar, tendo que interromper a sua visita a ilha para se deslocar a Portugal. A praia banana é bem bonita, coberta de palmeiras, um areal branco, uma água cristalina, um espaço perfeito para se namorar um cadinho...eh eh...ainda podemos ver uma árvore de café arábico, utilizada para fazer o café de São Tomé mas como ainda não estava madura não se pôde sentir o verdadeiro cheiro a café! Uma pena...regressamos a casa, ao Bom Bom, depois de uma viagem cansativa só apetecia ir tomar um banho e deitar na cama. Aqueles bancos de madeira não são nada confortáveis para fazer uma viagem tão longa numa estrada destas mas foi óptimo e os clientes também gostaram imenso.
Voltei para o trabalho, saindo às 20h00...fui jantar e dormir no meu novo quartooo...

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