quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

22 dezembro
O Natal está a xegar e não parece nada. Tudo é bem estranho quando se está pela primeira vez longe da família! Tomamos um pequeno-almoço bem saboroso! Saímos por volta das 11h rumo ao café companhia para navegar um cadinho! Aliás foram horas porque ficamos até não aguentar a fome! O dia hoje não está nada bonito. O céu cinzento, uma chuva bem fria, um vento fresco! Nada agradável para se passear pela cidade! Fomos almoçar ao Sum Secreto pela primeira vez, tínhamos ouvido falar que a comidinha era bem boa. Optamos por um peixinho vermelho grelhado com a famosa banana frita mas antes petiscamos uns rissóis de peixe bem saborosos. Esperamos cerca de 35 minutos pelo almoço, foi desesperante! Mas assim que chegou foi devorar até não poder mais! Eh eh… a Margarida ainda se lembrou de pedir uma sobremesa. Quando o moço lhe falou em gelado ela ficou radiante com a ideia e pediu logo duas bolas! Passado 5 minutos, ele volta à nossa beira e informa que ela terá que pagar 15000 dobras pela taça! Ficámos parvas a olhar para ele! Ela decidiu reduzir para uma bola apenas… de rir! Pior foi quando chegou o gelado numa taça de vidro daquelas onde costumam servir outro tipo de sobremesas. Primeiro pensamento: já que pagamos a taça vamos levá-la para casa. O gelado era horrendo! Mais uma novidade de São Tomé!!! Passámos pelo mercado e a polícia andava atrás das pessoas com um bastão (não sei bem se é este o nome) que aproveitam as festas para venderem umas coisas de forma ilegal. Tivemos que nos esconder para um senhor nos poder vender uns chinelos! Eh eh… após a nossa ida ao mercado fomos para casa e por lá ficamos!
A.
21 dezembro
Acordei bem tarde eu! Lembrei-me dos domingos de manhã, depois duma noitada, passados a dormir. A Gina apareceu lá em casa para lavar a roupa. Ainda a estive a ajudar e a arrumar a casinha. Era feriado em São Tomé, dia da Descoberta desta maravilhosa ilha que obriga qualquer um a desejar voltar. Sentimo-nos bem aqui! Todo este calor, pessoas, comidas, até o “leve-leve” acaba por consumir-nos. Saí de casa por volta das 16h com a Gina em direcção ao Bairro do Hospital para fazer a prova do vestido para a passagem do ano. Estivemos na Edna um bocado n conversa e depois fomos para a cidade à procura de um lugarzinho para eu navegar um cadinho. Mas claro que estava tudo fechado, devido ao feriado! Ouvimos música por perto e notamos alguma confusão lá ao fundo quando o motoqueiro nos informou que havia festa junto à Sé! Sem mais nada para fazer decidimos ir até lá ver o que se passa e se havia comidinhaaaaa!!! Eh eh… BORA ATÉ LÁ! A rua estava cheia de gente, havia uma construção feita de bambu e andalas no largo da Igreja, pessoas a dançar, a comer as típicas espetadas de búzio com bué de malagueta…nada melhor do que estas festinhas! Fomos até à confusão dançar um bulawé, comemos uns búzios, bebemos umas nacionais e depois decidimos ligar à Margarida para aparecer que ela ia gostar de lá estar! Passei na CST e um rapaz ainda reclamou comigo porque tinha que entregar a minha garrafa de cerveja à sra que ma vendeu (como se eu não o fosse fazer)! Passado um bocado lá apareceram todos: Humber, Maggie e Clemente. O grupinho do costume! Fomos comer qualquer coisa e depois fui buscar o Apolo à carrinha, já que ele se lembrou de vir curtir o feriado com a sua pequenina. Eh eh…ainda estivemos um cadinho na festa a ouvir Haylton Dias e Mr. Pagem e outros cantores santomenses. A malta estava um pouco parada! Decidimos então ir para casa trocar de roupa para irmos dançar um cadinho até à Africana. A disco estava cheia! Lá fora estavam imensas motas e pessoas a conversar. Lá dentro então! Estava demais! Um calor insuportável! Encontrões! Atacamos a pista para um kizomba e tarrachinha! Corria água pelo meu rosto. O calor do corpo do meu bebe e o calor da disco deram cabo de mim. Encontramos alguns amigos conhecidos do ilhéu, a Quila (já ouviram falar certo?) que viajava na 5ª para Angola passar uns tempos! Bom muitoé! Por volta da meia noite e trinta fomos para casa! Xixi, cama!
A.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

19/12/10 – “We expected something, something better than before…”

Um dia cheio de energias, boas e más a rondarem a casa! Estive na cidade, o Kimilson trouxe-me umas compras que eu tinha feito na escola, uma compota de manga de um grupo de Diogo Vaz e um conjunto mt bonito de toalha de mesa + guardanapos em tecido africano! O Intermar estava aberto, estavam a preparar cabazes de Natal! Aproveitei para fazer umas compras!
O resto do dia foi passado em casa! Manhã a dormir ao ritmo da música que tocava no mp3 e em mais duas casas de vizinhos! Nesta noite a música não parou! Sempre a tocar! Havia um baptizado! Foi um pouco chato para dormir!
Apanhei os miúdos daqui a subirem ao nosso muro. Pediram-me para ir apanhar fruta da nossa fruteira! Eu disse que não podem subir ao muro, batem à porta e pedem! O miúdo lá foi buscar o gancho, subiu à árvore com uma grande facilidade e voilá 2 frutas, uma para mim (disse que só o deixava se tirasse 1 para mim também) e uma para ele! Vamos lá ver se é desta que aprenderam que não se sobe o muro da casa dos outros!
A Alex e a Gina prepararam um delicioso arroz de polvo! Lembrou o da minha mãe!! O Humber apareceu um pouco depois do almoço e o Clemente tinha se cortado à última da hora! Estivemos a comer o sape-sape que o Humber tinha trazido! Mt bom, parecido com a Anona, mas é maior! Guardei as sementes para as furar e usar para fazer pulseiras!
Estive a ler entrevistas a escritores são-tomenses reunidas num grande livro que arranjei na casa da Gina. Muito interessante um senhor chamado Tomás Medeiros!
Estive também a debater-me sobre a questão do nome Ana de Chaves. Quem foi a senhora?? Era irmã da Misericórdia de Vila do Conde?? Tenho 2 artigos sobre o assunto e estou a ver quais são os dados em que os autores coincidem para poder enviar ao meu tio-avô, historiador que escreveu um deles. Por enquanto é difícil chegar a uma conclusão mas há dados que batem certo!
Ao final da tarde apareceu o Apolo com mais dois amigos que nos vieram cumprimentar e trouxe uma grande Jaca! Mt bom!
Temos um vizinho que é um pouco doido… gosta de cantar mt alto a horas bem estranhas do dia e da noite e, de vez em quando, fala sozinho (mas muito alto), como se estivesse a falar com alguém. Tomei a liberdade de anotar algumas expressões do seu discurso:
Disse o Senhor, Libertai os Céus, Libertai os Infernos (…)
Gosto de mulheres bonitas. Apresentai aos príncipes sacerdotes! Aquela que não dançar e fizer maravilhas …
Lázaro foi muito amicíssimo de Lázaro. Disseram a Jesus, Lázaro está morto. Lázaro está a dormir. Não. Já está a cheirar.
O epistolo de São Tomé – paxenxa.
Não vale a pena brincar comigo, se sou pai e filho do Espírito Santo (…) Não pode comer, não pode beber. Mas disse o senhor: não pode matar, não pode bater. Os 10 mandamentos diz tudo. O Reino do Senhor é sagrado (…)
Eu faço tudo mas não mato inocentes.

Assustador…
19/12/10 – “We expected something, something better than before…”

Um dia cheio de energias, boas e más a rondarem a casa! Estive na cidade, o Kimilson trouxe-me umas compras que eu tinha feito na escola, uma compota de manga de um grupo de Diogo Vaz e um conjunto mt bonito de toalha de mesa + guardanapos em tecido africano! O Intermar estava aberto, estavam a preparar cabazes de Natal! Aproveitei para fazer umas compras!
O resto do dia foi passado em casa! Manhã a dormir ao ritmo da música que tocava no mp3 e em mais duas casas de vizinhos! Nesta noite a música não parou! Sempre a tocar! Havia um baptizado! Foi um pouco chato para dormir!
Apanhei os miúdos daqui a subirem ao nosso muro. Pediram-me para ir apanhar fruta da nossa fruteira! Eu disse que não podem subir ao muro, batem à porta e pedem! O miúdo lá foi buscar o gancho, subiu à árvore com uma grande facilidade e voilá 2 frutas, uma para mim (disse que só o deixava se tirasse 1 para mim também) e uma para ele! Vamos lá ver se é desta que aprenderam que não se sobe o muro da casa dos outros!
A Alex e a Gina prepararam um delicioso arroz de polvo! Lembrou o da minha mãe!! O Humber apareceu um pouco depois do almoço e o Clemente tinha se cortado à última da hora! Estivemos a comer o sape-sape que o Humber tinha trazido! Mt bom, parecido com a Anona, mas é maior! Guardei as sementes para as furar e usar para fazer pulseiras!
Estive a ler entrevistas a escritores são-tomenses reunidas num grande livro que arranjei na casa da Gina. Muito interessante um senhor chamado Tomás Medeiros!
Estive também a debater-me sobre a questão do nome Ana de Chaves. Quem foi a senhora?? Era irmã da Misericórdia de Vila do Conde?? Tenho 2 artigos sobre o assunto e estou a ver quais são os dados em que os autores coincidem para poder enviar ao meu tio-avô, historiador que escreveu um deles. Por enquanto é difícil chegar a uma conclusão mas há dados que batem certo!
Ao final da tarde apareceu o Apolo com mais dois amigos que nos vieram cumprimentar e trouxe uma grande Jaca! Mt bom!
Temos um vizinho que é um pouco doido… gosta de cantar mt alto a horas bem estranhas do dia e da noite e, de vez em quando, fala sozinho (mas muito alto), como se estivesse a falar com alguém. Tomei a liberdade de anotar algumas expressões do seu discurso:
Disse o Senhor, Libertai os Céus, Libertai os Infernos (…)
Gosto de mulheres bonitas. Apresentai aos príncipes sacerdotes! Aquela que não dançar e fizer maravilhas …
Lázaro foi muito amicíssimo de Lázaro. Disseram a Jesus, Lázaro está morto. Lázaro está a dormir. Não. Já está a cheirar.
O epistolo de São Tomé – paxenxa.
Não vale a pena brincar comigo, se sou pai e filho do Espírito Santo (…) Não pode comer, não pode beber. Mas disse o senhor: não pode matar, não pode bater. Os 10 mandamentos diz tudo. O Reino do Senhor é sagrado (…)
Eu faço tudo mas não mato inocentes.

Assustador…
18/12/10
De manhã estive a acabar de ver o filme, enquanto tomava o pequeno-almoço! Depois andei à procura do cágado, que gosta de ir para cada sítio esquisito! Chiça! Fui para o Café Companhia pois tinha de ir à net enquanto a Gina e Alex foram ao mercado. Apareceu o Celso, que me fez companhia! Aquilo estava vazio, mas a música estava boa! Apareceu depois o Humber e o Clemente e estivemos a falar com a Rita no msn! Fui almoçar com o Clemente à dona Paula, a senhora que faz uns búzios magníficos! Conversámos imenso! Com este amigo sei que posso sempre contar! Fomos para casa e estivemos a ver fotos dos últimos dias! Ao final da tarde fui trabalhar para o Omali Lodge Luxury Hotel. Hosting… Primeiro dia. Estava calmo pois estavam a realizar-se 20 casamentos! Estive mais a observar, conhecer os menus, falar com o director de comida e bebida e os empregados de mesa a ver como tudo funciona. Gostei muito do ambiente entre todos os trabalhadores! Às 23h um motoqueiro trouxe-me a casa. Estive a ler à espera do pessoal. Quem espera sempre alcança… Loucura total! Hehehehe.
17/12/10
Dia calmo. Ida ao mercado comprar sabrinas e tecido africano. Fui aos Correios, recebi a encomenda que mandaram de casa! Fiquei tão feliz! Mandaram-me 1 postal com 1 poema inédito da minha poetisa favorita, Sophia de Mello Breyner, que fala do mar… e algumas roupas!
Passamos o resto do dia em casa a descansar, ler, escrever. A Gina apareceu! Estive a preparar o jantar, omeleta à moda da terra com banana pontada frita! A minha mãe ligou-me a meio dos trabalhos e o Humber substituiu-me a fritar a banana! Falámos meia hora e a Jo também falou  É mt bom ouvir as vozes delas! Ficámos por casa, estive a ver um filme, Persepolis!
16/12/10
Acordei cedo com o Nicky a bater à porta, com ele veio um electricista para tratar do tanque. Mal o rapaz ligou a ficha, ficou logo a funcionar. Boas notícias. Fui soltar o novo membro da casa – o cágado que trouxe para casa – a Sangué bencur .. Vamos lá ver se ela cresce! Come capim, fruta e frutos… Para já ainda não come quase nada, deve-se estar a habituar ao ambiente. Eu quero levá-la de volta para um rio…
Saí para a cidade para tratar da minha vida, Banco, Registo, Lexonics, Serviço de Migração e Fronteiras, Finanças.. A nossa sorte foi ter encontrado o Vargas na rua, o que nos facilitou mt as coisas pois ele conhece mt gente. Ainda conversámos bastante e gosto das ideias dele, pelo menos tem-nas e não vai esperar para pô-las em prática. Almocei no Papa Figo, voltei ao Banco e fui até a uma tasca atrás da cadeia ter com a Edna que me acompanhou ao mercado às compras. Foi bom para pormos a conversa em dia! Depois ainda passei nos Correios e segui para a Praia Gamboa ter com as minhas amigas do quintal da Quila. Uma delas, a Ya ia embora para Portugal no mesmo voo da Rita e fui lá me despedir. Aproveitei e fiquei mais tempo pois a Yasmine tinha dito que me ia trançar o cabelo bem bonito. Como elas estavam cheias de clientes, acabou por ser a Ya e deu para conversarmos bastante sobre Portugal, condições de vida, trabalho. Tive direito a pipocas oferecidas pela pequena e sorridente Caren! Mais tarde chegou a Quila e também ela vai partir, mas para Angola. Que tristeza para quem fica! É um amor de pessoa!
À noite seria a despedida da Rita então queria levar um vinho para o jantar.. Não é que arranjei 1 Adega de Borba tinto numa tasquinha na Praia Gamboa?? Mt bom! Fui para casa numa Hiace rodeada de gente, esmagada entre muita gente! Como uma pessoa se adapta facilmente a tudo se tiver aberta para isso… Estivemos à espera dos rapazes e lá fomos para o Bairro do Hospital jantar à Fati que nos tinha preparado um peixe grelhado com fruta assada e banana frita. Ainda levei o salame de cacau e frutos secos com mel que tinha feito! Mais tarde fomos para o Companhia mas já chegámos tarde para ouvir o Haylton…Que pena! Estavam lá algumas pessoas conhecidas! Mesmo em frente ao lado da bomba de gasolina puseram um grande boneco de neve, mas sem ser de neve, óbvio! Fomos a correr tirar fotos! A festa continuou na disco de Oque-del-Rei e depois ainda no Bataclan! O Clemente só dizia “Hoje ninguém vai dormir” porque a Rita tinha check in às 4h30. A disco estava com pouca gente e pouco depois fechou e fomos a caminhar para casa. Não é que adormecemos todos?? Senti-me mesmo mal quando acordei e vi que já eram 6h da manhã! Entretanto já falámos na net mas aqui fica o pedido de desculpas, baixinha! Estamos com saudades!!!
15/12/10

Bom dia apesar de estarmos tds um pouco mal dos intestinos e estômago. Estamos em dieta, excluí o concon da minha dieta alimentar durante uns dias. Fomos tomar o pequeno-almoço à cidade e depois partimos para Neves para irmos para a Escola para uma pequena despedida. Apanhámos os habituais motoqueiros e fomos até à Esprainha para conhecermos a dependência e a Rita se despedir de uma amiga. Aquilo é mt pequenino mas bonito! Aquela viagem de mota… Estava com saudade de respirar aquele ar e observar todo aquele verde! Fomos para a Escola onde encontrámos os alunos todos fatigados porque tinham andado a trabalhar no campo. Estivemos a conversar com eles e a Teresa e tirar fotos para a posteridade J Ao almoço estivemos todos a conversar, foi animado! Estava a sentir falta das conversas com o Gustavo. É uma pessoa maravilhosa! Viemos logo no dia da esparguete com peixe fumado, o meu prato favorito feito pela Teresinha! Trouxemos da cidade um bolito de chocolate para terminar bem! Ainda bebi um chá bem amargo que a Teresa me preparou feito com folhas e raízes de 3 plantas diferentes que apanhou nas redondezas da escola – folha ponto, raízes de pega lato (…) para cuidar dos meus intestinos. Não sabia lá muito bem mas valeu a pena!
No final estivemos nas despedidas, a conversar e tirar mais fotos! Ainda deixámos alguns documentos que tínhamos feito, impressos e o que falta iremos entregar tudo numa pen.. Ainda fizemos bastantes coisas para melhorar o funcionamento da Escola.
Fomos embora com 1 casal de turistas franceses que tinham vindo conhecer a escola. Aproveitámos a boleia visto que iam para a cidade e ainda fomos passear, primeiro a Santa Catarina (parámos para beber 1 cerveja mas havia 1 confusão na rua para variar, andavam a atirar pedras uns aos outros), seguimos para Neves onde estivemos então a beber qualquer coisa e o casal a comer bananas. Aqueles dois são viciados em banana madura. O senhor disse-nos que comia uma grande quantidade delas por dia. Tive oportunidade de treinar o meu francês, misturando o inglês nas palavras que não me lembrava… O motorista conhecia-me do Pestana São Tomé e ele falava francês muito bem, por isso sempre nos deu uma ajudinha. O casal já esteve em Portugal duas vezes e conhecem muitos sítios, mais do que muitos portugueses…desde o interior norte ao interior sul, o que não é muito normal. Não conhecem o Algarve, o que é curioso! Estivemos a conversar bem animados, quem olhasse diria que eu e a Rita éramos filhas deles. Seguimos viagem e a paragem seguinte foi na Lagoa Azul para eles conhecerem. Apesar de o céu estar um pouco escuro, as cores da Lagoa estavam brutais..um azul forte, verde… Muito lindo! Estivemos a tirar fotos junto à Micondó (Embondeiro) e numa canoa com poses muito engraçadas todos juntos! Conversámos bastante sobre São Tomé e o estado do país e depois deixaram-nos no cruzamento de Oque-del-Rei. Foi um dia agradável!
14/12/10

Manhã passada em negócios, a primeira paragem foi na Tap. Deixei de ser cliente, uma espera de 1hora e meia para descobrirem (mais uma vez) o preço de alteração da data de 1voo. Parece impossível. Tive mais uma conversa para um potencial emprego numa agência de viagens local. Entretanto rumámos à Stp Airways e confirmámos o que nos tinham dito, uma viagem de ida e volta por 460 euros. Vamos em finais de Março, voltámos em inícios de Maio J Vai ser bom passar lá as férias da Páscoa e estar com toda gente! Saudades de casa invadem-me muitas vezes..mas é mesmo assim a vida! Fomos ao Café companhia para ir à net fazer transferência do dinheiro para pagamentos diversos. Escusado será dizer que levantar dinheiro em STP não é pêra fácil… Ir à net (a net é lenta, o site não abre, bah), fazer transferência, imprimir comprovativo (onde?? a estas horas tudo está fechado..), entregar no Banco (será que ainda está aberto?), esperar 1 dia ou mais para receber o dinheiro… Léve-léve. Ainda hoje um senhor francês, turista, me perguntava se eu achava que daqui a 10 anos são Tomé teria evoluído muito…ao que eu respondi…só daqui a 50 anos!!!l! O potencial é imenso mas falta vontade, empreendedorismo, criatividade, empenho!
Tinha combinado com a Rita irmos a Angolares pois ela não podia partir sem conhecer a Roça de São João e sem degustar os deliciosos pratos (gourmet) que lá são preparados. Conseguimos encontrar o local dos carros de Angolares, não sem antes termos de ouvir as habituais bocas de “branca”, “fofinha”, “psss” e “olha a dama do ………” . Este país é pequeno, sabe-se tudo e inventa-se ainda mais! Não é fácil viver assim… Arranjámos um táxi que nos levou às duas e trouxe tb, um pouco careiro mas a única maneira de conseguirmos voltar no próprio dia. Lá fomos nós à aventura pelas estradas esburacadas, por entre bananeiras, jaqueiras, micondós, fruteiras e muitas mais espécies maravilhosas de árvores, galinhas e porcos, crianças, senhoras lavadeiras e homens transportando lenha, dáuas e jacas ao som da Rádio nacional. Passámos pelas povoações, a Rita teve direito a muitas informações! Na Roça fomos muito bem atendidas e estivemos no terraço, onde servem as refeições, todo para nós. Estava delicioso….atum com banana pão assada, peixe frito com pasta de mandioca e molho de azeitonas, omeleta à moda da terra com mandioca alourada, maçã assada (entradas). Depois já de barrigas cheias fomos presenteadas com o prato principal – peixe andala grelhado com arroz de açafrão e ananás com beringela assada, feijão com óleo de palma e farinha de mandioca! Hummmm, que delícia. Sobremesa – doce de mamão verde com molho de maracujá! Não basta dizer que ficámos bem satisfeitas, cada novo alimento que provávamos trazia-nos novas sensações. Quase qualidade de macrobiótica, diria! Não esquecendo a magnífica vista que temos da Roça, as casas lá em baixo rodeadas de mamaoeiros, bananeiras e fruteiras e uma grande baía com o mar de um azul brilhante! De cortar a respiração! Ainda tivemos direito a fotografia com os cozinheiros e os pratos e a um passeio até à loja “roçamundo”. O ar que se respira lá fora é tão puro e esta Roça prima pela beleza pois tem relva. Não dá o ar de ruína que as outras roças têm, cá sentimo-nos parte da Natureza, sentimos a vida, sentimos o sangue a correr pelas veias fortalecido pelo ar puro e os raios de sol. Para recuperar forças, descansar, simplesmente para estar uns dias, aconselho totalmente! Ainda pedimos ao nosso taxista para tirar as típicas fotos ao lado do edifício principal e a pedido da Rita, com a bananeira-leque! Depois ainda tivemos direito a 1 rosa de porcelana cada uma e voltámos para a cidade. Andámos à procura de pastelarias para encomendar um bolo para levar para a Escola para a despedida. À noite ficámos por casa a passar fotos e músicas para a Rita que está de partida…
12/12/10

Domingo, dia santo também na ilha mágica. Tínhamos uma doente em casa - a Rita, mal dos intestinos. Estive a lavar calças de ganga à mão… (As voltas que o mundo dá…) Almoço na casa da Quila… A irmã dela fazia anos. Preparou-nos o habitual peixinho grelhado com fruta-pão assada e desta vez presenteou-nos com calulu. “Mais qui delicia” – como diz o Apolo. A Quila estava acordada desde as 4horas da manhã para preparar tudo. Tinha preparado uma mesinha à parte para nós os 4. Estava tudo delicioso, bebemos o típico Terra Mãe bem fresquinho. Apareceram 2 amigos do Humber e do Apolo que ficaram lá a comer connosco. Estivemos a brincar com as crianças, em especial a pequena Caren que eu tanto gosto. Estive também a dançar um pouquito com algumas das meninas. Combinei com a Yasmin ir lá trançar o cabelo na 5ª. O pessoal queria bazar, lá fomos ao Bairro do Hospital e aproveitámos para ir mesmo ao hospital onde a Rita se encontrava com o Clemente a fazer o teste do paludismo. Entretanto a Rita precisava de comer alguma coisa e liguei à Gina a perguntar se ela tinha feito alguma coisa. Ela tinha massa com peixe. Fomos primeiro à Edna e ela tinha arroz com galinha, o que a Rita preferia, por isso dirigimo-nos a casa da Edna primeiro, depois de sabermos que o teste tinha dado negativo. Estivemos lá no bem bom com ela, o massa bruta, o pequeno Yuri, Carlos e o Gabi. Também estivemos com a Santinha e o Onofre. Comeu-se, bebeu-se, dançou-se, conversou-se – uma maravilha! Seguimos para a casa da Gina e comemos a massa que ela fez. Estivemos um bocadinho na conversa com as meninas do quintal e, como foguetões, partimos para outras andanças…desta vez era a Africana. Confusão com o transporte para lá, fomos todos separados. Quando cheguei já a Alex e Apolo estavam lá dentro, o Clemente e Rita tinham ido a casa… O que aconteceu? Embirraram porque eu estava de havaianas e, ao contrário da Alex que estava com elas tapadas pela saia comprida, as minhas viam-se bem e nem o meu amiguinho segurança me deixou entrar, argumentando que eram as regras da casa… Fiquei fula, se não fosse esse rapaz a emprestar a mota dele para o Humber me levar a casa para trocar, eu tinha ido embora. Valeu a pena pelo passeio de mota, já tinha saudades de andar com ele! Na Africana estava tudo bastante calmo com pouca gente. Não dançámos muito nem ficámos lá muito tempo. A vontade de dançar, pelo que nos pareceu, era pouca com alguma pena nossa. Fomos ao Boca Loca apanhar boleia. Ainda fiz um bom bocado do caminho a pé e quando cheguei a casa vi que não tínhamos água. De novo. É irritante. Uma coisa é não ter água nunca e estar preparada fisicamente e psicologicamente para viver assim, outra coisa bem diferente é a qualquer altura do dia o motor deixa de funcionar. Por muitos electricistas que venham ver o que se passa, acontece sempre o mesmo… Bahhh. Mais uma noite de sono, o cansaço era tanto depois de este dia de festa.
10/12/10
O dia começou cedo cheio de coisas para fazer apesar de a nossa vontade ser ficar em casa a descansar da noite anterior. Pequeno-almoço no Passante para acordar. Encontrámos o Pinguim que já não víamos há muito tempo. Depois fomos conhecer a Fundação da Mãe São-tomense, contacto dado pelo sr. Adilson. Ficaram com os nossos contactos para futuras necessidades, o que já é bom. De seguida fomos para o centro fazer compras no mercado Novo e no Velho também. Planeávamos 1 jantar surpresa lá em casa, não podia faltar nada. Ao chegar a casa recebi um telefonema do Omali Lodge a avisarem-me que tinham gostado mt do meu C.V. e que iria ter uma entrevista com a directora na próxima segunda-feira. Fiquei bem contente.
Almoçámos por casa e ficámos a fazer uma sesta e descansar. Ao final da tarde após uma longa espera, lá chegaram os rapazes e fomos todos jantar concon com fruta-pão à nossa vizinha Claudina. O ambiente estava calmo e silencioso, a noite estava estrelada e bonita, mas prevíamos alguns problemas por causa da grande cusquice que existe neste pequeno país. Como sempre a nossa mesa estava recheada de mosquitos. Fomos a casa pousar as mochilas e, após umas conversas de esclarecimentos, saímos para a Festa da Nossa Senhora da Conceição. Estavam a tocar os “Sangazuza”, havia algumas pessoas dançando de modo estranho, pipocas e búzio de abuso, alguma confusão mas o ambiente não estava mau de todo, apesar de a música ser um pouco repetitiva. Estivemos a conviver, conversar, dançar um pouco enquanto uns amigos do Apólo nos apresentavam umas bitolas (para além de serem Nacional estavam quentes) Mas nunca se diz não a uma oferta…ou sim! Encontrámos algumas pessoas conhecidas mas depois fomos embora, não antes de a Alex, o Apolo e eu comermos umas espetadas de búzio do mar bem saborosas e de o Humber e a Rita desaparecerem na multidão (engolidos) por causa de 1 briga entre homem e mulher – a mulher estava no chão a levar porrada do gajo… Fomos para casa e ainda estivemos a ouvir uns videoclips que 1 vizinho nos tinha arranjado enquanto esperávamos o mister Clemente.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

07/12/2010
É dia de ir para a escola. Não sei bem porque insistimos em fazer sistematicamente a viagem para depois pouco ou nada fazer. Todos os planos foram por água abaixo. Já não dá vontade de lutar para ajudar estas pessoas que não querem ser ajudadas. Quanto menos têm, menos querem ter. É esta a sensação que me dá. Marcamos uma formação para se fazerem compotas e vender-se aos turistas e ninguém apareceu! É díficil trabalhar com este povo.
A mentalidade destes jovens assusta-me, parecem uns “velhos” na maneira de pensar. E ainda assim, existem muitos “velhos” mais à frente do que eles. Não sei se me estou a fazer entender. Tenho medo que este país e estas mentalidades nunca vão mudar. Com 14 anos, ainda acham que as mulheres não têm os mesmo direitos que os homens, que a mulher é feita para estar em casa a fazer trabalhos domésticos e que se ela não o fizer deve-se reeducar dando lhe porrada. Fiquei bem desanimada com este tipo de conversa.
Outra coisa que me chateou imenso foi a direcção da escola ter decidido que a escola não iria fechar durante as festas, obrigando os alunos a passar cá as festas no caso de aparecerem turistas. Os alunos nada disseram contra isso, aceitando assim a decisão tomada. Nem sequer sabem reivindicar os seus direitos como alunos. Que falta de coragem!
Nada podemos fazer relativamente a isso! Que dia!
A.
6/12/10

Depois das típicas despedidas da segunda de manhã fomos para a cidade tratar da nossa vida! Banco, Embaixada, Serviço de Migração e Fronteiras, escritório da TAP. Quanto à prorrogação do visto, tudo normal e fácil. O pior é mudar a data da partida. Deram-nos um preço igual ao da viagem de ida e volta! Só pode ser engano ! Ficámos de ir à internet verificar esses números! Depois fomos ao Mercado e a Alex finalmente comprou as tão veneradas e esperadas All Star pretas! Eu segui para o Miramar para ir buscar uns documentos ao Helton e depois fui fazer compras ao Ossobô para mandar pelo Natal para casa, a Sofia e a Yuliya! Em casa estive a tratar das cartas, dos postais e da caixa para mandar tudo! Entretanto chegou a Gina e fomos as três almoçar ao sítio do búzio perto da Africana na cidade! Queríamos fruta e búzio! Estava delicioso! Voltámos para casa para as limpezas! A água tinha vindo e tínhamos que pôr a casa a brilhar pois estava completamente imunda! Dividimos as tarefas, pusemos uma musiquinha e mãos à obra! Ao final da tarde apareceu o Ronaldo! Fomos jantar fruta com concon lá na rua principal da nossa zona! Tivemos de apanhar com dois rapazes que costumam vender artesanato no Miramar que são bem chatos! À noite vimos um pouco de tv, acabando por adormecer no sofá!
5/12/2010
Depois de uma noitada de caipirinhas a malta deixou-se ficar na cama. Não fosse o Humber lembrar-se de começar aos berros pela casa e dizer que queria toda a malta a circular pela casa. Assim fizemos. Levantamo-nos. Vestimo-nos. Circulamos. Sem água ainda fomos a um dos depósitos onde caia água da chuva para, pelo menos, lavarmos a loiça que estava suja. Aquela cozinha nem parecia cozinha. Bah… assim que acabamos algumas arrumações em casa e quando a fome começou a apertar decidimos ir para a cidade almoçar qualquer coisa. Já na estrada, conseguimos uma boleia de um português que já cá está há 3 anos, trabalha na construção civil como fiscal e é de Ermesinde. Por isso, levamos logo com aquele sotaque espectacular e inconfundível. Deixou-nos junto à africana, supostamente íamos a uma Sra. que faz dos melhores búzios que já comi. Infelizmente ela não tinha nada preparado porque tinha estado a chover a manhã toda. Então partimos a “pejeiro” para o Parque Popular. Nós, miúdas ainda conseguimos umas boas boleias enquanto eles tiveram que ir a pé. Eh eh…quando chegamos ao parque, fomos para o B24 pedir já comida para todos. Enquanto esperávamos que eles chegassem, apeteceu-nos um petisco. Então assim foi a conversa da Maggie com o empregado que era um tóto.
Ela: tem algum petisco?
Ele: sim temos búzio e B24.
(Maggie faz cara de surpreendida)
Ela: B24? Isso é o quê?
Ele: é búzio.
Ela: Mas é búzio do mar ou da terra?
Ele ficou a olhar.
Ela: pode trazer búzio então.
4 de Dezembro de 2010

Acordámos cedo pois havia muita coisa a tratar. A Alex foi até ao Banco e eu tinha uma reunião de proposta de emprego às 9h no Café Avenida. Com antecedência fui avisada de que afinal já não seria neste dia porque esta empresa está a construir um pequeno resort em Porto Alegre e o senhor teve de ir lá em serviço! Fiquei por casa, ligámos a tv e estava a dar o Ratatouille. É o “boneco” (desenho animado) preferido do Humber! Eu nunca tinha visto e rimo-nos muito. Gostei bastante!
Almocei com a Alex os restos da fuba com molho de peixe salgado que o Ronaldo tinha feito na noite anterior. Soube bem! O que nos chateou foi não termos água limpa para lavar a loiça! A Gina apareceu e esteve a ver a “Escola de Rock” com a Alex enquanto eu fui dormir a sesta. De noite dormi pessimamente pois ouve-se tudo lá de fora. Alguém fala na rua e parece que está lá dentro connosco! Ainda por cima por volta das 2h da manhã ainda havia uma festa de igreja (devia ser da Maná). Queria dormir e só ouvia “meu Jesussssss”. Este povo é tão religioso que às vezes irrita!
A Gina tinha de ir para a catequese e elas foram me acordar, mas eu ainda estava ensonada e não me levantei logo. A Alex disse que ia apanhar água e levar a Gina à estrada. Ainda gritei a dizer que ia com ela mas nenhuma delas me ouviu! Pego num balde e saí de casa, chego à fonte e reparo que esta está seca e nem um sinal da Alex! Uma alma caridosa – Sr. Adilson – chama-me e oferece-se para me encher o balde na casa dele e ainda me comprou duas garrafas de água mineral. Ficámos a falar da minha estadia cá, o que estou a fazer, voluntariado, turismo, emprego. A conversa fluiu facilmente. Ele esteve em Portugal a formar-se. Lembrei-me que a porta de casa estava encostada porque a Alex tinha levado as chaves. Levei o balde com algumas dificuldades, molhando-me um pouco. Pousei o balde em casa e fui buscar dinheiro para voltar lá e retribuir ao senhor, pagando-lhe 1 bebida. Antes disso lembro-me de passar na casa do Ronaldo para o cumprimentar. No caminho 2 rapazes chamam por mim várias vezes “psss” e “branquinha” mas sempre a insistirem e eu sem olhar para trás! Seguem-me até à entrada da rua do Ronaldo e a irmã dele e os cunhados ao verem que eles estavam a ser atrevidos começaram a dar-lhes um sermão! Saímos os 2 e eu fui ter com o senhor Adilson, enquanto o Ronaldo ia lá a casa ver se ninguém entrava. O senhor convidou-me para a casa dele e estivemos a falar. Tem 1 associação de voluntariado, de apoio às mães saotomenses e ainda é responsável por mandar os jovens para a formação em Portugal. Entretanto a Alex entrou de rompante no quintal dele à minha procura porque a mãe do Ronaldo tinha ido lá a casa dizer que eu tinha sido atacada! Eu estava bem! Alguém tinha feito uma grande confusão!! Depois de o Ronaldo ligar todo preocupado e de terminadas as conversas fomos as 2 para casa e entretanto apareceu o Humber. Estivemos a ver o telejornal e ainda tirámos uma pequena sesta. Estávamos à espera do Apolo para ir jantar ao Bairro do Hospital, à Fati. Ele apareceu tarde já todo animado e lá fomos 3 numa mota! Já tinha saudades do peixe rainha! Reencontrámos as nossas amigas – Elsa, Jessica, Fati, Suzy, Mana, Xum, Crimilda e tb o Edson, Wilson, o boquito da Elsa e o massa-bruta da Edna! Era noite de caipirinhas no Sobe-Só pelo que não poderíamos deixar de ir! Cada copo 10.000 dobras! O marido da Edna fartou-se de nos pagar bebidas, estava bem disposto! Dançámos muito e depois fomos “descansar” um pouco para o quintal das meninas! Sentámo-nos a conversar e depois a Rita apareceu com o Clemente! Ainda estive com a Yuci às costas e depois fomos para casa com o Clemente que tinha vindo de mota! Foi uma noite um pouco atribulada mas no fim tudo ficou bem…

PARADISE

03 dezembro

Acordamos bem cedinho e super animadas pois o tempo estava relativamente bom para irmos ao ilhéu, rever o tão desejado paraíso. Às 6h30 já estavam à porta os motoqueiros para nos levar à cidade. Partimos rumo ao passante para tomar um pequeno-almoço e aí apanharmos a carrinha que nos ia levar ao ilhéu das rolas. Às 7h30 acabam de chegar os clientes vindos do aeroporto pelo que saímos com um pouco de atraso pois ainda tinham de ir buscar o pessoal. Encontramo-nos com o Miranda, instrutor de mergulho, com o qual estivemos na conversa enquanto aguardávamos. Também estivemos com o Bibiano que parece andar a fugir de nós por não nos querer dar as nossas roupas que ficaram com ele para serem arranjadas, isto antes de irmos a Portugal pela primeira vez. Pensamos que as vendeu já que num dia elas estão na cidade e no outro a seguir já estão no ilhéu.
7h50 – Partida para o Ilhéu. Estava imenso pessoal na carrinha e novidades de outros que tinham sido despedidos mas que iam regressar. A nossa felicidade era imensa, voltar a estar no paraíso de São Tomé onde tantas pessoas nos marcaram e ficaram nossas amigas. A viagem fez se super bem, estávamos ansiosas por chegar. Ouvimos um som africano, a rádio nacional onde o locutor insiste em dar o bom dia a todas as regiões que existem na ilha, dançámos, rimos, conversámos, relembramos os sítios por onde passamos. Enfim, era uma alegria. Rever aquele percurso independentemente do mau estado da estrada, não apanhamos cheia em Caué mas sim em Monte Mário, que não nos impediu a passagem imediata. Chegamos a ponta baleia, onde íamos apanhar o barco e já aí encontramos conhecidos nossos. O comandante do barco era o nosso querido Pedro com os seus famosos óculos que tapam os seus lindos olhos. Eh eh…a viagem de barco foi mágica, ver aquela forma tão característica (segundo a Maggie parece um crocodilo), ver Porto alegre, as praias, o cais a afastar, as ondas, o resort, a ponte do ilhéu, os barcos atracados…huum…o céu estava bem escuro, parecia ameaçar uma chuvada… antes de chegarmos ao cais escondemo-nos na cabine do comandante porque não tínhamos avisado ninguém que lá íamos. A surpresa foi boa. Fomos recebidas com sorrisos, abraços e beijinhos. Mas ficamos aflitas quando percebemos que as águas de côco estavam a fugir de nós sem que tivéssemos a hipótese de as agarrar. Fizemos logo uma reclamação na recepção que foi logo atendida. No inicio andávamos meio perdidas mas sabíamos que a primeira paragem tinha que ser a praia café. Lá fomos, sozinhas mas contentes, rever aquele caminho, as paisagens, os porcos à solta, as pirogas… a praia estava na mesma: linda, apelativa, paradisíaca, as cores do mar, o contraste do céu escuro com a claridade da água…tudo o que se esperava. Mergulhos. Passeio pelo areal, pedras. Paragem na toalha. Mosquitos. Caranguejos. Visita dos porcos. Carroceiros. Exercício. Tudo isto até chegar a hora de almoço. No caminho cruzamo-nos com os nossos piquenos, um cadinho tarde para os acompanharem à praia. 13h30: almoço buffet no tartaruga que tinha saladas variadas, polvo frito, fruta-pão, arroz, salame e frutas como sobremesas. Nada de especial, não fosse a vista bem bonita. Após o almoço andamos de um lado para o outro e acabamos a tarde na aldeia onde se encontrava um grupo de funcionários a beber nacionais e a comer calulu na Cristina. Era o dia da festa da santa por isso o famoso calulu. O convívio foi agradável. Ainda conheci alguma família do Apolo que parece ainda mais numerosa. Credoé! Quando se aproximou a hora do barco, as mulheres da aldeia puseram-se em frente à igreja a cantar/dançar o típico bulawé. Aproveitei para tomar um banho no centro de mergulho com receio de que não houvesse água em casa. E não houve. Despedimo-nos com um até já e todos já perguntavam quando regressaríamos. Não sabemos! Ninguém sabe! A viagem para a cidade foi calminha. Encontramos a Gina na padaria, ainda estivemos um cadinho na conversa com ela e depois fomos para casa, já que o jantar estava quase pronto para ser devorado. O Ronaldo e a Rita tinham preparado molho de peixe salgado com legumes acompanhado de fuba. Estava delicioso. Depois do jantar viu-se tv mas logo fomos para a cama descansar.
A.
2/12/10
Acordei várias vezes a meio da noite. Alguém tossiu muito como se fosse asfixiar! O Codezinho! O Gustavo mandou-o para casa! O pequeno-almoço foi frio, para variar nos últimos dias o ambiente tá um pouco chocho! Não sabemos bem porquê!
Ficámos a saber que os rapazes vão passar a manhã na Agricultura, então mais um dia sem aulas! Começa a tornar-se recorrente… É um pouco chato porque se a energia se vai ou vamos para a comunidade ou vamos passear e assim já torna-se um pouco aborrecido esta “Boa vida”. Como diz o Eliseu, na nossa testa está escrito “boa vida”..
Estivemos nas limpezas dos quartos e casa de banho… Depois dei aula de informática à Ana, da comunidade. Mais tarde ficámos pela internet, veio o Eliseu com 1 casal de turistas que contribuíram monetariamente para o funcionamento da escola! Fomos até à comunidade acertar as coisas para a formação de confecção de compotas que se vai realizar na 3ª feira. Temos 2 rapazes muito interessados, que já fazem e vendem mas queremos ajudá-los a vender mais e a ter mais qualidade, tanto no produto como na apresentação e decoração do rótulo.
Finalmente ao almoço provámos “uma boa Cachupa” !!! Hehee.
À tarde, demos explicação aos miúdos do 6º ano e veio um grupo de meninas de 12 anos ensaiar para formar 1 grupo de dança. O objectivo será quando vierem turistas que elas venham dançar! A Telé esteve-me a trançar o cabelo J à entrada da escola oficial, estava cheio de miúdos à minha volta a mexerem-me nas rastas, todos surpreendidos com o cabelo que “não desmancha”.
O Eugénio (taxista doido) veio-nos buscar à escola muito antes do combinado e estava a stressar por não estarmos prontas e ainda por cima tivemos de ir lá atrás! A viagem foi sempre com o pé no acelerador, chegámos à cidade em pouco mais de meia hora! Fomos lanchar à padaria onde encontrámos a D. Ana que estava de muito bom humor. Rimo-nos tanto! Convidou-nos para ir passar o próximo domingo na casa dela na Trindade, vai-nos fazer os pratos típicos da ilha. Fomos às compras e depois casa! Descobrimos que ainda não tínhamos água! Ficámos furiosas pois tínhamos avisado o Nicky na segunda-feira. Contactámo-lo, pelos vistos tínhamos um problema no motor para além do tanque estar quase vazio. Entrou em contacto com a empresa que enche o tanque e fomos informados que só na segunda-feira iríamos ter água canalizada! Que má notícia! Saímos para ir jantar à Nira, ali bem perto de casa, um peixe com arroz! Depois uma nossa vizinha muito querida encheu-nos 1 garrafão com água! Fomos deitar com bons pensamentos pois no dia seguinte íamos ao Ilhéu!!

1/12/10

Things do not change, we change!

30/11/10

O sol nasceu, léve léve
Ouvindo o canto do pássaro anunciando o novo dia,
Tluqui Sun deçu.
Há energia
Ouvem-se as vozes das crianças e
da cozinha surgem sons de alegria.
Há actividade na Roça
Há vida!
Estou sentada à sombra
não vejo o sol…
Inerte num sono profundo
Passo meu dia
Fugindo da consciência do ser.
Ouço apenas o Ossobô
Anunciando a Chuva!

29/11/10

28/11/10
Finalmente hoje aproveitámos o dia e saímos de casa!
Logo de manhã ia haver uma corrida entre 2 alunos mas nenhum apareceu… Estavamos perto da Igreja Maná então fomos lá dentro ver como era missa! HEheeh, é que lá em casa ouve-se sempre a música que vem de lá. E um sítio ao ar livre com 1 palco. O cómico é que o início da sessão foi dado por uma senhora a falar num video gravado, tudo na televisão! Depois fartamo-nos do discurso e bazámos! Ainda conseguimos ganhar 1 cd, um dos “assistentes” (estava cheio deles espalhados pela sala) vai-nos gravar 1 com as músicas e dar-nos!
Em casa estivemos a ajudar a Gina no Inglês. É exactamente como os míudos da escola, entra por um ouvido e sai pelo outro!! Dizes uma vez, não é suficiente. Tens de repetir e repetir e repetir. Palavras tão simples : what,when,where,why,how,who. Não imaginam o tempo que ela teve para aprender o significado… A Alex esteve com ela mais de meia hora. Não conseguiu, teve de ir fumar 1 cigarro. La fui eu tentar. Fiquei 1 hora para ela conseguir dizer tudo direito. Parecia o quartel militar. Tive de ser mesmo má! Mas la conseguiu. O que eu suspeito é que se perguntar hoje já não consegue direito! Isso é mesmo triste! Depois os rapazes estavam a beira e só se riam.. Então reparei que escrito ela conseguia melhor… Melhor memória visual que auditivo, o que não é mt normal aqui porque a língua é oral e so há pouco tempo é que veio a televisão e não está habituada a ler livros nem revistas…
Depois os rapazes tinham 1 festa na praia Micolo e iam para a casa do Humber e não nos convidaram então nós fomos as 4 para a festa na Praia Gambôa. Foi mt fixe! Arranjamos 1 sítio para comer mesmo em frente ao local onde estavam a pôr musica e onde havia td a animação. Comemos uma óptima fruta-pao assada com peixe! Bebemos 2 garrafas de vinho (só eu e Alex). Depois fomos dançar com as cozinheiras (de chorar a rir). Dancei mt com uma, dizia que eu dançava como saotomense! Heehe. Depois houve danças tradicionais, Puíta!! Mt bom! Depois uma banda “A banda da ilha” tivemos a dançar com as crianças! Adoraram-nos! Depois fui com a Gina andar um pouco e conversar e as crianças foram sempre atrás de mim, dando-me a mão!!! Foi lindo! Encontrámos uma senhora que estava com os filhos e 1 bebe de 2 meses. Perguntou se eu queria a bebe dela. Peguei nela ao colo e depois ela tinha pano, então andei com ela às costas J gosto tanto!! Depois elas estavam preocupadas e lá fomos. O meu motoqueiro de Oque-del.rey estava lá à minha espera! Fomos indo para a nossa zona, onde havia música a tocar num mini-estádio! Estivemos lá mas depois os rapazes começaram a ligar (já estavam à porta de casa e nós ainda não tínhamos chegado). A Alex foi a correr para casa com a Rita mas eu fiquei com a Gina. Depois lá fomos para casa. Em casa estivemos a fazer o jantar, esparguete a santomense, com peixe fumado! Mas depois a família ligou para mim e interrompi os cozinhados! Foi tão bom ouvir as vozes delas!! Estava com muita saudade! Comemos e fomos para a Africana, a discoteca! Foi fixe! Não dançámos demais mas tb não dançámos pouco. Uma coisa cómica é que não se pode estar na pista com uma bebida na mão, dizem que o piso vai ficar escorregadio... Vem logo o segurança mandar-te sair da pista! Lol. Cada um pagou 1 rodada e depois no fim fomos todos para o bar porque estava lá 1 amigo nosso, o Elton, com a namorada angolana. Foi nos buscar para a conhecermos. É jurista, Joana, tirou o curso em Portugal mas trabalha em Luanda! Simpática! Depois ainda apareceu um amigo nosso, o Black Beleza! Depois de algum tempo, (a pista já estava vazia), pára a música e ligam as luzes – às 1h30 da manha! Estão nos a expulsar! LOL. Ainda fomos a pé até ao Boca Loca, 1 café/bar/rest, tasca! Conhecemos 1 casal de saotomenses que vivem em Portugal, Lisboa! Estavam com os copos, falamos 1 pouco! Depois estive a treinar andar com a cerveja na cabeça!!! Já consigo dançar e tudo!! Depois fomos para casa de mota! Uma mota para cada casal!! Ou seja 3 em 1! Não houve nenhum perigo porque aquela hora tudo esta deserto! Em casa atacamos a panela da massa! Eu não devia ter comido!! Ainda fomos para a varanda dançar ao som da musica no telemóvel da Alex”! Muito bom! De noite passei mal com dores de barriga, a massa (mt mt picante) fez-me mal! Mas fiquei logo bem pois tinha 1 agua das pedras! O pior foi que ficámos sem água!!
27/11/2010
Hoje preguiçamos na cama. Tinha estado a chover um bom bocado. Tomamos um pequeno-almoço quando recebemos a visita de um dos nossos alunos, Mingo. Estava cheio de vergonha e com receio de entrar mas lá conseguimos depois de tanta insistência. Ainda estivemos um pouco na conversa com ele e depois pusemo-nos a ver uns vídeos de apanhados e outros no computador do Apolo. De rir! Passamos a manhã por casa sem sabermos bem o que fazer pois o tempo não ajudava em nada. Por volta das 14h00 deu-nos a fome e corremos rua acima e rua abaixo à procura de um sítio para almoçar. Acabamos por ir a uma tasquinha (se formos a ver a maioria são tasquinhas). Quiseram ir para a parte de trás que era tudo menos agradável. Estava escura, tinha apenas duas mesas e bancos não havia. Pedimos peixe com arroz pintado (fica mais solto e tem arroz) e banana cozida. Assim que os meninos perceberam que estava a dar um jogo de futebol quiseram ir para a parte da frente. Lá nos mudamos. Bem mais agradável. Pena termos que levar com um jogo de futebol. Conhecemos um menino que se chama Joel, muito mal vestido (todo roto e sujo). As mães não têm cuidado nenhum com os filhos. Assim que acabou o jogo, tentámos convencê-los a ir até a praia mas nada feito. Queixaram-se do tempo e da hora! Bah! Fomos para casa e por lá ficamos. Estava planeado sair à noite mas a chuva e o Sporting-porto prenderam-nos em casa. Choveu mesmo muito na nossa zona. Uma seca. A Gina apareceu com comidinha e depois do jantar ainda jogamos uma cartada. Perderam as miúdas! Desconcentração total! O melhor mesmo era ir para a cama. E fomos!
A.
26/11/10
Acordámos às 6 horas da manhã com uma forte chuvada e pensámos como sempre que iria passar. Tínhamos planeado ir passar o dia ao Ilhéu das Rolas! Estávamos tão entusiasmadas, cheias de saudades daquele paraíso! Por volta das 7h já estávamos a sair com os nossos motoqueiros, que tiveram a gentileza de nos vir buscar a casa, mas a chuva ainda não tinha parado e não era pouca! Chegadas ao Passante informam-nos que o avião não aterrou em São Tomé por causa da trovoada e foi de emergência para o Gabão, portanto a carrinha só iria partir mais tarde quando este viesse! Ficámos furiosas!! É preciso tanto azar logo neste dia?! Ficámos no Passante um bom par de horas à espera e nada! Ainda planeámos ir à Roça São João em Angolares mas saiu tudo ao contrário! A Alex queria ir visitar a prima do Apolo que tinha tido uma bebe há dias e lá fomos! É engraçado como os bebés nascem claros e só depois é que vão adquirindo o tom negro com que vão ficar. Já se notava nas orelhas, no cimo da testa e na ponta dos dedos antes das unhas! Fomos almoçar ao Sabor da Ilha o famoso polvo e choco com banana frita que tanto gostámos! Ainda ficámos bastante tempo as 2 na conversa, soube bem. Bazámos para casa, chateadas com o azar que tivéramos mas já um pouco resignadas. Chegadas a casa, esta estava cheia de gente, pois a Rita tinha lá ficado! É a casa do povo como costumámos dizer! Ronaldo a cozinhar fruta-pão e peixe grelhado (pelos vistos tinha apanhado a fruta-pão da nossa árvore :), Gina no tanque, Clemente no sofá e Rita a supervisionar! Ficámos por casa…esta foi esvaziando até chegar a noite!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

25/11/2010
O dia começou com normalidade na escola. Continuamos a comer pão com pão ao pequeno-almoço que não é nada agradável. Mais um dia em que as aulas não aconteceram até porque houve uma aula diferente esta manhã: de pintura. A sala onde eles fazem artesanato tinha uma parede toda branca e quiseram dar-lhe uma vida nova. Não sei se foi boa ideia. Para a aula convidaram um dos artistas mais influentes da ilha: o René. Este só apareceu as 10h30. Começou por dizer aos alunos para desenharem qualquer coisa na parte inferior da parede. Péssima ideia. A maioria pôs-se a desenhar flores e ele acabou por apagar tudo. Então pediu apenas para eles fazerem umas linhas. Ele começou por desenhar um homem. A aula foi decorrendo e nós continuamos a planear a actividade, estivemos também em reunião com a Nora que nos pediu para começarmos a alterar o plano da nossa semana. Há coisas que realmente não se percebem. Assistimos um pouco à aula de pintura enquanto aguardávamos ansiosamente pelo almoço que tardava a ser servido. Acho que foi o pior dia. A fome era demais e ninguém parecia querer saber. Só faltava mesmo chorar de desespero para aliviar a dor estomacal que sentíamos. Lá a Nora percebeu que estávamos aflitas e deu autorização para avançarmos. É muito maué termos que aguardar por uma simples autorização. O almoço foi servido para nós as duas e lá fomos comendo. Entretanto aparecem todos para almoçar. Sentíamo-nos um pouco ml mas ninguém merece sofrer por ter fome. Terminado o primeiro prato só pensávamos que gostaríamos de um segundo mas a Teresa não atendeu ao nosso pedido. Às 14h00 apareceram as crianças de escola e começou mais uma sessão de explicação. Não correu muito bem. A falta de concentração e a vontade de brincar é notável nestas crianças. Ainda mandei alguns deles para a rua. Passado uma hora, como não chegava o nosso transporte chamamos as nossas motas para não corrermos o risco de não apanhar carro para a cidade. Mas até tivemos sorte porque a Nora deu-nos uma boleiazita. Parámos na cidade, fomos comer qualquer coisa à cidade e voltamos para casa. Chegamos a casa, tomamos um banho, arrumamos as coisas, vimos as alterações da senhora da limpeza, demos um dedo de conversa e preparamo-nos para irmos jantar concon com fruta na nossa aldeia. Estava bem saboroso. Ainda encontramos um amigo nosso que falou 30 segundos. Eh eh… fomos para casa cedo porque queríamos preparar as cenas para a ida ao ilhéu, com a qual sonhávamos.
A.
24/11/10
Hoje o despertar foi às 6h da manhã. Mais uma manhã sem aulas pois os alunos tiveram de ir capinar o jardim da entrada da escola. A nossa sorte é que a energia veio de manhã e não se foi embora uma única vez durante o dia! Tínhamos 2 clientes que por volta das 9h foram fazer 1 visita guiada pelo percurso de Santa Clotilde com o Wander. Nós fartámo-nos de trabalhar, fizemos documentos para controlar a entrada e saída dos produtos da cozinha (armazém), documentos para fazer reservas, o cartão de registo do cliente, Bin cards para controlo das bebidas, controlo de encomendas, lista de compras. Ainda terminámos a Caça ao Tesouro, fizemos as regras do jogo e o sistema de pontuações e enviámos tudo para a Nora. Tudo feito ao ritmo de uma musiquinha porreira!!
Eram 11h e já estávamos todos com fome, estava a passar de uns para os outros! A surpresa do dia foi saber que o almoço não seria Rancho (arroz com feijão) mas sim Fuba com molho de peixe salgado. Ficámos radiantes e achámos que foi obra do Gustavo ao qual nos tínhamos queixado do excesso de feijão. Depois do almoço estávamos à espera da visita de um amigo que afinal disse que perdeu o transporte! Tanga só!! Continuámos o trabalho, ainda estive a mostrar ao Neves como se pesquisava Receitas na internet. Depois já não aguentava mais estar no computador e fui la para fora! O Gustavo tinha dito que iam montar o campo de volei para jogarmos, mas afinal estavam a jogar futebol. Pedi para jogar e fui calçar as sapatilhas, já não cjogava desde Junho em São Tomé… Estava com saudades. Eles jogam bem e, surpreendentemente, passaram-me muitas vezes a bola, jogando como se eu fosse um rapaz. A minha equipa ganhou o que deixou alguns dos meninos (machistas) bem enfurecidos!! Heeehe.
O jantar foi agitado porque o Gustavo não estava e eles discutiram mt! No fim um pouco de convívio no corredor e combinámos a corrida que vai haver entre dois alunos que moram na nossa zona. O que perder vai oferecer almoço na sua casa! Vai ser de rir e já no domingo! 19h30 fomos para a cama, um pouco de leitura mas logo o sono chegou!!
23/11/2010
O dia estava chuvoso, parecia mesmo um dia de Outono em Portugal. As aulas começaram as 8h00. Tivemos aula de informática onde fizemos um cartaz promocional. Digamos que não correu muito bem. Eles esquecem rapidamente o que aprendem. Ainda tive que ralhar com um deles que estava a gozar com outro e quando foi para a frente do pc não fez nada. No final da manhã recebemos a visita do embaixador com uma das responsáveis por este projecto. Ela gostou de saber a formação que estamos a dar aos alunos. Visitaram a escola e ainda petiscaram omeleta com pão. E nós, já estávamos a morrer de fome. Eram 14h00 quando começamos a almoçar o típico esparguete. Esta semana ainda não houve arroz com feijão. Depois do almoço estivemos a conversar com a Nora a propósito do peddy paper. Depois também os alunos estiveram reunidos com ela para resolverem o problema do fim-de-semana. Sim porque há uma actividade mas os alunos recusaram ficar na escola não explicando o porquê deles. Parece que têm medo de falar das coisas com ela. Nós ficamos pela escola sem fazer nada de especial. Recebemos dois clientes mas não eram tão faladores como outros que aqui tivemos que até fizeram truques de magia. Chegada a hora do jantar, os clientes anteciparam-se jantando juntamente connosco. Depois fomos até à net para aproveitar a energia já que tínhamos clientes. Fomos dormir apenas as 22h00. Foi a loucura. Detesto quando o Gustavo desliga o gerador sem avisar ninguém.
A.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

As riquezas das ilhas mágicas


Côco, Mandioca, Cajamanga, Manga, Maracujá, Cacau e Fruta-pão
22/11/10
Acordámos com muita muita chuva!! Manhã passada em casa em limpezas e conversas! Ainda estivemos a petiscar o grão mas depois saímos para a cidade à hora de almoço para ir comer á Jamila mesmo em frente ao Centro Cultural Português! Mesmo telefonando a reservar, esperámos mais de meia hora! Atum com banana frita e salada! Fomos até ao Café Companhia onde nos disseram que a Lulu (do restaurante onde supostamente íamos trabalhar ao fim de semana) andava à nossa procura porque tinha perdido os nossos contactos!!
Partimos para a praça para apanhar Hiace para Neves! Esperámos mt mt tempo, até deu para Alex tirar pêlos com a sua super pinça e espelho e para eu dormir encostada a ela! Isto tudo sentadas na Hiace! Chegadas a Neves la estavam os nossos motoqueiros e partimos para a escola! Foram a dormir, mesmo devagarzinho! Chegadas à escola, os alunos estavam a jogar à bola, não havia energia e estivemos a pôr a conversa em dia com o Gustavo sentados nos sofás do salão! Ao jantar comida diferente, sôo de mandioca!!

CHEIAS DE ABUSO!

21/11/2010
O clima estava pesado em casa. Parece que a chuva matinal afectou a disposição do pessoal lá em casa. Não se trocaram palavras nenhumas. Dormiu-se quase até às 11h00, soube mesmo bem! Não tínhamos nada planeado para fazer durante o dia, mas como? Há sempre alguém que se lembra de nós. E lembraram mesmo. A Edna (irmã da Gina) ligou à Margarida para irmos almoçar lá a casa por volta das 14h00. Ainda bem! Por um lado apetecia-me ficar em casa mas por outros queria ver pissoas. Saímos de casa então perto das 14h00 a pé, não se viam motoqueiros na estrada. Não trocámos mais do que 6 palavras, estava triste, senti saudades de casa e o meu pilar de São Tomé estava a rachar… lá conseguimos uma mota e seguimos para casa da Edna. Estava calmo pois os dois mais velhos estavam em casa dos avós, o mais novo estava a dormir e o marido dela estava a trabalhar no aeroporto. Enquanto ela acabava de preparar o almoço íamos conversando com ela e vizinhas. Ela faz bastantes perguntas, é muito curiosa. Conhecemos também o Onofre/Daniel/Lucas/Joaquim (é so escolherem o nome que gostam mais) que tem apenas duas semanas, bué de cabelo preto mas macio. Agarrei-o ao colinho e bateu a saudade do meu sobrinho quando ele tinha aquela idade que estava sempre bem no meu colinho. Ele tinha acabado de mamar e sentir um tremor por baixo do meu braço…eh eh…primeiro foram só gazes mas depois houve um cocó…opa, que miúdo malcriado…a mãe levou-o para trocar e eu, entretanto, fui para dentro assistir os clips que ela tinha colocado. Logo logo o almoço foi colocado em cima da mesa. Quando vi a mesa fiquei deliciada com a variedade de comida que havia: peixe frito e assado, búzio da terra, arroz, fruta assada, salada de alface e tomate. Um verdadeiro banquete! Ainda comprou uma garrafinha de vinho. Huum… o Iuri acordou e começou logo a fazer das dele…punha as mãos no peixe, agarrava na fruta e desfazia-a com as mãos. Ela contou-nos que quando ela compra arroz que ele o esconde para depois comer cru. Acho que ele é mesmo terrorista! A comida estava deliciosa e a minha barriga já não aguentava mais! Depois do almoço dançamos ao som dos clips…eh eh…ficámos lá até às 18h00, mas tínhamos que ir para casa porque íamos receber visitas. Apanhamos de novo uma mota mas desta vez tive um azar do caraças, o gajo ia a cantar música romântica…bah…assim que chegamos a casa senti uma necessidade tremenda de dormir um cadinho mas a Margarida ficou a preparar o jantar. Acordaram-me com beijinhos e sorrisos…uau…o jantar foi arroz integral (que eles não gostaram muito por ficar em papa) e guisado de grão, que estava delicioso. Todos gostaram! O Clemente também tinha aparecido lá em casa com umas bebidinhas, já que vem jantar que traga a bebida. Já lhe disse que não era mãe dele. Estive a adiantar o tapete para a entrada da nossa casa, a Margarida passava uma musica…esteve-se bem!
A.

AGOSTINHO NETO E CALDEIRA

20/11/10
Dormimos até bem tarde, todas! Fomos almoçar a casa da Gina que nos convidou para lá irmos! A Rita e eu tínhamos combinado ir à Roça Agostinho Neto para ela conhecer e para eu entregar as fotos às crianças com quem eu tinha estado quando lá fui em Março. Fomos de mota com o Pik e o Liar, motoqueiros de confiança! Foi uma viagem bem fixe! A Roça estava na mesma, entra-se lá e dá a sensação que entrámos noutro mundo, aquilo é enorme! Observámos os antigos caminhos-de-ferro que serviam para transportar mercadorias e trabalhadores entre as roças e suas dependências, as escadarias, o hospital de grandes dimensões onde nasceram alguns amigos nossos, a Igreja bem bonita (tudo num mau estado de conservação). Encontrei as crianças das fotos que ficaram tds felizes por recebê-las! Subimos ao hospital , onde agora vivem pessoas. Cada quarto é agora uma casa!! Chegámos à conclusão que o formato e planta do hospital é igualzinho ao da escola, tb antigo hospital da Roça. Faziam tudo igual, era brutal! Fomos ver uma pequena cascata por trás do hospital com os miúdos e quando tínhamos decidido ir comer peixe a um restaurante de Guadalupe, alguém falou de uma festa numa povoação próxima (Caldeira) que fica para cima do hospital. Então, mudança de planos, vamos à festa! Disseram-nos que a estrada estava boa, pois se aquilo é bom estado, não sei como será o mau!!! Buracos, lama, mais buracos naquelas tampas que há no chão! Tinha de se fazer leve-leve então aproveitei para filmar a paisagem que era espectacular – fruteiras, jaqueiras recheadas e outras árvores com uma vista sobre campos e montanhas ao fundo! Caldeira, uma amiga dependência de Agostinho Neto, é uma povoação bem agradável! A casa do feitor até não estava em muito mau estado e era lindíssima mas as da sanzala sim! Havia um grande relvado com algumas pessoas a conviver! Ficámos a saber que se estavam a realizar 13 baptizados ao mesmo tempo! Fomos dar uma volta pela sanzala e reconheci um rapaz recepcionista do Pestana São Tomé. Estava na festa porque tinha sido convidado por um amigo de um amigo da família. Heehe. Soubemos do local de outro baptizado e lá fomos ver como estava o ambiente! Tudo estava animado, o Pik conhecia o padrinho por isso fomos convidados a entrar para a festa! Mal entrámos reconheço uma amiga, a Cristina mãe de uma miúda do Bairro do hospital, a Jeuzi! Fez-me uma festa! Arranjaram-nos uns lugares ao lado do padrinho e pimba, num instante vieram cervejas, comida: grão com arroz, banana com peixe e ainda nos trouxeram um vinho Terra Mãe! Infelizmente o calulu tinha acabado… Depois na nossa mesa estava o Zito Tripa, um cantor que depois foi cantar ao vivo e toda gente delirou!! Houve actuações de vários grupos de dança! Conheci dois voluntários do projecto WACT – We are acting together, com quem eu tinha entrado em contacto em Portugal para fazer voluntariado cá, o David e a Vânia. Estão a promover o Turismo na Agostinho Neto. Pareceu-me interessante! Conhecemos uma mulata chamada Edna que nos esteve a dar conselhos quando fomos comer o bolo! O Pik e o outro vinham-nos buscar para ir beber um copo a outra festa, a moça ouviu e disse para vermos se eles não bebiam muito porque o caminho era perigoso! O Pik ouviu, começou a resmungar a dizer que ela era doida, que não os conhecia e que ele tinham vindo da cidade connosco! Quase que ia havendo porrada, por NADA! Enfim! Os ânimos lá se acalmaram (mas com santomenses isso é complicado) . A Rita já estava a dizer que queria ir embora porque estava escuro, então fomos! O caminho fez-se na maior das tranquilidades, mas o moço estava bem nervoso com o que se tinha passado! Chegámos a casa e havia puíta lá perto, aparentemente! Fomos a casa pousar as coisas e aproveitámos para convidar a Alex e o Humber para virem connosco, mas eles recusaram! Falámos com um senhor que nos disse que era Djambi, não Puíta e começava às 20horas! Faltava uma hora, então combinámos ir mais tarde mas depois não deu porque jantámos tarde, a refeição que a Alex tinha feito , peixe andala grelhado com fruta pão assada e frita! Ficámos por casa nesta noite de Lua Cheia….
19/11/2010
Regressadas da Roça. Nota-se pelo acordar. Ouvem-se os vizinhos a falar, cantar, ralhar…ouve-se a música, nada como o silêncio na escola. Mesmo assim dormiu-se bem. Hoje tínhamos uma tarefa bem importante: colocar os cartazes para as actividades que iriam decorrer na escola no domingo, a pedido da Nora. Passamos pela lexonics (onde se imprimem os documentos) e como sempre estava cheio. Com 7 pessoas ao balcão e não conseguem dar vazão à enchente de clientes. Ora vou paqui ora vou pali, ora atendo duas pessoas ao mesmo tempo e dá confusão. Ainda esperámos meia hora pela senhora que estava a nossa frente que não estava a conseguir acabar o documento dela e tinha erros. Vejam lá que escreveu “progecto” em vez de projecto. Até o meu computador assinala o erro…eh eh…lá estive a ajudar a senhora para ver se me despachava. Ufa…imprimimos os cartazes. Agora so faltava afixar pelos locais mais frequentados da cidade. Acabamos por volta das 12h00, o calor estava intenso. Paramos para beber qualquer coisa e fomos comprar aguinha para casa quando a Nora nos ligou para falar connosco. Aproveitamos a boleia e ela queria que fizéssemos um pedipaper para o próximo domingo lá na escola, pediu para organizarmos isso durante a semana. Já em casa cheirava a comidinha. A Margarida tinha ficado em casa com o Ronaldo para preparar o almoço e fazer umas compras. Estavam a preparar omeleta à moda da terra (leva peixe fumado e folha de micocó) com banana e fruta frita. Estava divinal! À tarde voltei para a cidade, estive no Pestana São Tomé com algumas pessoas conhecidas enquanto elas foram até à praia Emília com o Ronaldo dar um mergulhinho no mar. As horas passavam e tinha ficado combinado ir comer à Faty, ao Bairro do Hospital. Estávamos simplesmente à espera que o Apolo chegasse do Ilhéu e do Clemente que tínhamos convidado esta tarde para a Rita não se sentir sozinha. Eh eh… 20h30: estávamos de partida para o Bairro todos a pé. Os homens atrás e as mulheres à frente. Ainda tivemos o direito de ouvir uns piropos no caminho, nem os homens atrás nos valeram. A chegada é sempre uma alegria com as primas, encontramos a Elsa com o bokito no caminho e lá fomos para a Faty. Estavam sem energia mas a Lua cheia oferecia-nos iluminação, estava bem bonita. Mandamos preparar um peixinho com banana e umas rosemas. A malta estava bem murcha quando começamos a jantar. Nós, miúdas, ainda pensamos na possibilidade de ir dançar um cadinho à sobi-só mas eles nunca querem. São tão totós! Mas até nos surpreenderam e lá fomos todos depois de jantar abanar o rabinho. As músicas do inicio eram as famosas kizombas e tarraxinhas. Demos um pezinho de dança e íamos conversando. Quando um rapaz chamado Michel, conhecido do Apolo me convidou para ser madrinha da filha dele. Recusei logo. Não o conheço. Entretanto íamos saindo da discoteca para podermos apanhar um arzinho fresquinho, já que lá dentro tem só uma ventoinha. Estivemos para ir embora não sei quantas vezes nestas idas lá fora. Mas acabamos por ceder à música e curtir o resto da noite a dançar até nos cansarmos. Soube mesmo bem. Até a Elsa esteve a dançar na nossa rodinha junto ao espelho. Começaram a passar músicas para se dançar solto, dançamos à moda de são Tomé e Portugal…eh eh…mas assim que voltou o kizomba, fomos para casa. O caminho a percorrer parecia imenso, ouviam-se os pés a rastejar do cansaço. Uma noite bem agradável!
A.

A CASA DO SENHOR LUISINHO

18/11/10
Manhã calma, sem aulas. Estivemos a modificar os cartazes. Por volta das 9horas partimos as 3 rumo à casa do sr. Luisinho para conhecer o engenho de aguardente de cana e falar com ele sobre as actividades de domingo. Queríamos trazer turistas para vender umas garrafas! A Rita já lá tinha ido duas vezes, portanto não precisávamos de sair com um “guia”. Na passagem pelo enorme tanque da Roça, havia mulheres a lavar roupa, então aproveitámos para confirmar as indicações do caminho. Foi um caminho novo, para as 3. Muito bonito pelo meio do mato! Havia cacaueiros por todo o lado e tb fruteiras e jaqueiras e outras árvores de grande porte. Passámos por uma ponte onde corria um riacho. Estava fresquinho o ambiente! Chegámos ao ponto de viragem que nos iria levar à casa do senhor, a recheada mas inacessível mangueira na esquina! Andámos por entre pocilgas de porcos, casas e quintais e lá demos com a casa do senhor caboverdiano. Com uma família muito simpática, tanto ele e a mulher nos seus quase 70 anos de vida, têm os olhos azuis.. Pensámos que deve ser cataratas pois aqui ainda so vimos em pessoas idosas! Vimos o engenho (trapiche) e o espaço onde vai vender as garrafas e garrafões de aguardente aos visitantes! Convidou-nos para a sua casa e estivemos a falar da produção, dos rótulos e da possibilidade de fazer licores com frutos, ao que ele se mostrou reticente por não saber fazer… Ainda tivemos a ouvir a Rádio Nacional que se apanhava ali no meio do mato!! Espectacular!!! Vamos fazer uns cartões com as informações de venda para entregar aos turistas que venham À escola! Depois de conhecer os seus gatinhos e a sua neta Rosa, voltámos para a escola para continuar o nosso trabalho! Apanhámos cacau (que depois disseram que não se podia porque pertencem À empresa…)!
À chegada estive a apanhar folha de micocó da nossa planta da escola para levar para casa e fazer a omolete à moda da terra! A planta parece-se e tem um cheiro idêntico à Nevêda dos Gatos! Mas não sei o nome científico, tenho de descobrir!
No fim do “delicioso” Rancho (já não aguentámos mais comer feijão) estivemos à espera do taxista Eugénio que tinha combinado vir-nos buscar às 15h. Estive na sala de artesanato a ver o trabalho dos rapazes e ainda comprámos um porta-guardanapos e um açucareiro! Por fim, como o Eugénio não aparecia chamámos os motoqueiros de Neves para nos virem buscar. Em Neves esperámos mais de duas horas por uma Hiace. Deu para beber vinho de Palma, banana assada, bleguê bleguê, doce de coco, búzio da terra e ainda para ir fazer compras, pois já não ia dar para ir ao mercado na cidade e já estava noite. Depois de chegadas à cidade fomos jantar ao Karaoke e apareceu lá o Clemente com o Wilme. Fomos para casa, recebemos visitas e estivemos na conversa e depois fomos prá cama!!!

17/11/10 NADA DE NADA

O dia começou bem cedinho por aqui na roça. Às 6h00 já se acorda com a luz que entra pela janela que não tem cortina nem dá para abrir para arejar o quarto. Tomámos o pequeno-almoço e logo percebemos que não iríamos dar aulas porque os miúdos estavam atrasados no artesanato, que devia ser feito até ao fim-de-semana para ser vendido. Então ficamos pela sala de informática a alterar os cartazes para a actividade de domingo, a pedido da Nora, para serem afixados na cidade. Passamos a manhã nisso! Depois fomos almoçar, não era arroz com feijão mas sim esparguete à moda da Teresa. Delicioso! A tarde não passou muito bem visto ter estado na cama a tarde toda com dores de cabeça e arrepios. Tive que dormir mesmo obrigada. Na escola também não houve energia e acabaram por também não fazer nada de mais. Assim que escureceu ligaram o gerador e fez-se luz. Mais um jantarzinho na paz e fomos todos descansar. Este foi daqueles dias em que não se fez nadica de nada.
16/11/10

Manhã chuvosa. Acordei, deixei-me ficar na cama com preguiça e a ler um livro sobre São Tomé com entrevistas a escritores são-tomenses. Muito bom! Descemos para o pequeno-almoço e tivemos uma conversa animada com os miúdos e o Gustavo a mostrarem a boa-disposição logo pela manhã! Demos aula de informática, de turismo e de inglês! Ah como é preciso ter paciência!!!
Depois do almoço de arroz com feijão (“assim não dá, não”), fui com o Mingo apanhar folha de mátapa para a irmã dele que precisava para fazer molho de peixe. O campo à volta da escola tem muita variedade de plantas e há muita biodiversidade! Fico maravilhada muitas vezes! Da escola podemos ver o Pico de São Tomé, quando não está envolto em nuvens e nevoeiro intenso! À tarde começámos a dar explicações aos míudos do 6º ano da escola oficial. Tinham mais dúvidas a matemática. Vieram 8 alunos mais uma irmã pequena que veio acompanhar!! Tomei a liberdade de deixá-las com a matemática e fui para a sala de artesanato com o meu crochet, pois estava a fazer uma pega para as panelas da cozinha da escola. O Romário disse que me ensina a fazer os açucareiros de coco se eu o ensinar crochet…Hehehe! Mais tarde ainda enviámos os convites para o almoço de convívio a realizar no domingo e promoção de alojamento para todos os sábados!
Nesta noite mais uma vez comemos feijão e três alunos e uma voluntária ficaram com problemas intestinais… Aiiii!!!!
15/11/10
Que dia atribulado! A malta acordou em casa e começou logo a arrumar cenas e a fazer doce de côco para aproveitar o que tinha sobrado. Ficamos por casa até à hora de almoço na conversa e à espera que o forno se decidisse a cozer os bolinhos. Ainda tínhamos algumas coisas a tratar na cidade antes de voltarmos para mais uma semana na escola. Assim que estávamos prontas fomos para a rua à procura de motas mas nada. Então no meio da confusão do cruzamento que vai para a nossa aldeia parou uma mini hiace que nos levou até ao Miramar. O senhor queria cobrar-nos 50.000 dobras pelas 3 quando são apenas 10.000 dobras por pessoa. Ripostámos! Eh eh… andámos de um lado para o outro até que decidimos almoçar no Papa figo pois ficava perto e às 14h00 tínhamos combinado ir ter com a Nora. Comeu-se um bom peixinho com banana /Shouarma que demorou mais de meia hora a ser servido, possibilitando as moscas de nos chatear. Assim que acabamos fomos ter com a Nora, conversámos sobre o trabalho que estamos a desenvolver na escola e como já estava a ficar tarde decidimos partir. Ainda passamos na Lexonics para tirar cópias, no Café & Companhia para um xixi, revelar fotos, comprar recargas quando finalmente nos sentamos na hiace rumo a Neves. Já eram perto das 18h00 quando chegamos a Diogo Vaz, estava tudo escuro pois não havia energia. O Gustavo parecia esperar-nos à entrada da escola, os miúdos estavam na hora do banho. Foi das viagens mais cansativas que se fez até aqui. Arrumamos as nossas coisas, fomos jantar uma sopinha e quando demos por nós já estava escuro de novo na escola e fomos dormir.
A.
14/11/10

Domingo, dia de descanso! ! Manhã passada em casa, a acalmar da noite passada e a ver as notícias de Portugal e do mundo. É bom estar actualizada! Fiquei por casa enquanto a Alex foi passear para a cidade com a Rita. Almocei pelo bairro, mesmo num sítio bem pertinho de casa com um espaço para comer bem escondido à primeira vista. Carapau com molho e banana cozida. Deu para matar a fome!
Fui para casa, tivemos uma conversa bem importante. Tomei algumas decisões, coisas que têm de mudar. Estive a tratar das lides da casa e depois chegou a Alex e lá fomos as 2 para a cozinha. Papas de Aveia com coco. Entretanto chegou a Rita com pão e mais umas coisas. A Gina juntou-se à gente para o jantar. Estivemos a ver tv e ouvir música. Estes são-tomenses são mesmo viciados em novelas!! Ainda tivemos a visita do Clemente que se juntou à plateia viciada… Pelos vistos era o último episódio da “Escrava Isaura” mas já era a 3ª vez que passava na tv… Ainda vimos um filme todos juntos e depois hasta mañana! M.

13/11/10 - LOUCURA SÓ

Após uma jogatana de cartas na noite anterior só apetecia ficar pela cama a descansar a vista e aproveitar a companhia. Mas a Rita vinha a caminho da cidade para que lhe fizesse uma pequena visita, já que ela tinha ficado na Roça durante os outros fins-de-semana. Enquanto isso a Margarida tratou de fazer uns docinhos de coco para a malta. Apanhei uma super moto. Sabe bem apanhar um ventinho logo de manhã e apreciar a movimentação da capital. O calor estava insuportável. O sol queimava. E vento, só com o passar de carros e camiões se fazia sentir. Chegada a praça vejo a pequenina e primeira missão: levá-la ao mercado, mas ao novo. Não gosto muito de entrar no velho, os cheiros, o barulho, a multidão, a sujidade. Depois do mercado fomos caminhando pelas ruelas, mostrei-lhe algumas coisas, tirámos fotos até chegar a hora de regressarmos porque o almoço era lá em casa com as primas da Gina. Já tinha ficado combinado. Elas encarregavam-se de levar comida e nós comprávamos a bebida. Quando cheguei a casa, verifiquei que a miúda e a irmã que tinham ido ajudar a Maggie ainda lá estavam (provavelmente à espera do almoço) e os dois rapazes, o Humber e Apolo. Só dizíamos “é cultural”… eh eh… o tempo ia passando e não havia sinal das primas. Estávamos a ficar esfomeados e atacamos o doce de coco. Deviam ser 15h30 quando elas chegaram. Grande entrada! Barulho! Motas! Trouxeram as pequenas (Nucha e Yussi)… enfim! Lá se foram acomodando, tiraram a comida dos tachos e lá começamos a almoçar/lanchar/jantar. Estava tudo minimamente calmo quando começam a entrar pessoas e mais pessoas e de repente olho para o lado e desconheço mais do que conheço pessoas na minha própria casa. Mas foi bem giro. Ainda dançamos no meio da sala quando ficamos sem energia! Depois do jantar fomos todos até ao Bairro do Hospital curtir o sobi-só, estava bastante gente até. Mas nem entramos na super disco, ninguém ia aguentar aquele calor com aquele aquecimento de casa. Ainda nos pagaram uma nacional, o bokito da Elsa. Eh eh… regressámosa casa “a pejeiro” e adormecemos ao som do silêncio de Oque del Rei.
A.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

12/11/10
Sexta de manhã, fomos para a cidade bem cedo. Tínhamos muitos assuntos a tratar. Percorremos quase todas as “papelarias” para imprimir uns documentos. Quando finalmente o conseguimos fomos ao Passante, ao Papa-Figo e ao Pirata entregar os cartazes promocionais do Almoço de convívio de domingo e alguns panfletos. Estivemos também na sala de controlo do Miramar a fazer uma transferência na internet porque estávamos com dificuldade em arranjar um local com acesso à net. A nossa sorte foi ter os nossos amigos bem perto! Lá encontrámos a Wi que nos contou que vai para Portugal amanhã, durante 3 anos. Ela estava assustada, chocada. Informaram-na ontem que vai amanhã… Se isto se faz a alguém.?? Como terá tempo de se despedir, de preparar tudo em 1 dia e meio?? Os primeiros tempos não irão ser fáceis de certeza, mas penso que ela vai conseguir se adaptar bem.
Fomos almoçar a Santo António com o Clemente. Comemos bem, búzio do mar, choco grelhado com fruta-pão assada acompanhada de uma Nacional. Estava muito bom. Estivemos a pôr a conversa em dia com o nosso amigaço. Depois ainda fomos ao banco e ao Arquivo Nacional fazer umas pesquisas de uns livros e ainda trouxemos um livro sobre as plantas e animais de São Tome e suas propriedades. Seguimos por caminhos diferentes, eu para o Mercado fazer compras para o fim de semana, com a Edna e a Alex foi ao Bairro do Hospital dar uma explicação de francês à Gina. Mais tarde estávamos em casa a preparar-nos para sair para o jantar de despedida da Wi quando alguém bate ao portão…Não estávamos à espera de ninguém…e voilá, uma surpresa bem boa!! O Humber e o Apólo assim de repente! Depois de uma conversazinha lá partimos para Budo-Budo para o nosso jantar. O ambiente estava animado do lado dos mais velhos devido às bebidas… do outro lado, das amigas e irmãs, estava tudo um pouco tristonho. Lá comemos as 2 sozinhas (o que é normal aqui em São Tome) enquanto as meninas viam a novela! Ainda falei umas palavrinhas de russo com o marido da irmã da Wi que eu julgava ser português mas afinal é da Mongólia. Estivemos a falar de Portugal e de São Tomé, vendo as coisas boas e más de cada país. Demos alguns conselhos à Wi para se adaptar melhor. Às 21h30 tínhamos de estar em casa, então lá seguimos as 2 com um motoqueiro! Maluqueira! Estivemos a ver tv e a jogar ao keims. Os rapazes estavam a ganhar, nós conseguimos recuperar mas depois eles ganharam, não sabemos como! Tivemos que ir abrir o cacau que era o prémio do jogo! Depois de várias tentativas conseguimos, não sem primeiro acordarmos alguns vizinhos com o barulho do cacau a bater na madeira da varanda! Foi uma noite feliz!
M.
10/11/10
Berrei de noite. Acordei com o coração aos saltos. Sonhei que 1 espírito estava dentro de mim e eu não me conseguia mexer. A Rita acordou e veio bater à porta e eu fiquei a pensar que era o espírito. Assustador… O Neves também acordou com o meu grito. Queixaram-se muito, pensando que alguma coisa grave tinha acontecido. Depois do pequeno-almoço como tinha dormido mal, fui fazer uma sesta. O resto da manhã estivemos a preparar documentos para as aulas e na internet em pesquisas. O almoço de esparguete com fulu-fulu (atum) estava bem saboroso apesar do pouco peixe que tínhamos no prato. Na parte da tarde estivemos a preparar o salão para a recepção do grupo de turistas que vinham cá lanchar. Muita limpeza, preparação e decoração da mesa, decoração da sala de venda de artesanato e preparação de uma mesa com uma gamela com coisas típicas de São Tomé: a folha da fruta-pão, o cacau, mangas, cajamangas, maracujás e cocos.
Por volta das 16h30 chegaram os clientes. No inicio os alunos não sabiam muito bem o que fazer ou onde estar mas depois lá foram até à sala de artesanato trabalhar um pouco e tudo decorreu com toda a normalidade. Foi um convívio muito animado com a degustação do famoso doce de coco e a prova do sumo de tamarinus e de maracujá e ainda visita pela escola. O grupo trouxe algum material escolar para a escola e os alunos ofereceram uma gamela com uma maquete do edifício incrustada e o logótipo da empresa deles. Muito bonita. Houve muitas fotografias e tanta venda de artesanato que a loja até ficou vazia. Literalmente.
À noite íamos ter 3 clientes para jantar que iam ficar alojados na escola, então tivemos que planear em cima da hora um jantar agradável de acordo com as possibilidades do momento – omolete de folha micocó como entrada, arroz de cenoura com polvo e como sobremesa doce de mamão verde, que por acaso é uma delícia. Os turistas, um casal e um senhor jantaram ao mesmo tempo que nós e eram muito simpáticos. Ofereceram-nos uma cerveja a cada. O senhor apresentou-se como mágico e fez uns truques de magia… Bastante bem treinados que estavam. Os alunos entusiasmaram-se e começaram a contar anedotas e adivinhas. Aqui vai uma – Qual é a coisa que entra verde e sai preta?? É a fruta-pão quando vai ser assada! Hehehe. No final do jantar estávamos exaustas, seguimos logo para os quartos…
11/11/2010
Esta escola tem miúdos
Simplesmente fantásticos
Cada um com a sua maneira de ser.
Olho para eles e vejo um brilhozinho no olhar
Longe de casa mas perto dos
Amigos que aqui fizeram. Em família.

Admiro a capacidade e a vontade de aprender
Reclamam do
Turismo
E do dinheiro que não recebem. Ainda assim
Sinto que eles são felizes aqui e procuram um rumo.

Orientados por um director que
Faz tudo por eles e os
Incentiva a trabalhar e a
Criar mais. Este projecto é, sem dúvida
Inovador e prometedor de grande sucesso.
Orgulhosa de me ter envolvido nele
Sem medo.

A.
09/11/2010
BOM DIA ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS DIOGO VAZ!
As aulas já começaram. Às 8h00 os alunos já estavam na sala para iniciarmos a formação. A primeira aula foi turismo, muito básica e prática para o que precisam aqui. Falamos sobre a definição do turista, qual o perfil de cliente que frequenta São Tomé, onde se alojam e quais as principais diferenças entre esses tipos de alojamento, o que há para visitar, como se deslocam na ilha e, por fim, quais os pontos fortes desta escola. Alguns, por timidez, nem participaram na aula mas a maioria falou qualquer coisa. A aula que se seguiu foi informática onde estivemos a fazer revisões sobre o que compõe um computador e o Word. Coisas bastante simples para o primeiro dia de aula. Às 10h00 chegou a Preta (uma moça da comunidade) para ensinar-nos a fazer doce de coco à santomense. Espectacular!!! A Maggie e a Rita ainda puseram as mãos na massa. Acho que, no total, fizeram-se 100 doces.
Hora de almoço. À tarde os meninos continuaram a fazer as peças de artesanato para o dia seguinte. Nós, voluntárias, preparámos algumas aulas já que tínhamos tempo livre. O dia passou bem rápido. Jantar. Nem vão acreditar, comemos sopa de arroz com legumes e arroz de feijão. Esta semana tem sido um abuso de feijão. Ficamos super inchadas. A bufar. Temos comido muito feijão e arroz porque a PAM é que fornece esses alimentos para a escola. Mais uma conversinha engraçada mas ao mesmo tempo chocante durante o jantar. O Neves (um dos alunos da escola) esteve na tropa durante duas semanas e passou um inferno. Quis armar-se em espertinho mas logo percebeu que a farda não é tão importante quanto a dignidade dele. Na rua eles até podem ser os maiores mas assim que entram no quartel não passam de uns escravos. Na altura em que ele foi, o quartel ainda não tinha água nem sequer para tomar banho, então o banho era feito numas águas paradas perto de Micolló. O primeiro ainda levava com água minimamente em condições mas quando chegava a ele (nº343) era só lama. Uma tristeza. Para além da água, os mais velhos não lhes davam comer. Por exemplo, serviam-nos a todos e depois começavam a contar de 10 em 10 até 100. Quem tivesse comido comeu, quem não tivesse azarito… mesmo que eles quisessem levar comida no bolso não tinham hipóteses porque eram revistados à saída do refeitório. O Neves ainda levou comida nos boxers, ganda espertinho, pena foi ter-se queimado. No entanto, não são estas as únicas coisas más que aconteciam lá. A tropa era bastante dura, principalmente para os mais novos ou “maçaricos” (como eles lhes chamam) que eram praxados. Penso que se arrependeu bastante do pouco tempo em que lá esteve e não o deseja a ninguém.
A.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

8/11/10

Depois de um fim-de-semana bem passado e animado, voltámos para a Roça para continuar o nosso trabalho na Escola. A viagem foi um pouco atribulada, depois de uma longa espera que a Hiace enchesse e com uma discussão quente entre o taxista e uma senhora que o acusava de ser má pessoa. Nós só disfarçávamos o riso, porque a senhora não tinha razão. Ainda peguei na maquina fotográfica e filmei um pouco.
A viagem Neves – Diogo Vaz já se tornou numa terapia para mim. Foi fantástico, vislumbrámos inúmeras espécies diferentes de pássaros, cada um mais lindo do que outro, de várias cores, amarelos, azuis, vermelhos e castanhos. Um falcão enorme sobrevoou a minha cabeça enquanto eu ia na mota, foi brutal!!
Por serem ilhas inicialmente desertas e desprovidas de seres vivos, a biodiversidade que actualmente encontramos em São Tomé e Príncipe teve de aqui chegar e estabelecer-se nas ilhas e evoluir ao longo de muitos milhões de anos. A localização das ilhas e suas condições geográficas levam a que ambas sejam muito ricas em biodiversidade e em organismos endémicos, isto é que só existem nessa área geográfica. Por esse motivo, São Tomé e Príncipe é muito procurado para a observação de pássaros e tem um enorme potencial para a minha paixão, o Ecoturismo!
Estive a falar com os alunos e pesquisei nomes de alguns pássaros daqui e suas características:
Ossobô – quando ele canta dizem que “chama a chuva”. Não faz ninho, rouba o ninho dos outros pássaros. É pequeno, de cor amarela e verde. Tem um canto muito bonito.
Padé campo – é todo amarelo e pequeno.
Cessia – tem bico de papagaio de cor vermelha e é verde, castanho, amarelo. Anda no alto. É grande.
Truqui Sun Deçu – boca comprida de barriga amarela, coberto de preto.
Papa-figo – pequeno e rápido.
Conobia – de bico comprido vermelho, barriga vermelha e azul. Chamado de “santo de água”.

Começámos finalmente a dar aulas. Foi muito interactivo, achámos que eles gostaram. Turismo e Informática.
Deixo-vos algumas informações sobre a Escola de Artes e Ofícios para os mais curiosos:

Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz
Anunciada entre o azul intenso do mar e uma verde explosão de palmeiras e cacaueiros, a Roça é avistada por momentos no alto, através do magnífico edifício colonial onde funciona a Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz e o projecto de Turismo Solidário. Um cenário monumental que evoca as memórias do antigo hospital duma das Roças mais prestigiadas e melhor preservadas da arquitectura colonial de São Tomé.
No rés-do-chão da velha construção localizam-se as infra-estruturas da escola. Áreas espaçosas de grossos muros de pedra, hoje recuperados, dão lugar à biblioteca, sala de informática, atelier de carpintaria, oficina de artesanato, cozinha e uma loja de artesanato onde se exibem as inumeráveis peças feitas com maestria pelos alunos da escola.
O projecto iniciou-se no ano de 2001 num edifício que foi cedido à Natcultura que o reabilitou para a realização de uma escola de campo. Pretende-se dar uma opção de formação aos jovens que não tenham possibilidades de frequentar a escola oficial nem de levar com certa segurança uma actividade económica e permitir que no futuro tenham uma vida estável. Trabalhou-se durante os primeiros quatro anos em vários aspectos em paralelo: alfabetização, melhoria da dieta alimentar, formação dos professores ou cuidados de saúde e higiene. A formação orientou-se nas áreas de agricultura, apicultura e artesanato, entre outros. A partir do 4º. Ano lectivo e uma vez que os alunos foram alfabetizados, deu-se início à escola de ofícios, em sistema de internato, com o fim de dar possibilidade aos jovens (que residam a mais de 2km da escola) de concorrer. Actualmente decorrem aulas de Turismo, Informática, Fotografia e Inglês para além da prática e criação artesanal.

Turismo Solidário
Com o critério de conduzir a escola à auto-sustentabilidade económica desenvolveu-se o conceito de Turismo Solidário que constitui um novo subprojecto promissor da Escola de Artes e Ofícios.
Turismo Solidário mais do que um serviço de hotelaria é uma opção que proporciona ao visitante um conjunto de experiências e sensações enriquecedoras através do contacto directo com os alunos e a população local, permitindo-lhe assim entender a realidade cultural e as necessidades locais e consolidar os valores relativos da solidariedade, cooperação e interculturalidade. O objectivo principal é o intercâmbio de conhecimentos e culturas.

Visitas guiadas pelas dependências da Roça

Circuito 1 – Caminho de Santa Clotilde – passagem por antigos caminhos-de ferro, pelo cacauzal e a casa do feitor. Visita ao engenho de aguardente de cana (trapiche), onde se tem a oportunidade de conhecer as técnicas de fabricação, disfrutando de uma bela vista sobre o mar e Santa Catarina.
Duração – 2 horas.

Circuito 2 – Caminho de Santa Jenny – passagem pelos antigos caminhos-de-ferro, vale do Rio Água da Ilha, onde terá a oportunidade de conhecer a fauna e flora endémicas da ilha e visitar a dependência. Passagem pelo túnel.
Duração – 5horas.

Circuito 3 – Caminho de Maria Luísa – visita à dependência, tendo oportunidade de observação de vários pássaros endémicos e de uma paisagem deslumbrante, os cacaueiros e o mar. Passagem pelas Plantações de café, cedrelas e acácias. Vista sobre as dependências de São José e o mar. Dependência agrícola de Mulundo, onde se pode conhecer o funcionamento dos secadores de cacau.
Duração – 5h20

Rota do Cacau
Funcionamento da Roça
Cultivo cacau – funcionamento, cuidados, tratamento, colheita
Árvores de sombra
Fermentação
Secagem solar
Selecção para exportação
Processo de ensaque

Rota dos Túneis – de carro

Outras actividades
- actividades dos alunos
- trabalhos na horta
- confecção de refeições
- jardinagem
-prática de actividades desportivas
-dança
-aulas de artesanato (coco, bambu, cabaça) 2€ - 1h30

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DOMINGUEIRAS

07/11/10
A chuva condicionou o nosso dia e a preguiça também. Não me lembro de um dia tão chuvoso em São Tomé como o de hoje, choveu todo o dia. Mantivemo-nos entretidas durante a manhã a fazer tapetes, ouvir música, ver TV enquanto dois amigos nossos se comprometeram a preparar o almoço para nós. Mas o almoço custou bastante a sair. Primeiro prepararam a banana que já tínhamos em casa mas e para acompanhar, vamos comer o quê? Então um deles foi à cidade, mais propriamente ao mercado, comprou peixe mais pombo e algumas hortaliças. Quando chegou a banana já estava frita, faltava só o peixe. Pena foi o gás ter acabado e o carvão ser pouco. Tivemos que ir comprar petróleo. A partir daí foi só acabar de cozinhar o peixe, que tinha um aspecto muito estranho. Ficou todo curvado e tem um bico enorme. Eram 15h quando, finalmente nos sentamos para almoçar. Para além do peixe e da banana tivemos direito a uma salada de salsa e tomate, algo nunca visto na minha vida. Mas não é mau de todo comer raminhos de salsa. Ficámos por casa a tarde toda, vimos o “Salt”, um filme que saiu recentemente dos cinemas em Portugal. Bem porreiro, tirando os comentários incessantes da Gina, que, no inicio, até eram engraçados mas que logo se tornaram insuportáveis. O filme tinha começado há 5 minutos e ela já só fazia perguntas de quem eram as personagens em vez de tentar perceber a história. A malta mandava-a calar e ela dizia “Já me calei” mas passado 2 minutos já estava a falar. Enfim só me apetecia bater-lhe. Entretanto percebeu e acabou por se ausentar deixando a malta ver o filme. Depois do filme, as meninas foram para a cozinha preparar um jantar português com produtos locais. Fizemos um esparguete com feijão verde, cenoura, makeké (parecido com beringela), pimento, couve, pau pimenta, salsa, tempero (leva pimenta e outras ervas) e massa de tomate libanesa. Quando o jantar estava pronto percebemos que tínhamos abusado na quantidade, dava à vontade para 10 pessoas e só 3 é que comeram. Mas estava delicioso. Eles, santomenses, disseram que estava muito bom. Depois do jantar levámos com mais uma dose de Gina mas agora a comentar a Escrava Isaura, novela esta que já passou aqui três vezes na TV e ela ainda diz que não se lembra da história. Ainda vimos um filme na TVS e chichi-cama.
A.

Dia azarento

6/11/10
Se há coisa que eu não entendo é porque há pessoas que não enxergam que “amigos amigos, negócios à parte”. Tive um professor de ciências no 5º. E 6º. Ano que sempre dizia esse provérbio…
Uma pessoa é amiga, faz o que lhe pedem, ajuda. No fim, não cumprem a palavra e nós é que passámos por más pessoas porque estávamos à espera que essa pessoa cumprisse o que disse. Depois nós é que não damos valor à amizade.
Dia de mais confusão. Descobrimos que fomos roubadas. Mesmo na nossa casa. Desapareceram algumas roupas que estavam a secar. Fomos averiguar se o vizinho sabia de alguma coisa e o senhor sentiu-se muito ofendido e passou a manhã a toda a resmungar e a dizer que não é ladrão. Muito estranho.
Fomos ao mercado fazer compras. Só aventuras, connosco a sermos chamadas e puxadas de todos os lados para comprarmos peixe, alface, tomate e tb coisas mais estranhas como os sacos de plástico… Cá ninguém dá sacas, há os plastiqueiros que andam por lá a vender cada a 1500 dobras… nem sei dizer quantos cêntimos são, não é nada… Conhecemos uma moça a vender tecidos africanos muito lindos ao som de uma musiquinha porreira. Estabelecemos logo contacto para próximas compras. Ai, como nós adoramos tecido africano!
Almoço na casa da Letícia e Abnail…o nosso pratinho dos últimos tempos, feijão à moda da terra, este tinha também chouriça e salsicha mas tomámos a liberdade de a pôr de lado. Picante de abuso mas delicioso sem deixar de perder o sabor da comida. Até a Letícia se queixou da malagueta. Atacámos a água de uma maneira !! Estivemos a ver o Avatar… adorei, mas não vi o início. Tenho de ver outra vez e outra vez! Estivemos a ouvir uns cds deles que vamos gravar para os nossos pcs para termos umas musiquinhas novas.
Fizemos uma sesta e estivemos a preparar o jantar com a Gina e convidados… Cerveja e vinho Terra Mãe. Fruta-pão com peixe Bica frito. Muito bom. Clima estranho apenas interrompido com o susto da Alex com um rato que fez com que ela subisse para a banheira e nunca mais de lá quisesse sair. Andei com ela às cavalitas. Uma a chorar, a outra a rir. De rir. Dançámos com a chávena e garrafa na cabeça. Equilíbrio de santomense é coisa séria. Estamos a apanhar o jeito…
05/11/10
Hoje foi dia, aliás manhã, de fazer limpezas em casa. Mas antes de começar, tivemos que ir à cidade comprar alguns produtos de limpeza. Fomos demasiado rápidas pois às 7h18 já estávamos na cidade mas o problema é que todas as lojas estavam fechadas. Eh eh… cromas muitoé…tivemos foi muita sorte porque até encontramos uma aberta. Antes das 8h00 já tínhamos chegado a casa e com a ajuda do Ronaldo fizemos uma mega limpeza. Quando acabámos já estava quase na hora do nosso almoço na Praia Gamboa com as primas da Gina. Azar foi a chuva que começou a cair com força. A malta acaba de tomar banho e pimba, pés na lama, cabelos molhados e pior é andar num táxi todo podre que tem como tapetes, bocados de cartão. Ai ai… chegamos a Gamboa e perdemo-nos de novo, a chuva não ajudava a encontrar o sítio. Assim que chegamos à Quila, a mesinha já estava colocada em casa da própria com búe de peixe, fruta assada, banana frita e salada. Pena foi termos que esperar mais de meia hora pelas primas que estavam presas pela chuva. Mas assim que chegaram, atacamos a comida…bom muitoé…a conversa foi fluindo durante o almoço até que acabou nos bokitos e nas mamadas…crrredo…rimos dabuso…a Gina estava cheia de vergonha…
Quando a chuva acalmou decidimos ir embora, deslocamo-nos até à estrada principal à espera que passasse um fantástico Hiace que nos levasse ao Bairro do Hospital. A viagem foi demais. Primeiro não deixaram a Elsa sentar-se no banco de trás porque ocupava muito espaço, depois ela pôs-se a dançar agarrada a um ferro. Gente doida. Assim que chegamos ao bairro pusemos música, dançamos na rua, lavamos os pés nas poças de água…divertimo-nos tanto. Estas mulheres são mesmo loucas. Ainda com o estômago meio cheio fomos até à Padaria Miguel Bernardo com duas intenções: comer algo mais leve antes de ir para casa e esperar pela carrinha que vinha do Ilhéu. Assim que esta chegou, foram mais dois fregueses para nossa casa. Apesar do dia bem passado ficamos aborrecidas porque percebemos que algumas das nossas roupas desapareceram. Parece que nunca tinha acontecido. Mais uma noite no nosso lar, agora bem limpinho.
A.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

4/11/10 - A mulher é igual ao homem e deve ser tratada como tal!

Parte I
Pequeno-almoço – “chá de Angola” (parece cidreira), pão com doce de papaia e provámos um doce de leite de cabra feito pelo Gustavo.
Conversa sobre feitiçaria e espíritos. Mentalidade da população. Lembrei-me da história que o Vany contou da rapariga que “tomou Santo” no Sobe-Só há uns dias… Estava a dançar bulaué e atirou-se para o chão e começou a dizer coisas estranhas… Disseram que se houvesse fogueira, ela teria andado sobre ela… Eu preciso de ver para crer!!
O Gustavo falou-nos de Angola e da beleza da Guiné Bissau –os rituais, os rios, as florestas, os animais selvagens. Deu-me uma enorme vontade de conhecer essa África …
Programação das nossas primeiras aulas de inglês, geografia e turismo. Planeámos arranjar questionário de satisfação do cliente e mapas para falar sobre o país.
Livro muito interessante de Receitas típicas de São Tomé, organizado pelo Programa Alimentar Mundial, que é quem envia arroz e feijão para a escola.
Fizemos:
- Documento do Excel de controlo das vendas do artesanato;
- Doc com O que deve ter na mesa, quartos, casa de banho;
- Cartão de registo de visitantes;
- Menú dos alunos;
- Menú com vários pratos para os turistas;
- Menú para 6ª,sábado,domingo para cliente que vem;
Conversa com Neves sobre as entradas e sobremesas, o que ele sabe e pode fazer.
Cajamangas J
Almoço : Esparguete com peixe fumo, bastante boa. Picante. Conversámos sobre a maneira como os homens tratam as mulheres aqui. A mentalidade cabo-verdiana já é muito diferente. O Gustavo bem tenta educá-los, fazer com que os miúdos pensem de maneira diferente, mas até os mais novos têm comentários super machistas.
15h00 – o taxista do outro dia veio-nos buscar à escola.,,
Em Neves comprámos bula (mas de coco,ou seja nao é bula) e uma massa de bola mas comprida tipo fartura chamada cofe-cofe J Recargas para os jojos.
Viagem super rápida, estávamos na cidade em 35 minutos. Chegada à Praça, muitas bocas respondidas à letra. Qualquer dia têm medo de nós…ou vão-nos dar chicotee :P
Boleia para o Passante. Café e conversa com amigos.
Banana assada na rua J
Casa.
Padaria.
Salama - “creeeeeeedo”
Parque Popular

Parte II
Esta noite, muito animadas, enquanto esperávamos pelo nosso peixinho grelhado numa barraquinha do Parque Popular, fizemos uma votação para as tangas que apanhámos do pessoal daqui. Quando combinamos alguma coisa com alguém e essa pessoa ou não aparece, ou nem avisa, ou não diz nada.

Tanga: de 0-5

Wilson – 5
Abjilson – 5
Apolo – 4
Raquel – 4
Laudino – 4
Titi – 3
Juan Carlos – 3
Lulu – 3
Ronaldo – 3
Neyker – 3
Clemente – 2
Edna – 2
Humber – 2
Letícia – 2
Lívia – 1
Minerva – 1
Adalberto – 1

Os voluntários Pablo e Itziar que estiveram a trabalhar na Escola antes de nós têm um blog/site muito interessante da viagem que eles estão a fazer por África. Na parte dedicada a São Tomé têm uma coisa muito engraçada “em cada 10 santomenses, x são assim, fazem isto…”. Inspiradas por eles escrevemos algo relacionado com os homens e as mulheres. Fica aqui o site deles para darem uma espreitadela:
www.africadecaboarabo.com


Homens machistas
Em 10 homens, 2 são fiéis.
Em 10 homens, 8 pensam que as mulheres são um objecto.
Em 10 homens, 8 pensam ser normal ter mais do que 2 mulheres.
Em 10 homens, 7 exigem que a mulher tenha a comida pronta para eles.
Em 10 homens, 9 têm filhos de várias mulheres.
Em 10 casais, 2 estão juntos para valer.
Em 10 rapazes de 18 anos, 7 já têm algum filho.
Em 10 homens, 6 não admitem que a mulher fale com outro homem na rua.

Mulheres resignadas
Em cada 10 mulheres, 7 deixam o marido se ele não trouxer dinheiro para casa.
Em 10 mulheres, 6 sabem que o marido tem mais mulheres e nada fazem.
Em 10 mulheres, 5 levam porrada do homem.
Em 10 mulheres, 5 estão proibidas de sair de casa à noite sem ser acompanhada pelo respectivo.
Em 10 mulheres, 8 vivem para o homem e os filhos.
Em 10 mulheres, 6 enganam o marido em resposta à infidelidade.
Em cada 10 mulheres, 5 bebem vinho e cerveja logo desde manhã.