segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

27/2/11 Back to life
Recomeço a escrever após duas semanas dolorosas em que estive com problemas de saúde – infecção urinária e pedra nos rins (esta ainda não saiu…). Não vou contar como foram os meus dias pois não tiveram nada de interessante.
Como diz o ditado “há males que vêm por bem” e neste caso, para além da solidão e dores insuportáveis, reflecti muito sobre o valor da família, amizade e solidariedade. Estar doente fez-me ver este país com outros olhos, não é que eu não soubesse mas foquei-me muito no lado negativo das coisas. Continuando a ser uma apaixonada pelo país, a Natureza da ilha, todo o mar e floresta, toda a floresta e mar, as lindas praias e o clima fantástico, sinto que falta algo essencial que é a capacitação humana. Saúde, educação, cultura, falta de sabedoria por parte dos jovens. Como é possível ir-se a uma clínica e não haver nenhum médico? Ou ir a uma secção de radiologia de um hospital em 2 dias seguidos e não haver um médico durante a manhã? São coisas que desesperam qualquer um, seja de que continente for. Quanto à educação e cultura, deparamo-nos muitas vezes com o desconhecimento de coisas tão óbvias por parte de jovens estudantes, o que só demonstra que o ensino ainda não é (muito) eficiente e que os meios de comunicação/informação não chegam a toda a gente. Além disso, alguém que queira continuar estudos a nível de ensino superior tem de pagar propinas mensais de quase 100 euros. Num país em que um salário médio são 40 euros, quem são aqueles que conseguem pagar? Como dizia um santomense que trabalhou comigo “é muiiiito difícil”. A opção e o desejo de quase todos os jovens santomenses é ir para fora, de preferência Portugal. É raro ouvir alguém dizer que não quer sair do país…
Para além destes factos (salário médio, custos de ensino, etc) acresce-se o elevado custo de vida. Devido à insularidade e consequente importação da maior parte dos produtos alimentares, de higiene, tecnológicos, etc, estes são vendidos a preços bastante altos tendo em conta o nível e condições económicas da maior parte da população. Os preços chegam a ser mais caros do que em Portugal. Por exemplo, um empregado de mesa de um restaurante que ganha 60 euros por mês, se tiver família para sustentar e um transporte para depositar gasóleo, chega a meio do mês praticamente sem dinheiro! Além disso há grande desemprego, vejo pessoas desesperadas, principalmente mulheres/mães que estão em casa com os seus filhos, muitas vezes sem receberem alguma assistência monetária de algum dos pais dessas crianças. É muito triste! Como é que estas famílias (se assim se pode chamar) sobrevivem? Aqui entra uma das maravilhas da ilha, come-se o que a terra dá, principalmente frutos das árvores. Claro que não é suficiente, uma alimentação assim peca por falta de muitos nutrientes e vitaminas considerados essenciais para um bom funcionamento do organismo, o desenvolvimento do cérebro… Apesar de tudo isto, há coisas que nos surpreendem positivamente todos os dias...
Em suma, apesar de todas as maravilhas da ilha, não é fácil viver cá! Há um grande potencial de desenvolvimento, como irá evoluir a situação com a tão falada exploração do petróleo?
Todas estas reflexões levaram a uma grande questão pessoal, abalando um pouco as minhas expectativas e objectivos. No fundo eu sei que as minhas dúvidas vieram com a doença e a doença trouxe uma forte saudade da família, sendo tudo isso que me faz repensar as minhas escolhas. Neste momento estou-me a sentir bem e forte de novo (com apetite J) e as boas energias em relação ao que me rodeia estão a voltar. Já danço sozinha ao som das músicas tradicionais que vêm do quintal do vizinho e já tive vontade de ir para a cozinha perder umas horinhas a cozinhar, o que é bom sinal! Sei que não se desiste de uma batalha por que se teve uma baixa, nem se desiste de uma paixão porque se teve uma briga… E a esperança, como me disse hoje uma vizinha jovem mãe desempregada, é a última a morrer!!

P.S Eu adoro estas ilhas mágicas…

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

10/2/11
O dia começou com um interrogatório matinal de real importância. As conclusões não foram negativas, o que me deu alguma esperança num futuro próximo promissor. Depois segui para a cidade onde encontrei o meu amigo e motoqueiro Celso que me ajudou na tarefa de encontrar alguém que tinha ficado de me contactar para uma conversa de emprego. Não foi difícil encontrá-lo pois em São Tomé toda a gente se conhece. Depois de uma pequena conversa segui para a Aliança Francesa onde fui obter informações sobre a sessão de cinema às 4ªs feiras, o uso da Internet e biblioteca e ainda aproveitei para saber como são os cursos de Francês. Seria bom se vou ficar por cá não perder o contacto com a língua, evoluir e obter um diploma internacional. A boa notícia é que os cursos têm preços muito acessíveis. Fiquei de ir lá na próxima quarta ver o filme e em princípio fazer um cartão de sócio. Estive no Papa Figo a beber um sumo natural de Sape Sape, pois agora com o Café Companhia fechado não há sítios no centro onde façam sumo natural e eu já estava com desejos. Estava um calor infernal com mais de 30º. C pelo que fiquei numa mesa à sombra a escrever, saboreando o sumo e conversando com o Fábio que trabalha lá e o chefe dele. Mais tarde apareceu o meu amigo Helton que me acompanhou ao centro onde eu ia encontrar-me com o Clemente que não apareceu. Parámos na estrada para comprar bula ao senhor simpático conhecido como “o senhor da bula” J Foi bom, a pequena caminhada deu para conversarmos e matar as saudades. Apanhei de novo mota desta vez para a Praia Melão para visitar a querida Minerva que teve um bebe há quase 2 semanas e que já me andava a chamar ingrata… A Gina tinha combinado vir comigo mas não atendeu aos meus telefonemas. Ela estava à minha espera na estrada. Mudou de casa, vive num sítio mais para o interior numa casa bem bonita com um lindo jardim, sem casas à volta, um sítio muito sossegado mesmo. Estava lá o Gerry com um amigo. Fui conhecer o Gersilon, nome que foi o Gerry a escolher que a Minerva nem gosta. Pelos vistos era o nome de um irmão dele que faleceu num acidente quando ele era pequeno. Estive a pôr a conversa em dia com a Minerva que tb estava com uma amiga. Fiquei lá a almoçar, foi muito divertido. Comeu-se bem, bebeu-se um vinho fresquinho e a conversa esteve sempre animada, falando de espíritos, tradições antigas e algumas coisas modernas. Aproveitei para convidá-los para almoçar cá em casa na próxima semana. Mais tarde apareceu a Mimi muito bem acompanhada….mas eu já estava de caminho para casa. Estávamos com muita saudade uma da outra mas vai ter de ficar para outro dia J Fui para casa, onde estive a fazer algumas tarefas. Recebi um telefonema de mau gosto o que me pôs um pouco deprimida… Mas não há nada como ouvir boas palavras de quem nos dá valor para animar um pouco a alma. Obrigada por tudo, amolê mu.

8/2/11

Bom dia,
Hoje tive um dia normal, com uma ida à net e o resto foi passado em casa..
Vou partilhar algumas informações sobre as tradições de São Tomé:


Povô iá Quitembú

"Quitembu é um trabalho em conjunto. Por exemplo, nós somos três ou quatro vizinhos, damo-nos muito bem. Tenho o meu campo, o meu trabalho, construção de uma casa, ou amanhos culturais num determinado terreno ou qualquer coisa parecida. Eu, sozinho, para fazer, leva tempo, dificulta-me... Então criou-se essa forma de quitembu. Eu tenho o meu trabalho: vou ter com o João, o Afonso, o Guilherme e vão todos comigo para o meu trabalho. Todo o mundo virá para o meu trabalho. Se for num domingo, nós somos capazes de o concluir. Então, no outro domingo, iremos para o trabalho de outro amigo, por exemplo do João. Normalmente esse trabalho é feito nos dias de descanso. ... Faz-se muita comida: calulu, nao pode faltar, banana da terra, vinho de palma... Compra-se bebida, trabalha-se e pronto, depois alegremente cada um vai para sua casa satisfeito, com a missão cumprida."

Povô iá quitembu
Sca meçe flá non mantxan
Bamu dêdê cu doçu món
punda é sá cua di téla nón
6/2/11 São Pedro ao rubro
Passámos a manhã em casa. Petiscámos restos da fruta assada e do peixe do dia anterior e fritámos banana e um ovo. Jaca também não podia faltar, pois apareceu o Lulu com um pedaço de jaca para mim. À hora de almoço ligou-se a tv para informação acerca de Portugal e do mundo. Em Portugal a vida não está fácil com tantos desempregados, o custo de vida a subir, assim como o preço do gasóleo e as novas leis do governo. Pelo mundo, catástrofes naturais na Austrália, no Brasil ainda a ressaca do derrube das montanhas e da destruição em massa que se seguiu; as manifestações no Egipto com todo o povo unido pela mesma causa, sem olhar a religiões e outros interesses… A maior parte das notícias costumam ser de índole negativa, o que é uma pena porque tanta coisa boa acontece a toda a hora também. Sou uma pessoa optimista mas mesmo assim às vezes ver um telejornal desmotiva-me. Temos de pensar positivo, ser proactivos perante as dificuldades…
A meio da tarde saímos para ir à festa do São Pedro. A marginal já estava cheia de gente e ainda não eram 17 horas. Fizemos uma caminhada até à praça e aproveitámos para ver como estava o movimento. Muitas pessoas, muitas barraquinhas do lado do mar com comida, bebida e claro, muita música. Estávamos parados num sítio e nunca ouvíamos apenas uma. Havia as discotecas de rua… Do outro lado da rua também muitas vendedoras no passeio a vender todo o tipo de coisas. Estamos na era em que tudo e mais alguma coisa é motivo para se tentar ganhar dinheiro e claro festas religiosas não poderiam ser excepção. Alegria não faltava, que é o que interessa. Depois voltámos e fomos a uma dessas barraquinhas improvisadas, enfeitadas com folhas de bananeira e fruteira. Já lá tínhamos estado na 5ª à noite com o Clemente a jantar e uma das senhoras tinha sido muito porreira e queria lá voltar. Falámos com ela, estava tudo cheio, mas ela disse que nos ia guardar uma mesa assim que alguma ficasse livre. Seguimos pela rua a ver a festa. Comi búzio do mar. Hummm. Depois lá voltámos para jantar, peixe grelhado com fruta pão assada e banana frita acompanhado por um bom vinho tinto. Estava um bom ambiente e estivemos sempre animados. Apareceram algumas pessoas conhecidas e depois o Clemente com um pessoal mas foram comer para outro sítio. Seguimos para a rua e fomos até à barraca onde estava uma tv com o futebol, pois havia um viciado na bola comigo. A boa notícia, independentemente do resultado do jogo, é que lá havia aquelas cervejas africanas bem grandes, de 65 cl. Aproveitámos logo para provar a Cuca, cerveja angolana. Saborosa… Fomos andando e parámos na barraquinha de uns nossos ex colegas do ilhéu, onde estavam o Nino e o Betinho. Lá não havia cerveja quase nenhuma, pelo que continuámos a andar até encontrarmos Bulaué Pastellin de Uba Cabra ao vivo. Ui! Grande espectáculo. Dançou-se de abuso! Foi bastante bom mas depois de ficar um pouco repetitivo, seguimos de novo. Fomos outra vez lá à barraquinha onde encontrámos mais uns conhecidos e uma nova aquisição… Ficámos um pouco por lá à conversa com esse pessoal, depois o Humber encontrou uns amigos e sentámos durante algum tempo. Mais tarde já na correria para ir à casa de banho encontrei as minhas amigas Edna e Lívia que estavam com o Clemente, mas a gente tinha de seguir caminho. Pouco depois, não sem alguma confusão, fomos para casa.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

08 fev

Acordo bem cedinho e parto às 7h para a cidade para uma pequena missão. Eh eh…Fui no carro do pessoal com o Xandinho, um gajo bastante engraçado. Uma pessoa extremamente bem disposta e conversadora (passou o caminho todo a gozar com o pessoal) ...eh eh…ainda parámos no meio do caminho a apanhar umas madeiras que tinham cortado…estava um calor de loucos…conheci uma zona que se chama Azeitona, mas não sei o porquê desse nome até porque não há lá azeitonas. Chegados à cidade o Xandinho leva me directamente a casa da Sra. Olga e do Xéxe. Porque queria eu conhecer estas pessoas, perguntam vocês…bem o filho deles saiu do Príncipe há cerca de 12 anos rumo a Portugal para jogar futebol numa equipa. Entretanto foi gostando e foi ficando até que conheceu a Cláudia, a sua actual namorada, que, por incrível que pareça, mora a 7 km da minha casa e conheço-a desde o 5º ano. Como o mundo é pequeno, como costuma dizer a Cláudia! O Ny, namorado dela, já não vê a mãe desde que foi para Portugal e então ficou combinado eu ir lá filmá-la para ela dar algumas palavras ao seu filho. Assim fiz, estive na conversa com eles um bom bocado, eles foram-me contando a vida deles, eu falei de onde tinha conhecido a Cláudia e a conversa foi rolando. Eh eh…são pessoas bastante simples e simpáticas e já querem encher a minha mala cheia de coisas para entregar ao filho deles. O que acho normal…mas não podiiii…mas levarei tudo o que for do meu alcance. Lá gravamos o videozinho, tirei umas fotos e pimba…bora lá que ainda haviam outras missões para se concretizarem durante esta manhã. Fui até à praça, procurar um motoqueiro para ir à Santa Casa falar com o responsável porque a Nora me pediu para ver se arranjava alojamento para uns voluntários que virão ao Príncipe. Cheguei lá e só estavam duas senhoras, uma delas a responsável mas não a big boss. E não vão acreditar na coincidência, era a mãe das filhas do Pedro comandante do Ilhéu das Rolas. Eh eh…como eu estava cheia de fome perguntei onde poderia comer um pãozinho com manteiga e ela ofereceu-me logo um…eh eh…o espaço é agradável mas estava vazio porque o transporte dos idosos que vão lá passar o dia tinha avariado…eh eh…quando estava a comer o meu pãozinho, apareceu me mais uma senhora que era nem mais nem menos que a irmã do Pedro e cozinheira da Sta Casa. Ainda estive um cadinho na conversa com as senhoras que estavam a cozinhar uma caldeiradinha de peixe…huum…estava com um aspecto delicioso mas eu não poderia ficar, ainda queria comprar umas coisas para mim para levar po Bom Bom. Fui caminhando pela cidade e sempre que encontrava uma pessoa perguntava onde poderia eu comprar doce de coco. É diferente do de SãoTomé e bem saboroso, mas não havia em lado nenhum. Passei no tasco da Lena, uma amiga da Ilka que conheci há uns dias atrás sópara cumprimentar e acabei por ficar a conversar com ela. Também ela estava ocupada com o almoço para os clientes. Fiquei com uma pena de não poder ficar a almoçar mas o dever do trabalho chamava-me. Ela estava a preparar um estufado de polvo com arroz e banana cozida. Estava mesmo calor, eu estava a sentir os meus ombros a arder. Rumei de novo para o centro, fui a um mini mercado e encontrei um das filhas do Pedro…eh eh…a família dele está em alta…eh eh…depois fui à CST e voltei a andar à procura do doce de coco mas a senhora que o fazia nem estava em casa. Triste parei em frente a cst onde tinha ficado combinado o Xandinho me vir buscar e vi uma senhora a vender um doce na rua. Um senhor disse me o nome mas não me recordo. Bem bom…eh eh…já que não havia o que eu queria…enquanto eu esperava, passou um senhor de bicicleta e perguntou-me como estava a saúde e a família, mas logo se apercebeu que me estava a confundir com outra portuguesa que tinha cá estado a dar aulas…eh eh…finalmente a minha boleia chegou…de mota…era mesmo o que eu precisava, sentir o ar fresquinho e puro…chegados a Santa Rita (uma roça abandonada situada a 10 minutos do resort) ele perguntou-me se eu não queria conduzir a mota (eu tinha comentado que queria tirar a carta)… No inicio tive um pouco de receio e disse que não mas ele lá insistiu e eu bora lá…eh eh…foi uma experiência espectacular…eh eh…mas ela era bem pesada, eu estava sempre aos zigue-zagues! O Xandinho é um óptimo professor e já me disse que quando eu quiser que me dá mais umas aulinhas…giro giro foi quando eu já estava mais descontraída e aparece me uma vaca no meio do caminho…ai ai…medoooooooooo…mas ele tranquilizou-me logo…quando chegamos ao Bom Bom o Feliciano (segurança) ficou a olhar para mim…eh eh…aqui eles acham todos que eu sou uma grande maluca…eu gosto é de aceitar desafios e sorrir e rir mesmo quando me apetece chorar…e não há um dia em que não elogiem essa minha maneira de ser aqui no Bom Bom e me pedem para eu ficar mais tempo…e eu também começo a gostar deles e acho que vou sentir a falta deles…afinal agora são a minha família…bem antes de ir trabalhar ainda fui ao restaurante para beber o café matinal que ainda não tinha bebido…e acabei por lá ficar bastante tempo com a minha equipa maravilha na conversa e a prender uns truques de magiaaaa…eh eh…diverti-me imenso…e eles acham que eu sou mesmo totó e que não ia perceber os truques deles…opaaaaaaaaaa…quanto ao resto do meu dia passou-se com normalidade…tirando um episódio bem frustrante…quando eu estava a regressar do jantar apanhei os clientes que tinham ido para a reunião com o Governo e um deles pediu-me por favor para ir com ele à recepção porque ele se tinha esquecido de algo bastante importante. Eu disse que sim, mas antes ele foi jantar e ficou combinado ele bater à porta do meu quarto assim que voltasse…assim o fez mas como ele se tinha demorado mais do que eu estava à espera eu já estava com a camisola do meu pijama e uns calções. Então assim fui até à recepção com ele…quando lá chego vejo o Mark, o next dono do Bom Bom, o primeiro africano a ir a lua, o criador de um programa qualquer…bem, nem queria acreditar…pedi desculpa por estar assim vestida mas parece que ele até achou graça à camisola do meu pijama, tendo comentado…eh eh…é um homem cheio de dinheiro, charmoso mas super acessível…pesquisem na net (Mark Shuttleworth)…eh eh…

A.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

5/2/11
Dia de tempestade tropical, com muita chuva e trovões. Foi bom para descansar e ficar pela cama até à hora de almoço. Soube tão bem. Depois estivemos a tratar do pequeno-almoço/almoço. A Gina apareceu para uma visitinha. Comemos de abuso. Banana frita, coco, esparguete com peixe fumado, milho. Depois ainda fizemos peixe frito (andala) com fruta pão assada. Fiquei bem cheia. Estivemos a ver tv e depois um filme que a Alex me tinha arranjado, the Hangover. Muito cómico. Às 19h segui para o Omali. Tínhamos um grupo de angolanos com reserva do restaurante. Havia buffet e música ao vivo. Começou muito tarde pois eles tinham ido visitar o sul. Conheci uma família de sul-africanas/portuguesas que vieram viver para São Tomé há 4 meses. O pai é português. Muito simpáticas. Durante o jantar, também tive uma proposta de emprego por parte de um cliente habitual. Fiquei de pensar na resposta, mas acho que já sei qual será J
3/02/11 Viajando pelo sul
Depois de uma noite bem passada, seguiu-se uma manhã de aventura. Fui passear com dois portugueses, que conheci no Omali. Fui ter à praça do Intermar de onde partimos rumo ao sul desta ilha maravilhosa. No caminho passou o presidente da república, rodeado de jipes e policia, que seguia rumo a Fernão Dias. Hoje, é feriado nacional, dia do massacre de Batepá, de 1953. A
O Miguel e o João vieram em trabalho a São Tomé durante 1 semana e ainda passaram na ilha do Príncipe. A viagem seguiu logo de inicio animada, falamos um pouquinho de tudo, da cultura e tradições de São Tomé, da vida em geral. Tinha planeado levá-los a conhecer o Norte, visto que conheço melhor e que acho que tem mais interesse. Mas eles já tinham ido até Santa Catarina no fim de semana, então fiquei de guiá-los pelo sul. A primeira paragem foi em Água Izé para eles conhecerem uma roça. Como era feriado, estava com muita gente na rua. Eles tinham rebuçados, as crianças pediam “doci, doci” e davam-lhes uma mão cheia deles. Elas estavam a delirar, até conseguiram abanar o carro. Foi uma situação engraçada, quase saltaram para dentro do carro para cima do João. Depois de Água Izé, a próxima paragem foi na Boca do Inferno. Aquilo lá é lindo. Fui a sítio onde não tinha ido ainda. Estava lá um casal que desceu até às rochas. Lembrou-me a zona das furnas no Ilhéu das Rolas. Muito bonito. Há um espaço onde faz uma espécie de piscina e dali pode-se ficar a observar as ondas a virem na Boca do Inferno propriamente dita. Vi sítios espectaculares de onde mergulhar. O único senão neste dia foi o clima. Não deu para tomar banho. Esteve sempre nublado e até chegou a chover. Depois seguimos viagem, leve leve. A estrada não estava muito má. Parámos numa das praias mais encantadoras da ilha, a Praia das 7 ondas. Esta praia transmite uma sensação de pureza, de paraíso. Há um encanto quando aquelas ondas rebentam na areia escura, uma a uma. Para além disso tem lá umas conchas que não há em mais praia alguma. Nunca vi nenhuma igual noutra praia, nem noutro mar, são lindíssimas! Depois de molharmos os pés e apanharmos as conchas, voltámos à estrada. Todo aquele verde sem fim a rodear-nos. Às vezes toda aquela cor parece que me põe ébria. Parámos em Ribeira Afonso onde fomos comprar água, lavar os pés e fui perguntar por safu que queria que provassem. Encontrámos uma senhora muito simpática que deu muito boas indicações e nos tratou impecavelmente. Depois Micondó, em honra da árvore com o mesmo nome, também conhecida como embondeiro. Vai sempre fazer me recordar do Principezinho e da sua aventura! Há coisas que nunca se esquecem.. “O essencial é invisível aos olhos”! Fico a pensar nos cheiros, nos sabores e nas sensações que tenho descoberto aqui. Únicas. Enquanto eles tiravam fotografias e faziam mais uma tentativa de ir dar um mergulhinho, eu fui dar uma volta pela praia. Apareceram umas raparigas que tinham ido apanhar coco. Perguntei se estavam a vender e arranjaram-me um. Pedi para abrirem com a catana o que ela fez na perfeição e bem rapido, momento que foi fotografado pelos meus companheiros de viagem. Muito boa a água do coco. Doce doce! Lá ofereceram outro e ficaram a pedir alguma coisa, mas não havia nada para dar mesmo. Fomos para o carro pois os estômagos já estavam a suspirar pelo tão desejado almoço na roça de São João. Ainda por cima íamos ter a honra de ter lá o João Carlos Silva para nos receber. Voltar à roça São João dá-me sempre uma sensação de chegar a um retiro espiritual. Para o espírito estar bem, o corpo também precisa de estar. Para além de toda aquela beleza do quintal da roça e a tranquilidade transmitida pelo espaço, a comida completa-nos, é divinal. Tudo é perfeito com um toque especial. Não apetece partir. Os três partilhámos da mesma opinião, o almoço foi muito bom! A companhia do João foi espectacular, a conversa desenrolou-se com normalidade, com muita curiosidade pela nossa parte. É uma pessoa criativa, lutadora, na qual os santomenses se deviam inspirar. E não só santomenses. Gostaria muito de trabalhar com ele um dia. Voltámos à estrada, com uma sensação calorosa e eu com uma rosa de porcelana na mão. Em Angolares havia festa, estava uma multidão naquela pracinha. Fomos andando a ver o que aparecia. A estrada não estava boa, com muita gravilha. Apareceram algumas vacas, crianças e pessoas vindo da caça. Passámos a ribeira de Io grande, a maior da ilha e depois voltámos para trás. Parámos várias vezes para darem rebuçados às crianças que deliraram e ainda me deram um pouco de jaca. HUMM. Os meus companheiros não quiseram provar, com muita pena minha. Ainda parámos a observar um pico ao longe com toda a neblina à sua volta. À chegada à cidade fotografaram os homens nas canoas. A maré parecia estar forte, remavam com força mas o barco não andava quase nada. Deixaram-me ficar no cruzamento de oque del rei e despedimo-nos até à próxima vez! Foi um passeio óptimo !! Obrigada aos dois!
À noite fui com Humber e Clemente até à festa de São Pedro. Ainda não estava completa mas já estava com barracas operacionais. Queríamos jantar. O problema é que só havia carne e carne e mais carne. Estava a achar aquilo tudo muito estranho. Na terra do peixe, não há peixe?? Apenas no 3º. Sítio onde entrámos e quando já íamos embora é que se lembraram que tinham polvo. Comemos com fruta. Foi bom. Estavamos muito bem dispostos e a senhora que vendia era bem simpática. Conversámos de abuso, foi muito bom! Ao ir embora descobrimos que roubaram a embraiagem da mota do Clemente. É preciso ter azar. Mesmo ali à frente de toda a gente! Bem chato. Empurrou-se a mota e ele conseguiu ir para casa. Apanhámos uma mota e também fomos. Foi um dia muito bom. Fico feliz porque continuo a fascinar-me com a beleza, a natureza e a simplicidade desta ilha. Espero que o contrário nunca aconteça. Enquanto for assim, a cada dia que passa existirá algo que me encantará e não vou querer partir. Que mantenham o respeito e a dignidade da mãe Natureza.
1 de Fevereiro de 2011

Acordei com o telemóvel a tocar. Estava a dormir tão bem. Ainda tive a peripécia de ir apanhar o telemóvel debaixo das placas da cama !!! Desta vez foi bem mais complicado conseguir apanhá-lo sozinha! Lembras-te Alex? Foi uma aventura nada agradável.
Era o Nicky quem ligava a saber se eu estava em casa para vir receber o pagamento da energia. Depois rumei à cidade aproveitando a boleia de um senhor militar muito simpático que também ia para lá. Esteve-me a dizer para comprar um terreno, fazer uma casa e quando for embora (para voltar) deixo a casa arrendada. Hummm. Até que seria bom!
Nas andanças encontrei um amigo que trabalhava no Miramar que não via há muito tempo. Estivemos a pôr a conversa em dia em pleno Bistp. Ainda ganhei 1 caneta. Depois disso fiz uma bela caminhada até à casa Amarela para tratar de uma declaração para prorrogação do visto. Digamos que fiquei um pouco nervosa com as conclusões e tive de me ir sentar na esplanada do café Baía a ver se acalmava e tomava alguma decisão. Nada me veio à cabeça. Não havia ninguém a quem recorrer, ninguém para conversar e me animar. Tive de recorrer ao telemóvel depois da raiva passar. Deixei-me ficar por lá a beber uma Sagres mini, estava 1 calor… O pior foi à saída, apareceram dois guias que eu não suporto e ainda me cobraram 20.000 dobras pela Mini. Não podia acreditar pois normalmente é o preço de uma normal! Ainda passei pelo mercado velho onde comprei uma coisita lá para casa, para o fogão de petróleo. A minha sorte foi a simpatia das duas senhoras vendedoras que me animaram com as suas palavras carinhosas e sorrisos bonitos. Apanhei uma mota na Praça e segui para casa. Na Marginal estão a tratar dos preparativos para a festa do S. Pedro. Uma festa muito aguardada por toda a gente! Passei a tarde em casa, à espera de quem não apareceu, a delinear ideias para um projecto e a tratar das coisas da casa. A energia fugiu mais do que duas vezes, motivo pelo qual tive de ligar uma velinha para me iluminar e rezar à Deusa da Luz... hehehe.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

03/02/2011

Hoje é dia de folga...huum...que vou eu fazer? Não tinha planeado nada de especial, também não há ninguém com quem planear pois os meus únicos amigos são trabalhadores do Bom Bom...acordo, tomo um banhito, visto uma roupinha de folga, agarro na minha máquina e bora lá tomar um pequeno-almoço. Aproveito para tirar mais algumas fotos de recordação deste bonito sítio...eh eh...prolongo o pequeno-almoço e aproveito a companhia dos meus colegas para conversar com alguém...o tempo não estava grande coisa então voltei ao quarto para mandar alguns emails e inteirar-me da situação do mundo...eh eh...eis que passado algum tempo aparece o helder no meu quarto e pede-me que vá à recepção. Fiquei logo assustada, não tínhamos clientes por isso nem me dei ao trabalho de trocar de roupa...eh eh...quando chego é me pedido que faça um trabalhinho que deveria estar acabado ainda de manhã. Fiquei logo xateada...NO MEU DIA DE FOLGAAA??? Fiquei pela recepção o resto da manhã até que me xatiei e fui embora...por volta das 13h vou até ao restaurante, sento me cá fora na esplanada a ler um livro sobre a Ilha do Príncipe enquanto esperava pelo almoço. Estava bastante vento, foi uma luta com as folhas do livro...eh eh...o Shoyu acabou por me fazer companhia para o almoço. Recebo uma chamada de Portugal, era a minha querida mãezinha a perguntar quando regressava para o meu país...eh eh...achei-lhe uma piada! Voltei para o quarto e acabei por dormir uma soneca até que me voltam a chamar e lá vou eu trabalhar mais um cadinho...eh eh...entretanto a Ilka e o Helder convidam-me para ir juntamente com eles para a cidade, jantar por lá e assistir ao jogo do Benfica...eh eh...fui logo tomar um banho e trocar de roupinha...às 16h lá estava eu junto ao portão à espera que a Ilka aparecesse para irmos embora no carro do pessoal. Desta vez fui lá atrás, juntamente com eles todos...eramos bués na parte de trás...foi uma viagem super agradável e refrescante...apanhar um ventinho...huum...quando xegámos à cidade fui até casa da Ilka e do Sr. Secretário (o marido dela), conheci os dois filhotes dela que são lindos e traquinas, fomos ao mercado, ao banco e à CST...fomos pousar as coisinhas a casa e às escondidas dos filhos saímos para ir buscar o nosso jantarzinho que tinhamos encomendado. Na cidade estava mais calor que no Bom Bom então decidimos refrescar-nos com uma cervejinha bem fresquina na Lena...eh eh...ainda encontramos lá o Gége que mais uma vez parecia estar perdido e à procura de concon...não havia...estivemos lá bastante tempo, ainda ensinei o filho da Lena a escrever os números até 10, falei com outra senhora que lá estava e assim foi passando o tempo. Quando o jantar já estava pronto fomos para casa, já só faltava meia hora para o jogo começar. Eu e o Nestor já estavamos sentadinhos à espera do jogo começar, bebemos uma bitola e começamos a jantar. O Hélder apareceu, como tínhamos combinado, com o Virgílio para jantar também...Passados 5 minutos, já estava acasa cheia de homens para assistir o jogo Porto-Benfica, sendo a maioria adeptos do benfica...bem é incrível ver jogos com esta malta, berram dabusoooo...estava a ver que ficava surda, então quando o benfica marcou os golos...credoéeee...até corriam dentro de casa, menos o Nestor (secretário) que estava bem xateado com o andamento do jogo. Assim que este acabou eles vieram trazer me ao Bom Bom...e passou-se mais um dia...

A.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

31 janeiro

É incrível como o tempo passa rápido...já passou mais um mês! Temos mesmo que aproveitar cada instante que a vida nos proporciona...eu bem que tento mas sinto me bem isolada nesta ilha...faltam me aquelas pessoas para conversar, com quem discutir, com quem desabafar e pedir o ombro para chorar...se bem que já arranjei aqui uma mãe, a Ilka...ela tem sido um grande apoio aqui, falamos imenso...e a equipa maravilha do restaurante (Amilcar, Aty e Ney)...se não fossem eles, acho que já tinha desesperado demais e ido embora...mais um dia em que vou até à recepção trabalhar um cadinho, por mim trabalhava o dia todo se bem que não sei se aguentavaaaa...eh eh...foi um dia normal, nada de especial aconteceu...

Deixo vos com uma pequena apresentação das pessoas do príncipe:

Amilcar - impõe respeito com a sua estrutura física, engraçado, divertido, gosta imenso de mandar umas piadas e gozar com o pessoal (não é maldoso), fala super bem inglês, gosta de se armar com o espanhol e o brasileiro;

Ramos - chefe do restaurante, gosta muito de dançar e cantar, às vezes sinto que ele não é verdadeiro, às vezes é super atencioso e outras não me liga nenhuma;

David - adventista a sério, muito boa pessoa mas um cadinho lento;

Gégé - a primeira impressão é que ele tem a mania, pela forma como caminha, veio de São Tomé e aborrece-o estar sempre no Bom Bom, pessoa aluada e por vezes parece perdido, diz se fiel à sua namorada mas tem várias para poder escolher aquela que tem melhor comportamento (eh eh), mas é um porreiro...

Aty - cara de anjo e o resto nem se diz, é louco por portuguesas mas só pelas estreitas, o que não for estreito nem para amiga serve, mentalidade pouco aberta mas no fundo até é engraçado discutir com ele;

Ney - batizado Bikini por mim porque não queria que a staff party fosse com bikinis, muito jovem, discreto, bué preto, pequenino mas engraçadinho;

Helder - é bem disposto, amigo, preocupado, tem bué de filhos espalhados e pelos vistos também gosta bastante de observar mulheres;

Ilka - melhor amigaaaaa, linda, querida, dá muitos mimos, sempre preocupada comigo, simpática, gosta imenso de falar, fica aflita quando está sozinha na recepção e os clientes não falam português;

Paulino - filipino, sempre bem-disposto, trabalhador, pequeno;

Carlito - chefe de manutenção, tem uns grandes olhos, sorridente, bem-disposto, amigo, preocupado, muito trabalhador;

Joshy - Shoyu foi o nome que lhe dei, indiano, chef de cozinha, pessoa complicada, aflita, fala um inglês super esquesito, brincalhão, gosta de mandar umas piadas.

Ficam já com alguns, os primeiros com quem começei a falar...

A

STAFF PARTY AT BOM BOM

Depois de uma noite bem passada no Passô, restaurante da cidade de Santo António, com o pessoal do Bom Bom a festejar o aniversário da Alcinda, acordo com uma dorzinha na cabeça. Nada de grave! Por volta das 9h fui tomar o pequeno-almoço, era o meu dia de folga e não tinha nada planeado a não ser a staff party que começaria as 14h. Então aproveitei o resto da manhã para me refrescar na praia, apanhar um solzinho…agradável mas um pouco boring porque não há companhia. Apenas uma mosca bem xata a rondar-me e a não me deixar estar sossegada. Por volta do meio-dia regresso ao quarto, tomo um banho e acabo por adormecer. Acordo sobressaltada às 15h30, bem xateada porque ninguém me veio chamar para a party e não a queria perder…vou até à recepção e estavam apenas dois clientes portugueses a navegar, nada de Helder, nem Pietro nem Ricus. Vou ao quarto buscar a máquina e parto à procura do local da festa. Eis que encontro os meus dois amigos, o Aty e o Bikini (nome que eu dei ao Ney), andavam à minha procura! Eh eh…Lá me levaram para a festa…Todo o staff estava presente e tudo perguntava onde eu estava…afinal lembraram-se de mim…eh eh…a festa foi junto à staff house, no relvado…estava um ambiente bem fixe…música, comida, bitolas, vinho e muita alegria! Como eu gosto destas festas…fui cumprimentar os meus amiguinhos que já tinham ouvido falar que eu dançava dabuso e que na noite anterior estava bem animada. Disseram que eu era muito animada e que gostavam da minha maneira de ser…eh eh…ofereceram me logo uma cerveja que aceitei com todo o gosto, deram me um pratinho de caril de frango…fui tirando umas fotos ao pessoal, com o pessoal…dancei, falei, bebi…soube mesmo bem…por volta das 18h a festa acabou, afinal tínhamos alguns clientes e havia pessoas que tinham de ir trabalhar. Ainda me convidaram para ir a uma festa ao Picão, uma zona relativamente perto mas já não estava com muita disposição. Por volta das 20h fui jantar, encontrei os clientes portugueses a quem a Margarida tinha falado de mim e acabei por ficar com eles na esplanada a conversar…eles ficaram pasmados com algumas histórias que lhes contei sobre São Tomé e deram-me os parabéns pela minha capacidade de adaptação e mudança…eh eh…depois foi só xixi e cama já que ia trabalhar as 7h no dia a seguir…

A.