quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ai calulu

Belo dia de sol, quente de abuso. Mais uma manhã rotineira com o banho de caneca, o pequeno-almoço e a ida a apanhar água para abastecer a nossa casa. Depois seguimos para a praia Emília, pois já não aguentava mais estar longe do mar. Estava a destilar… Mal chegámos, entrei na água e fiquei a nadar como não fazia há muito tempo... Estavam uns moços à beira e vieram-me perguntar como é que eu fazia para boiar e se podia ensiná-los… Estive lá a tentar que conseguissem pôr o rabo para cima mas é complicado…Um deles até conseguiu ficar aguentar algum tempo… Depois, os moços abusaram da confiança e começaram a perguntar se eu tinha namorado ou marido….Fugi logo… a Gina estava na toalha com a Alex e passou um rapaz a vender cana-de-açúcar e ela foi buscar para nós…Tanto ela como eu gostámos muito…O que eu queria mesmo era dáua mas não havia ninguém a vender por perto…então alguém disse que lá ao fundo da avenida estavam a vender, um dos moços que eu estivera a ensinar a boiar tinha 1 bicicleta, então a Gina pediu a bike e foi à procura das dáuas para as meninas… Esta rapariga é 1 espectáculo…Entretanto ficámos a apanhar sol, apareceu um amigo que levou um raspanete por não ter avisado que não ia à minha festa nem dito nada, estivemos a conversar e a Gina a jogar à bola num campo feito com balizas de pedra e estando eu e a Alex incluídas no perímetro do campo…… Aiiiiii…
Fomos para casa… A Jessica estava a fazer calulu/calelu/cálu…um dos pratos mais deliciosos da ilha, é “o guisado de legumes que pode ser feito com peixe defumado, frango ou carne defumada, não faltando o azeite de palma…é acompanhado de angú (massa consistente de banana cozida, pisada em ôdô de madeira)”[1] Cheirava bem, foi buscar um grande grande pilão para esmagar a fruta-pão que tinha estado a cozer… Fui lá dentro espreitar a panela e que delícia… Roubei a receita da Jessica, porque o calulu é uma receita típica mas toda a gente faz de maneira diferente, dando o seu toque especial…
Quando íamos fazer qualquer coisa para almoço, recebi um telefonema e fui passear e conversar até à praia Emília e depois fomos para a cidade, comemos qualquer coisa e andámos a passear pelas ruas desertas da cidade…Ao domingo é muito bom porque não há movimento nenhum quase, nem pessoas, nem táxis, nem motas..é uma paz, um silêncio!! Quando cheguei a casa por volta das 20h, fui-me deitar…dormi 12 horas…

[1] Salvaterra,Jerónimo (2009) – Mangungo, Mitos e cultura santomenses; Centro Cultural Brasil: São Tomé e Príncipe, 2ª ed. Pág.121

Mulher em STP

Após uma noite onde a comida, a bebida e alegria reinaram segue-se um dia bastante calmo. Parecia que algo que tinha abatido naquela casa. As palavras trocadas entre nós foram escassas, diria mesmo inexistentes. Parte disso culpa minha. Aproveito assim, este post para pedir desculpa às minhas piquenas que nada têm a ver com o meu mau feitio. Mais um dia em que descubro que fiz algo que não fiz e a injustiça tem feito parte dos últimos dias. Para vocês, que acompanham este blog, esta conversa pode parecer estranha mas não tem sido fácil lidar com esta cultura.
Aqui, neste país onde tudo podia ser perfeito, o termo “mulher” como sendo uma pessoa não existe. Esta não passa de um mero objecto. Como assim? A mulher é apenas uma dona de casa, uma mãe a tempo inteiro, uma enfermeira, agricultora, … que espera todos os dias o regresso do marido a casa com esperança que ele traga algo de comer ou algum dinheiro! E quando este vem de mãos vazias, a única suspeita é de que esteve com outra mulher! É pena a mulher permitir uma coisa destas, não se emancipar, não se tornar um pouco mais independente. É pena ela não sentir uma realização pessoal ou profissional e não lutar por isso. É pena ela ficar em casa à espera do marido. É pena a violência doméstica predominar na maioria dos lares desta pequena ilha. Esta é a realidade da vida destas pessoas.
Pergunto-me: Mas afinal o que significa uma relação para estas pessoas?
Respondo apenas com uma frase que encontrei num livro que fala da cultura deste país. Passo a citar: “ Amantisar é forma de casamento mais usual em São Tomé e Príncipe traduzindo-se em tomá muála (tomar mulher) e cuji hóme (responder ao homem). Com isto termino este post.

A.

Birthday in São Tomé

O dia começou à meia-noite no Café Companhia na companhia da Alex e de mais uns amigos… As minhas irmãs mandaram-me mensagens mt queridas e fiquei super contente… Depois aconteceu algo muito engraçado…Andávamos a pedir há muitos meses ao Haylton Dias (músico são tomense que sempre canta playback e músicas conhecidas) para cantar alguma das músicas dele que nós gostávamos… Era noite de ele cantar ao vivo, então a meio da noite ouve-se ao microfone….”Alixandraaa…..Marrgaridaaa” LOOOOL Lá fomos nós lá para dentro ao rubro…Foi de rir… Pouco depois arranjámos uma boleiazinha e fomos para casa…
Acordámos cedo com o telefonema de uma amiga as 6h30 da manha (já pensam que nós acordamos as 4h30) e pouco depois com um telefonema desagradável… Depois do típico pequeno-almoço, estivemos a tratar do Trivial e depois num passeio para ir comprar água andei a apanhar umas garrafitas espalhadas pela rua… Ao final da manhã a Gina trançou-me a parte de cima do cabelo (supostamente eu não posso trançar cabelo porque segundo a cabeleireira a que fui em Portugal, se fizer vou ficar careca…)e depois tive uma visita muito boaaa…. A Alex ofereceu-me o almoço num sítio um pouco mais chique..ou pelo menos um pouco maior e mais caro, Filomar. Comemos mt bem: entradas pãozinho com manteiga e molho de salsa, peixe barracuda e pardo com banana frita, couve, cenoura e batata cozida…acompanhados por uma caneca, sim uma caneca bem grande de sumo natural de mistura de papaia, banana, manga… Digamos que bebemos três copos bem cheios cada uma… Pagamos 10 euros cada, por isso foi um luxo para a nossa carteira..já não estávamos habituadas a pagar tanto..pois em dobras parece muito – 250 000dobras cada.
No caminho para casa tiramos umas fotos ao caixote do lixo, porque estava cheio de lixo à volta (para variar) e uma miúda que estava numa daquelas lojas começa a dizer: “ Branca até tira foto a Jojó” e eu respondi, explicando que o jojó estava ali mas o lixo no chão, ao que a miúda me responde que em São Tomé “não há lixo no chão” …. Eu questiono-me sobre o que será lixo para ela?!
Fomos até ao mercado num táxi no qual tivemos uma pequena discussão com o taxista porque eles cá em São Tomé enchem um carro de 5 pessoas com 6…Se não enche as 6 pessoas não anda… De rir… Bom, comprámos coisas para a minha festa – peixe, malagueta, alho, carvão, vinho e sumos. Tirámos fotos com alguns vendedores que já nos conhecem, o que é bom, porque no mercado normalmente ninguém deixa tirar fotos…Costumam ficar simplesmente furiosos. Também houve uma senhora que disse que não queria mesmo, para tirar só à banca e outro senhor que teve o tempo todo a tapar a cara, cheio de vergonha… Tão querido…
Para variar ouvimos muitas bocas a chamarem por nós…“brancasss” ao que agora nós respondemos “Branca é a tua bisavó…”, o que vendo pela perspectiva histórica até pode ser verdade… Normalmente matam-se a rir ao ouvir isto… As crianças no bairro também chamam muito “brancaa”, então como estou farta vou ter com elas e digo para não me chamarem mais branca que eu lhes digo o meu nome…ficam a repetir o meu nome no ar…Hoje uma míuda disse-me que eu tinha um nome muito bonito…Hehehe
Preparação do peixe – Gina. Preparação da fruta-pão – eu. Queria ajudar a Gina a escamar o peixe, mas ela pensa que ainda sou uma criança e não me deixou argumentando que me ia cortar muito… Pus o carvão, petróleo, fósforos e voilá J Lá está a fruta a assar, ficando bem preta… Assa-se com casca, só no fim quando está bem assada é que se descasca e corta-se às fatias tipo meloa… Hummm como eu gosto de fruta-pãoé… Entretanto vou recebendo muitos telefonemas de Portugal, família e amigos J A Gina faltou às aulas para ficar a arranjar tudo para a festa, foi uma querida!
A festa foi boa. Foi engraçado. Mais do género festa comunitária. Toda a gente do bairro foi avisada pelas tias da Gina, então eu estava na mesa e em vez de aparecerem os meus convidados apareciam pessoas que eu nem sequer conhecia… virava-me para a Alex e perguntava se ela os conhecia e matávamo-nos as 2 a rir… Mas só importa quem veio, por isso não fiquei triste. Já estou habituada com os sãotomenses, são mesmo assim. Ou não dizem nada e não aparecem, ou dizem que aparecem ou que estão a chegar a 1 sítio e depois demoram horas e horas a dizer alguma coisa…. É cultural…
Cada uma das tias fez comida, a Edna tb trouxe arroz e nós tb cozinhámos…Estava td uma delícia…Ofereceram-me 1 pulseira e 2 totos com uma flor cada, 1 porta-chaves de madeira com 1 pássaro endémico cá de São Tomé. Bonito. Também me ofereceram uns brincos muito lindos, parecem mexilhões mas é um material de cá…A irmã da Gina, Edna trouxe espumante que bebemos no final e um amigo uma garrafa de vinho tinto. Eu ofereci a mim própria vinho do Porto….heheh tinha trazido do aeroporto…Havia música no Sobi-Só… Não foi possível nem ir à Africana nem à praia mas foi mt bom…fomo-nos deitar por volta das 5 h da madrugada mas depois ouvi um carro a chegar e fui lá fora ver e eram as primas da Gina, vinham da Africana, tudo a cantar e dançar Bulawé, juntei-me ao grupo e mais uma Nacional…de pijama. Eheh “é Mama…até búzio dá beijinho…”
Uma festa para recordar…

MUSICAAAA

Deixamos-vos hoje com algumas letras de músicas do cantor Haylton Dias (já que este nos dedicou duas músicas no companhia), o cantor mais conhecido da ilha:

NADA A VER
“Hoje é um novo dia, o começo da nova vida…sozinha vai ser bem melhor do que estar mal acompanhada, fazer as coisas do meu jeito, levar a vida à minha maneira…”

MILENA
“Desde que ele foi embora, você já não é a mesma, o teu sorriso apagou, o sol já não brilha mais para ti, ele deixou a marca da paixão em ti, Milena…a noite a lua já não brilha mais para ti…”

ALÔ
“Te liguei para te dizer, está sendo difícil te esquecer, se ainda pensas em mim, na verdade te liguei para te pedir volta para casa, estou com saudades de você amor, volta para casa…”

DOUTOR
“ Sapato preto, calça preta, camisa branca, ele é Dr.
Saia preta, blusa branca casaco preto, ela é Dra.
Até Mané é Dr., Até choné é Dr., até jojo é Dr., até manuchum é Dr.
Ser malando não é malandroé.”

A.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Temporal Tropical

20/10/10

Hoje demo-nos ao luxo de dormir até mais tarde…acordámos as 8h da manhã. O tempo estava escuro, fui lavar a loiça acumulada do dia anterior. Depois do banho refrescante (água bem fria lançada à caneca e o shampoo que não quer sair do meu cabelo) começou a tempestade….chuva bem forte, trovões, parecia que o mundo ia acabar…não se ouvia mais nada para além do barulho ensurdecedor da chuva a bater nos telhados e chão. Está tudo um pouco inundado e até chove no meu quarto, pois tem alguns buracos nas chapas que fazem de telhado.. Sentámos à nossa mesinha e começámos a fazer as nossas coisas para nos distrair…ler, escrever, passar fotos para o computador…
O resto das pessoas da casa andam à chuva a aproveitar para lavar chão, lavar a pocilga e o porco, tomar banho e apanhar água para se habituarem a apanhar chuva e não ficarem com gripe da próxima vez que apanharem… Inspirador…. Ainda tentei que a miúda pequenita fosse para casa mudar a roupa, mas só depois de ela estar bem ensopada é que isso aconteceu… É cultural, acho que não podemos fazer nada para mudar certas coisas que estão entranhadas no modo de viver destas pessoas. Uma coisa que me faz confusão e que todos os dias vejo e não faço nada para mudar é a lixeira onde vivem. Não dentro das casas e quintais, mas sim à porta das casas, no espaço que existe entre umas casas e outras. Não sou eu própria se não fizer nada para tentar mudar isso. Mas como?? Eu digo à Gina, explico às crianças, mas aqui elas não estão habituadas a ouvir nem a obedecer… é complicado, no primeiro dia que vi como se acumulam garrafas de cerveja, plásticos e todo o tipo de lixo à volta do Sobi-Só, fiquei cheia de vontade de arranjar uns sacos plásticos e ir apanhar todo aquele lixo com as crianças da zona. Mas não há jojos (caixotes do lixo) cá perto e no dia seguinte surgiram coisas para fazer e nunca mais se proporcionou… Ainda. Quero mesmo fazer isso.
O problema aqui em São Tomé para além da falta de vontade das pessoas, é a inexistência de caixotes do lixo. Se eu disser que há três caixotes do lixo por Bairro, poderei estar a exagerar… Não sei como funcionam estas coisas, mas não será possível fazer uma parceria com uma empresa como a Lipor ou outra e mandar mais uns jojos para São Tomé?? É que faz mesmo confusão…Porquê o nome de jojos, já agora? Segundo o que ouvi, quando enviaram os caixotes do lixo, o presidente chamou-lhes jojos porque jojo significa uma coisa nova…Depois vieram os telemóveis nokia, aqueles mais simples e como eram uma coisa nova no país hamaram-lhes jojos também … Eu uso o meu jojo todos os dias…hehehe
Almoço com a Bary, minha amiga querida. Cozinhou-me um feijão à moda da terra, ou seja feijão com peixe salgado e muitas folhas exclusivas de São Tomé como folha mosquito e ainda pau pimenta e ossami. Mt bom, acompanhado de arroz. Estivemos as duas na conversa, muito animadas e depois recebemos a vista do cunhado dela que eu conheço do Ilheu. Estivemos a falar dos doces de São Tomé… estiveram-me a dizer como se faz e o que levam: o kufungo (banana e fuba), o fiote, a açucarinha, o cuço cuço (fuba,água,açúcar,sal,casca de coco), a bula (fuba,açúcar,leite,fermento), o bleguê bleguê (igual ao cuço cuço mas com mandioca em vez de fuba) e muitas outras coisas…
Estivemos no café companhia a navegar e depois fomos para casa descansar após uma pequena paragem na Padaria Miguel Bernardo…
M.M.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

19/10/2010
Saímos cedinho de casa para a praça, junto ao mercado velho onde iríamos apanhar uma carrinha direcção a Diogo Vaz para uma conversa com os outros voluntários – Pablo e Itziar. Aproveitámos a espera para irmos tomar o pequeno-almoço na pastelaria Miguel Bernardes, renovada. Quando regressámos à praça a carrinha já estava de partida. Mais uma viagem naquelas Hiace horríveis, cheia de gente e uma mistura de cheiro nada agradáveis. Chegadas a Neves, passado 1h procurámos transporte para Diogo Vaz. Apanhámos uma moto, nada melhor do que uma viagem ao ar livre, desfrutando da beleza da paisagem verde que esta ilha nos proporciona…
Diogo Vaz. Pablo e Itziar não estavam. Então lá fizemos um pouco de sala com Gustavo, o director da escola. Ele não era tão aborrecido se não fosse um patriota do pior. Em tudo o que dizia, a referência a Cabo Verde era inevitável! Confessou nos que no final do mês iria deixar a escola…
Assim que chegaram os esperados dirigimo-nos à sala de aulas onde conversámos sobre o que eles tinham feito durante as ultimas duas semanas e aquilo que se poderia fazer com os miúdos. Foi bom para podermos compreender melhor qual ia ser o nosso papel na escola e as dificuldades que íamos encontrar (embora não fossem novidade por já termos estado a trabalhar cá durante 6 meses). Nem sempre é fácil trabalhar com são-tomenses pois a maioria não tem formação nem hipóteses a ela mesmo nem nuca saíram do país. Sinto que eles não querem evoluir, que não lutam por nada porque nunca tiveram que se esforçar para ter algo. Fazem sempre algo se o incentivo for compensatório. Mas são boas pessoas. Após 2h de conversa fomos conhecer as outras áreas que ainda não tínhamos visto. Um dos quartos para turistas tem 12 camas. Adorámos! Se soubéssemos da existência deste espaço teríamos aproveitado para ir com um grupo de amigos! Regresso a Neves – motoqueiro. Pela falta de um fomos as duas no mesmo…eh eh…mais uma vez esperamos por uma famosa Hiace que nos levaria a casa. Aproveitamos para provar algo que nunca tínhamos visto: banana com fuba! UAU! A viagem para a cidade não foi das mais fáceis. É que para além dos cheiros ainda levámos com uma senhora insuportável que não se calou um minuto. Coincidência: não suporta cheiros estranhos. Então falou-se de vários cheiros desde banana, carvão, peixe, … no entanto houve algo na conversa dela que ficou marcado: “nós, são-tomenses quando queremos algo tem que ser no momento mas quando temos que fazer algo é tudo leve leve.”
Já na capital encontramo-nos com o Clemente e o Sílvio que nos pagaram umas cervejas, espetadas de búzio dabuso, banana assada, pipocas. Estômago cheio muito. Mas ainda tivemos que jantar em casa porque a Gina tinha preparado um jantarzinho para as princesas. Nem sei como conseguimos.
E mais uma vez dormimos neste sossego mas com a barriga cheia de tanta comida!
A.

Energiaaaaa

18/10/10

Acordámos a meio da noite com mais um dos meus gritos…Desta vez não era um rato que tinha caído do tecto para o meu colo, mas sim uns ruídos bem estranhos… Chamei a Gina e ela riu-se muito, dizendo que eram os cachorrinhos que nasceram de uma cadela e vivem debaixo da nossa casa… Entretanto, eu é que vou passando por doida…
Passámos a manhã no Companhia na Internet… Almoço no Quilombo, que saudades do pratinho saotomense a 25mil dobras – 1€ . A banana não estava muito famosa, não cheirava nem sabia bem, mas atacámos a matabala. Por outro lado, o peixe estava uma delícia!
À tarde, grandes chuvadas, uma ida à Internet ao Omali Lodge – hotel de luxo, mas que não tem mais do que uma tomada eléctrica em cada compartimento… Muito mau, ainda por cima nem uma tripla tinham para o caso de mais do que um cliente querer usar a tomada.. Tive de apanhar um motoqueiro e ir a casa buscar uma tripla. Bebi um sumo natural maravilhoso, mistura de manga, papaia e banana. Encontrámos um colega de trabalho do Pestana que ficou parvo a olhar para nós, literalmente parecia que tinha visto um fantasma.. Foi assustador…
Jantar em casa feito pelas nossas queridas Fati e Jessica – peixe cozido, banana cozida e sopa de esparguete bem picante. Um amigo vinha-nos visitar as 20h só que nós já estávamos na cama porque não havia ENERGIA…. À noite barulhos de abuso…
Abraços, M.

Marcha até Micoló com grupo da Igreja

17/10/2010

Esperava-nos um dia com actividades e aventuras.
8h30 – Encontro em frente à Igreja São Francisco de Assis para iniciar a 15ª Marcha até Micolló, onde era festa! Por entre muitas pessoas locais, iam duas brancas para uma caminhada desconhecida que começou com cantos religiosos de vozes agudas insuportáveis! Cantam tão mal! Chegando à Marginal 12 de Julho, estavam alguns miúdos, de 10 em 10 metros, a vender águas de coco! Nada melhor para se beber quando o sol vai queimando e colando a roupa ao corpo. Queremos 3! Eh eh…o grupo ia-se afastando à medida que o moço abria as águas de coco o que não nos incomodou nem um pouco, ainda nos obrigavam a rezar o terço! Chegando ao aeroporto, deixamos a estrada para começar a caminhada no meio do mato que logo iria dar à costa, por onde fomos até chegar ao destino. Por entre risos e conversas, eis que passado 1h30 chegamos à tão esperada festa que se fazia sentir na rua com música, muitas pessoas bem vestidas na rua, barracas com comidas típicas. Enquanto a Gina foi à missa lá no alto, onde se encontrava a igreja, aproveitamos para ir a praia refrescar e descansar. Mas descansar tornou-se quase impossível com a visita incessante de pequenos e graúdos que tentavam a todo o custo captar a nossa atenção. Praias tão belas podem tornar-se tão aborrecidas. O calor acabou por tornar-se um pouco desconfortável, então decidimos ir para uma barraquinha beber algo bem fresco e esperar pela nossa querida amiga. Bebemos 3 sagres seguidas acompanhadas e espetadas de búzios bem picantes. Ainda fomos surpreendidas pela actuação do Michael Jackson, de rir! Acabamos por almoçar lá, já que a comida da piquena nunca mais aparecia. Passado algum tempo decidimos apanhar um táxi, que aventura, no meio daquelas pessoas todas, ainda corremos atrás dum mas este acabou por estacionar. Não tivemos outra alternativa senão ficar na rua à espera que algum aparecesse rumo à cidade. Chegadas a casa, fomos dormir uma sestinha porque as pernas estavam pesadas dabuso. Eh eh…Depois um jantarzinho e um filme…
Dia cansativo, noite relaxante…
A.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

16/10/2010

Acordámos bem dispostas para mais um fim de semana. Depois do típico cafezinho de cereais variados e de umas papas de aveia com geleia de arroz, partimos com a Gina para saber informações sobre a piscina do Omali Lodge. Após uma conversa “animada” com o recepcionista, fomos beber um cafezito ao bar e fugimos para a Praia Emília. Preço da piscina , alto de abuso para o nosso orçamento…
O mar estava lindo, paradisíaco, a água quentinha… Soube muito muito bem..Apanhámos um solinho e depois seguimos para casa para fazer um almoço à europeia – esparguete com pimentos e cenouras e molho de tomate… o molho de tomate, que era ketchup foi comprado por 2 000 dobras que são aproximadamente 6cêntimos e veio num saquinho de plástico mt pequenino, assim uma pequena bolinha vermelha….Muito apetitoso… O que interessa é que a massa ficou bem boa e que nos deliciámos . Outra coisa boa foi ver a Gina a comer tudo o que tinha no prato… Ficámos orgulhosas das nossas qualidades de cozinheiras…
À tarde, prosseguimos na criação do nosso Trivial São Tomense que vai ficar um espectáculo, se tudo correr bem… Fomos interrompidas pela visita do amigalhaço Pinguim que nos apresentou umas nacionais..Ficámos na mesinha à entrada de casa com mais uns amigos a conversar… Depois alguns imprevistos..Zanga… Fomos jantar para a cidade com velhos amigos. Encontrámo-nos no Papa Figo onde conhecemos um senhor do Gabão, cliente no Miramar, com quem estivemos a praticar o nosso inglês, o que foi fabuloso para nós… Vamos ver se começámos a falar francês e inglês uma com a outra…. Fomos ao Karaoke onde estivemos a jantar e onde por acaso encontramos um casal amigo e uma amiga. Só encontros fruto do acaso… Noite calma para mim, voltei para casa com a minha irmãzinha africana…A Alex rumou à disco Africana para bombar…..
Abraços,
M
15/10/2010

Já passou uma semana! Parece que foi há mais tempo que pisámos STP! Dormimos 4 horas. 10H00: encontro com João Carlos Silva na Cacao – novo projecto onde se vai desenvolver uma série de actividades. Desde venda de artesanato, t-shirts com frases típicas (ex: leve leve me), quadros, aulas de música, animação para turistas, oficina de sabores com bar… um projecto a valer, sem dúvida, onde são “recolhidos” os artistas de São Tomé para que tenham mais na vida do que banana e peixe! Quem sabe não estaremos lá a dar uma mãozinha (após conversa com JCS). Vimos também uma exposição de fotos antigas daquilo que se vivia nas imensas roças na altura da colonização. É uma pena ver como o povo as deixaram deteriorar-se assim. As roças são/eram autênticas cidades onde tudo foi pensado com pormenor, tendo tudo para que os trabalhadores não precisassem de sair de lá! Acredito que os santomenses as abandonaram também para esquecer o tempo em que foram escravos, mas principalmente pela sua preguiçaaa… Assistimos a um pequeno filme da altura onde mostravam o dia-a-dia nas roças…diria mesmo enorme…estávamos sempre a cassumbar! eh eh! nem sei como nos aguentamos, ambas queríamos perguntar ao moço se ainda demorava muito mas nenhuma foi capaz de o fazer!
Aproveitamos depois para dar um giro pela cidade e tomar a única refeição do dia. Tomamos um cafezinho no passante e regressamos a casa de mota. Adoro fazer aquele regresso a casa de mota, passamos pela minha paisagem preferida onde as cores no mar se misturam…mas hoje estava diferente, tinha apenas duas cores que pareciam ser separadas por uma linha…é mesmo qualquer coisa! Obriguei o Titi a apreciar, eles parecem não ligar a isso! Lembrámos nos de passar pela maternidade para visitar a Minelva que tinha sido internada no dia anterior devido a umas dores. Entramos no hospital que mais parecia um quintal onde as pessoas e animais se misturam. Galinhas, galos, lixo, pessoas a comer e falar alto. Encontrámos finalmente o bloco da maternidade, o ultimo. Perguntamos pela nossa amiga mas a Sra nem sabia se lá estava, nem sequer foi ver o registo. Desculpem, não há registo! As pessoas apenas entram e saem! Entao fomos para a zona de internamentos e a enfermeira começou a gritar o nome da nossa colega, lindooo…já não se encontrava lá…os quartos eram qualquer coisa de assustador, tinham 10 camas, e um lavatório! Muito mau aspecto. Lembro me da Margarida me dizer para não olhar para os lados, apenas em frente, mau muitoé! Decidimos não voltar lá!!!
O resto da tarde não fizemos nada de especial, estivemos por casa tentando recuperar energias perdidas na noite anterior. E cá estamos para mais uma festa na discoteca aqui em casa, barulheira que nunca acaba!

A.

Aventuras só

14/10/10

Mais um dia em São Tomé. Este é daqueles dias que ficarão gravados na nossa memória pois foi cheio de aventuras.
O dia amanheceu cedo para nós com 1 caminhada até à cidade. Por mais vezes que a olhemos, a paisagem deixar-nos-á sempre boquiabertas devido a toda beleza que surge ao descermos do Bairro – o mar e a Baía de Ana Chaves ao longe.
Estivemos no Centro Cultural Português a ler alguns jornais e revistas locais para tirarmos ideias para o jogo do Trivial saotomense que estamos a criar para depois jogarmos com os míudos na Escola.
Almoçámos um peixito com banana frita e salada num cafezito e seguimos depois com a Nora (a responsável pela escola onde vamos fazer voluntariado) para Diogo Vaz. A chuva não parou de cair o caminho todo, estava muito escuro. Chegámos à escola e ficámos logo maravilhadas…a escola fica no antigo Hospital da Roça, sendo portanto um edifício colonial imponente. Conhecemos o director, Gustavo, caboverdiano, licenciado em Belas Artes e os dois voluntários Pablo e Itziar que estão a viajar por África, de cabo a cabo, e que ficam na escola até dia 22. Conhecemos os espaços da escola, a sala de Informática e de aulas, as cozinhas, o espaço de venda de artesanato, a carpintaria, um espaço para as crianças brincarem, os quartos e a sala de convívio. Gostámos muito da decoração dos quartos, muito arrumados, simples mas originais que foram preparados e o material feito pelos alunos da escola. Para além de uma Escola, é um espaço com alojamento para aqueles que vêm conhecer a Roça e praticar o Turismo Solidário. Fizemos uma reunião com todos os responsáveis e os voluntariados para saber em que áreas podemos ser mais úteis e para continuarmos o trabalho desenvolvido pelos dois voluntários, na área do Turismo e da informática. Ficamos muito entusiasmadas. Depois da reunião voltámos para a cidade com três turistas que tinham ido visitar a Escola. A viagem foi muito interessante, com muita conversa sobre São Tomé, o Ilhéu e os costumes das ilhas.
À noite jantámos no Bairro, num restaurante de uma saotomense que vive com um português. O português estava acompanhado por dois amigos portugas. Fartaram-se de falar connosco, estão cá em São Tomé já há alguns anos. Um deles, médico, segundo o que constou, estava podre de bêbado, mas conhecia Vila do Conde e o meu avô, pois ele tinha trabalhado nos estaleiros navais. O outro senhor, tem uma empresa de destilação de bebidas alcoólicas em Agostinho Neto e gosta de História, portanto foi interessante falar com ele. O senhor do restaurante gostou tanto de nós e de irmos fazer voluntariado que disse para aparecermos no restaurante dele qd não estivermos a trabalhar na Escola, para ajudarmos que nos paga qualquer coisa… Bom, no fim o senhor bebêdo não nos deixou pagar o jantar e ainda nos pagou algumas cervejas. Seguimos de boleia com o senhor da empresa de destilação para o Café Companhia para a noite de happy hour. Convidou-nos para lá irmos conhecer a fábrica e provar os licores.
A noite no Companhia foi ao rubro. Estava um monte de pessoal conhecido e as cervejas estiveram sempre a sair, até que as 1h30 da manhã já não havia mais cerveja… Terá sido falta de gestão de stock ou mt consumo??! O Haylton esteve a cantar o seu playback usual e mais uma vez fomos lhe pedir para cantar alguma das músicas dele, mas em vão. Diz que para a próxima não se esquece. A Alex cheia de lata foi falar com o João Carlos Silva, da “Roça com os Tachos”para saber quando ele ia estar na Roça São João. Estivemos a falar bastante tempo, contámos que já cá tínhamos estado e que tínhamos gostado tanto que tivemos mesmo de voltar. Falamos do voluntariado, ele ficou interessado nas nossas perspectivas e planos. Convidou-nos para ir conhecer o Projecto Cacau e o seu novo espaço, o Centro de Artes e Ofícios. Um senhor que estava com ele tinha vivido em Vila do Conde durante vários anos e estivemos a falar sobre a terrinha…hehe Soube bem… Como o mundo é pequeno…
Depois de as bitolas terem esgotado no Companhia, ainda não estávamos satisfeitas e rumámos ao Boca Louca para mais uns copos e danças. Foi bom de abusoé excepto que me começou a dar a fomeca e não havia nada para trincar.. . Como é possível?! Antes de irmos para casa, ainda passámos na Praia Emília para molhar os pés e mais umas conversas. Em casa, depois de algum histerismo acabámos por dormir as 2 juntas, pois os ratos não largam os nossos quartos e já temos pesadelos e tudo… Complicadoê….
Hasta siempre,M.m.
13/10/2010
Praia Gamboa
Mais um dia bem passado aqui onde o peixe com banana é o prato preferido da malta. Falo disto porque fomos convidadas por dois amigos (Adalberto e Ruslan) para um almocinho à Praia Gamboa. Saimos do centro da cidade por volta das 13h rumo ao destino que ambas desconhecíamos! Heis que chagámos à “porta” da “ Pestisqueira Quila”, onde se encontrava um grupo de mulheres a fazerem as típicas tranças africanas. Fomos recebidas com sorrisos de boas vindas. Não sabíamos o que ia ser daquele almoço. Instalaram a nossa mesa no meio da rua, quintal, entrada…enfim o que lhe quiserem chamar. Não digo que no inicio não ficámos um pouco receosas. Começámos por beber uma rosema bem fresquinha visto estar calor dabuso. Entretanto a conversa foi rolando entre os quatro. A companhia era boa e o peixe que se seguiu era óptimo, alias mais do que isso…acompanhamos o almoço com uma jarra de vinho tinto…eh eh…misturas que dão cabo de mim…fomos mudando a mesa de sitio que se tornava cada vez mais pesada, vai-se lá saber porquê…
Após mais umas jarras decidimos molhar os pezinhos à praia. Dificil muito para se levantar! Mas lá fomos…a praia não era propriamente o paraíso, nem apelativa sequer, apresentava demasiados vidros e lixo no chão! Uma pena…
Regressámos ao bairro numa super HIACE para 12 pessoas, nunca vimos tanta gente numa carrinha que em Portugal permite apenas o transporte de 9 passageiros. Mas após uma conversa com o motorista confirmámos no livrete que eram permitidos os tais 12 lugares. Doidos! Nós, brancas (como fazem questão de nos chamar), tivemos o privilégio de ir nos lugares da frente mas o cheiro intenso a peixe e outros odores indefinidos também se sentiram. Eh eh… parámos em casa e fizemos um mini lanche de chocolate com cerveja. Que delícia!
A noite foi calminha depois da oucura do almoço e lá adormecemos ao som de kizombas da discoteca Sobi Só (chamaria lhe antes: encosta só, tarraxa só, barulho só)!!!
A.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Gina agora vive com branca" ....

12/10/10
A chuva tem caído todos os dias. Primeiro miudinha, depois forte acabando por nos molhar mesmo e enlamear o chão.
De manhã fui de novo apanhar água. Desta vez fomos a outra porque na outra numa casa na Rua da Paz, a água já não corre. A EMAE é quem gere a água e a energia e vão cortando nuns bairros e zonas da cidade para haver nas outras. Hoje éramos um grupo grande, enquanto esperávamos para encher os nossos baldes e bules fomos apanhar mangas do quintal da casa. Eram muito doxis…
A Alex e eu tínhamos decidido ir a caminhar até à cidade. Demorámos quase uma hora. Na descida, a paisagem era deslumbrante – o céu escuro ameaçando uma chuvada contrastando com o mar de vários tons, azul, verde, cinzento. Sem palavras para descrever a beleza do mar tropical. Foi daqueles momentos que captamos com o olhar e guardamos no coração para nunca mais escapar à nossa memória.. Fomos dar um mergulho à Praia PM. Estava igual, o pontão ao meio a separar dois pequenos areais, o areal de cor escura, o Forte Museu Nacional à direita e o mar a Oriente.
Depois de uma caminhada pelas ruas já nossas conhecidas, chegámos ao Papa Figo (nostalgia), onde fomos almoçar qualquer coisa leve. Encontrámos antigos colegas de trabalho, soube muito bem.
Hoje pela primeira vez desde que chegámos, falhou a energia às 18h. Fui tomar banho de vela. Pensávamos que a energia ia falhar mais, estávamos a achar estranho ainda não ter falhado. Aqui como escurece a partir das 17h é um pouco chato. Nada com o qual não se consiga sobreviver… * M
11/10/10
Dia cinzento. Tudo parecia ter descambado. Coração magoado. Confuso. Mentiras descobertas. Um dia que parecia não melhorar a cada hora que passava. Chuva muito. Primeira ida a net. Chuva muito. Nervosismo. Encontro esperado mas já não desejado. Perguntas vinham à cabeça. Mas porquê? Nada daquilo que saía da sua boca fazia sentido. Assim fomos passando o dia sem entender o que se tinha passado na nossa ausência. Dúvidas. Nem o banho de caneca comunitário aconteceu! Música. Tarraxinha. Nucha e Yusii. Tudo ajudou para o mau-estar passar. Adormecer no silêncio do Bairro! Soube bem!
A.

10-10-10

Dia único na vida. Só acontecerá uma vez.
Deitámo-nos ao som da música que toca no Sobi-Só, discoteca situada em frente à nossa casa, no Bairro do Hospital. Aqui em São Tomé ter música a tocar é quase obrigatório. A toda a hora se ouve música. Acordamos de manhã ao som de kizomba, kuduro, bulawé e até romântica. Depende de quem põe. Ao início era um pouco chato, mas já nos habituámos.
Fomos apanhar água. A Gina apanha água e leva balde na cabeça desde os 5 anos. Hoje transporta um balde de 25 litros. Nós levamos dois “bules” cada – garrafão de 5 litros. Fomos buscar a água a casa da Mulata, onde há uma torneira caindo água “boa”. Não fica muito longe da nossa casa. Demora um pouco a encher os baldes. A Susy, de 12 anos, prima da Gina, também veio connosco e transporta um balde de 15 litros. No quintal da casa havia uma fruteira com fruta-pão ainda pequena e um limoeiro com limões do tamanho de uma bola de pingue-pongue verdes, mas aqui são colhidos e usados assim. Fomos lá três vezes. Abastecemos água para a casa de banho, banho, lavar dentes e mãos, descarregar água; para lavar loiça, para cozinhar. Daqui a um/dois dias iremos de novo. Experimentámos pôr a urdilha (pano enrolado que põem na cabeça para equilibrar o balde) e o balde na cabeça e conseguimos ficar sem tirar a mão uns escassos segundos. Todos os dias experimentaremos de novo até conseguirmos levar até casa. As pessoas já nos dizem outra vez “estas aqui já são saotomenses”.
Neste dia descobrimos muita coisa, aprendemos outras tantas. O mais importante foi a verdadeira amizade e a certeza que não poderíamos ter ficado numa casa melhor do que esta. Quintal de mulheres fortes, alegres, lutadoras, felizes. O coração é grande, o nosso também e recebe muito a cada minuto que passa. Reencontrámos velhos amigos, pessoas inteligentes que têm tudo para brilhar, mas São Tomé ainda está no início… Queremos contribuir com o que temos cá dentro enquanto podemos.
Também as crianças, os seus sorrisos, seus caprichos, seus abraços, seus gritos, suas palavras, são o nosso quotidiano. A dança também, reparámos todos os dias como o ritmo nasce com elas no corpo.
Fomos até ao mercado, que hoje, por ser domingo e dia de limpeza, foi na rua, numa praça da marginal. À chegada deparámo-nos com uma coisa engraçada, numa parede dizia, escrito à mão em branco: “Proibido urinar” e logo virado para a parede estava um homem a urinar…..
Por entre muita oferta, odores nem sempre estimulantes, cores garridas e muita gente a gritar para “as brancas” levarem isto e aquilo, escolhemos barriga de peixe andala, batata doce, cenouras, feijão verde, cebola e alhos. Ao almoço preparámos um banquete – peixe andala grelhado, batata doce e feijão verde cozido. Estava uma delícia, acompanhado de molho de malagueta e oléo de palma. Demos tb a provar castanhas assadas que trouxe de Portugal. Tudo isto foi feito no fogão a carvão, regado a petróleo.
No caminho para apanhar o táxi, mesmo em frente ao hospital, uma mulher disse para nós, enquanto eu e a Gina passávamos: “Gina agora vive com branca”. Rimo-nos muito as duas e a Gina diz “ Só a cor é diferente, mais nada…” M

Primeiro mergulho

09/10/10
Mais um dia passado num país que consideramos nosso!
Acordar com o corpo colado passa a ser regra do nosso dia-a-dia. No entanto, o pequeno-almoço (matabicho) foi tipicamente continental: café com bolachas. Acreditem: PÉSSIMA IDEIA! Calor muitoé! A manhã foi calminha, tirando as visitas incessantes de miúdos (roupas rasgadas e caras sujas) que parecem gostar da nossa presença. Passeámos pelas ruelas do bairro do hospital aproveitando cada paisagem para tirar fotos. Visitámos pessoas e foi aí que recebemos o primeiro pedido de ajuda: CHOQUE! Uma mãe desesperada pela saída inesperada da sua filha de apenas 19 anos por um capricho. Arrepios e as palavras não saíam perante as lágrimas de sofrimento desta mulher. Enfim…
Regressámos a casa para mais um almocinho naquela que consideramos a nossa casinha…o mais giro disto tudo é termos direito a presença do focinho do nosso porco de estimação na nossa própria cozinha…De rir!!!
Hoje também demos o nosso primeiro mergulho nas águas quentes e calmas de São Tomé: Praia Emília. Soube bem! O dia foi passando e fomos recebendo visitas de pessoas que nos são queridas. É bom estar de volta. È bom poder abraçar estas simples pessoas! Saudades, que se vão matando à medida que o tempo corre!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

´Primeiro dia


De volta a São Tomé. Mal posso acreditar. Mas sim, nós somos mulheres de palavra. Dissemos que voltávamos e voltamos. Sentimo-nos como em casa. É uma sensação estranha.
Depois do desconforto inicial do calor e da roupa colada ao corpo, a demora à saída do aeroporto, o arrumar as coisas da mala, a sensação que nos invadiu foi calorosa. As pessoas, os nossos amigos, os sorrisos, os abraços. A Gina, nossa verdadeira amiga,irmã, o Helton, o Edyzokas, o Humberlander, a família da Gina... A Edna, a Lívia e a Wi...O Watson e o Pinguim. A D. Ana, o Passante. As ruas, o mar, o Miramar. O Gerry, o Jair. O Café Companhia. A Cleusa. O Titi, meu motoqueiro, que nos acolheu com 1 sorriso de boas vindas. O cheiro no ar a São Tomé, quente, sem descrição, sem explicação. Viver à saotomense...escamar o peixe, comer fruta-pão pontada, tomar banho de balde e caneca...enfim, um lote de experiências novas que souberam muito bem. Ainda nao sabemos se foi macumba (feitiço), mas sim que tínhamos de voltar. Era imperativo para a nossa felicidade...
Abraços....cacaooooooooo!

No aeroporto


Regresso a Sao Tomé. Nós no aeroporto :)