quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mulher em STP

Após uma noite onde a comida, a bebida e alegria reinaram segue-se um dia bastante calmo. Parecia que algo que tinha abatido naquela casa. As palavras trocadas entre nós foram escassas, diria mesmo inexistentes. Parte disso culpa minha. Aproveito assim, este post para pedir desculpa às minhas piquenas que nada têm a ver com o meu mau feitio. Mais um dia em que descubro que fiz algo que não fiz e a injustiça tem feito parte dos últimos dias. Para vocês, que acompanham este blog, esta conversa pode parecer estranha mas não tem sido fácil lidar com esta cultura.
Aqui, neste país onde tudo podia ser perfeito, o termo “mulher” como sendo uma pessoa não existe. Esta não passa de um mero objecto. Como assim? A mulher é apenas uma dona de casa, uma mãe a tempo inteiro, uma enfermeira, agricultora, … que espera todos os dias o regresso do marido a casa com esperança que ele traga algo de comer ou algum dinheiro! E quando este vem de mãos vazias, a única suspeita é de que esteve com outra mulher! É pena a mulher permitir uma coisa destas, não se emancipar, não se tornar um pouco mais independente. É pena ela não sentir uma realização pessoal ou profissional e não lutar por isso. É pena ela ficar em casa à espera do marido. É pena a violência doméstica predominar na maioria dos lares desta pequena ilha. Esta é a realidade da vida destas pessoas.
Pergunto-me: Mas afinal o que significa uma relação para estas pessoas?
Respondo apenas com uma frase que encontrei num livro que fala da cultura deste país. Passo a citar: “ Amantisar é forma de casamento mais usual em São Tomé e Príncipe traduzindo-se em tomá muála (tomar mulher) e cuji hóme (responder ao homem). Com isto termino este post.

A.

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