quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ai calulu

Belo dia de sol, quente de abuso. Mais uma manhã rotineira com o banho de caneca, o pequeno-almoço e a ida a apanhar água para abastecer a nossa casa. Depois seguimos para a praia Emília, pois já não aguentava mais estar longe do mar. Estava a destilar… Mal chegámos, entrei na água e fiquei a nadar como não fazia há muito tempo... Estavam uns moços à beira e vieram-me perguntar como é que eu fazia para boiar e se podia ensiná-los… Estive lá a tentar que conseguissem pôr o rabo para cima mas é complicado…Um deles até conseguiu ficar aguentar algum tempo… Depois, os moços abusaram da confiança e começaram a perguntar se eu tinha namorado ou marido….Fugi logo… a Gina estava na toalha com a Alex e passou um rapaz a vender cana-de-açúcar e ela foi buscar para nós…Tanto ela como eu gostámos muito…O que eu queria mesmo era dáua mas não havia ninguém a vender por perto…então alguém disse que lá ao fundo da avenida estavam a vender, um dos moços que eu estivera a ensinar a boiar tinha 1 bicicleta, então a Gina pediu a bike e foi à procura das dáuas para as meninas… Esta rapariga é 1 espectáculo…Entretanto ficámos a apanhar sol, apareceu um amigo que levou um raspanete por não ter avisado que não ia à minha festa nem dito nada, estivemos a conversar e a Gina a jogar à bola num campo feito com balizas de pedra e estando eu e a Alex incluídas no perímetro do campo…… Aiiiiii…
Fomos para casa… A Jessica estava a fazer calulu/calelu/cálu…um dos pratos mais deliciosos da ilha, é “o guisado de legumes que pode ser feito com peixe defumado, frango ou carne defumada, não faltando o azeite de palma…é acompanhado de angú (massa consistente de banana cozida, pisada em ôdô de madeira)”[1] Cheirava bem, foi buscar um grande grande pilão para esmagar a fruta-pão que tinha estado a cozer… Fui lá dentro espreitar a panela e que delícia… Roubei a receita da Jessica, porque o calulu é uma receita típica mas toda a gente faz de maneira diferente, dando o seu toque especial…
Quando íamos fazer qualquer coisa para almoço, recebi um telefonema e fui passear e conversar até à praia Emília e depois fomos para a cidade, comemos qualquer coisa e andámos a passear pelas ruas desertas da cidade…Ao domingo é muito bom porque não há movimento nenhum quase, nem pessoas, nem táxis, nem motas..é uma paz, um silêncio!! Quando cheguei a casa por volta das 20h, fui-me deitar…dormi 12 horas…

[1] Salvaterra,Jerónimo (2009) – Mangungo, Mitos e cultura santomenses; Centro Cultural Brasil: São Tomé e Príncipe, 2ª ed. Pág.121

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