segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Temporal Tropical

20/10/10

Hoje demo-nos ao luxo de dormir até mais tarde…acordámos as 8h da manhã. O tempo estava escuro, fui lavar a loiça acumulada do dia anterior. Depois do banho refrescante (água bem fria lançada à caneca e o shampoo que não quer sair do meu cabelo) começou a tempestade….chuva bem forte, trovões, parecia que o mundo ia acabar…não se ouvia mais nada para além do barulho ensurdecedor da chuva a bater nos telhados e chão. Está tudo um pouco inundado e até chove no meu quarto, pois tem alguns buracos nas chapas que fazem de telhado.. Sentámos à nossa mesinha e começámos a fazer as nossas coisas para nos distrair…ler, escrever, passar fotos para o computador…
O resto das pessoas da casa andam à chuva a aproveitar para lavar chão, lavar a pocilga e o porco, tomar banho e apanhar água para se habituarem a apanhar chuva e não ficarem com gripe da próxima vez que apanharem… Inspirador…. Ainda tentei que a miúda pequenita fosse para casa mudar a roupa, mas só depois de ela estar bem ensopada é que isso aconteceu… É cultural, acho que não podemos fazer nada para mudar certas coisas que estão entranhadas no modo de viver destas pessoas. Uma coisa que me faz confusão e que todos os dias vejo e não faço nada para mudar é a lixeira onde vivem. Não dentro das casas e quintais, mas sim à porta das casas, no espaço que existe entre umas casas e outras. Não sou eu própria se não fizer nada para tentar mudar isso. Mas como?? Eu digo à Gina, explico às crianças, mas aqui elas não estão habituadas a ouvir nem a obedecer… é complicado, no primeiro dia que vi como se acumulam garrafas de cerveja, plásticos e todo o tipo de lixo à volta do Sobi-Só, fiquei cheia de vontade de arranjar uns sacos plásticos e ir apanhar todo aquele lixo com as crianças da zona. Mas não há jojos (caixotes do lixo) cá perto e no dia seguinte surgiram coisas para fazer e nunca mais se proporcionou… Ainda. Quero mesmo fazer isso.
O problema aqui em São Tomé para além da falta de vontade das pessoas, é a inexistência de caixotes do lixo. Se eu disser que há três caixotes do lixo por Bairro, poderei estar a exagerar… Não sei como funcionam estas coisas, mas não será possível fazer uma parceria com uma empresa como a Lipor ou outra e mandar mais uns jojos para São Tomé?? É que faz mesmo confusão…Porquê o nome de jojos, já agora? Segundo o que ouvi, quando enviaram os caixotes do lixo, o presidente chamou-lhes jojos porque jojo significa uma coisa nova…Depois vieram os telemóveis nokia, aqueles mais simples e como eram uma coisa nova no país hamaram-lhes jojos também … Eu uso o meu jojo todos os dias…hehehe
Almoço com a Bary, minha amiga querida. Cozinhou-me um feijão à moda da terra, ou seja feijão com peixe salgado e muitas folhas exclusivas de São Tomé como folha mosquito e ainda pau pimenta e ossami. Mt bom, acompanhado de arroz. Estivemos as duas na conversa, muito animadas e depois recebemos a vista do cunhado dela que eu conheço do Ilheu. Estivemos a falar dos doces de São Tomé… estiveram-me a dizer como se faz e o que levam: o kufungo (banana e fuba), o fiote, a açucarinha, o cuço cuço (fuba,água,açúcar,sal,casca de coco), a bula (fuba,açúcar,leite,fermento), o bleguê bleguê (igual ao cuço cuço mas com mandioca em vez de fuba) e muitas outras coisas…
Estivemos no café companhia a navegar e depois fomos para casa descansar após uma pequena paragem na Padaria Miguel Bernardo…
M.M.

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