terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

3/02/11 Viajando pelo sul
Depois de uma noite bem passada, seguiu-se uma manhã de aventura. Fui passear com dois portugueses, que conheci no Omali. Fui ter à praça do Intermar de onde partimos rumo ao sul desta ilha maravilhosa. No caminho passou o presidente da república, rodeado de jipes e policia, que seguia rumo a Fernão Dias. Hoje, é feriado nacional, dia do massacre de Batepá, de 1953. A
O Miguel e o João vieram em trabalho a São Tomé durante 1 semana e ainda passaram na ilha do Príncipe. A viagem seguiu logo de inicio animada, falamos um pouquinho de tudo, da cultura e tradições de São Tomé, da vida em geral. Tinha planeado levá-los a conhecer o Norte, visto que conheço melhor e que acho que tem mais interesse. Mas eles já tinham ido até Santa Catarina no fim de semana, então fiquei de guiá-los pelo sul. A primeira paragem foi em Água Izé para eles conhecerem uma roça. Como era feriado, estava com muita gente na rua. Eles tinham rebuçados, as crianças pediam “doci, doci” e davam-lhes uma mão cheia deles. Elas estavam a delirar, até conseguiram abanar o carro. Foi uma situação engraçada, quase saltaram para dentro do carro para cima do João. Depois de Água Izé, a próxima paragem foi na Boca do Inferno. Aquilo lá é lindo. Fui a sítio onde não tinha ido ainda. Estava lá um casal que desceu até às rochas. Lembrou-me a zona das furnas no Ilhéu das Rolas. Muito bonito. Há um espaço onde faz uma espécie de piscina e dali pode-se ficar a observar as ondas a virem na Boca do Inferno propriamente dita. Vi sítios espectaculares de onde mergulhar. O único senão neste dia foi o clima. Não deu para tomar banho. Esteve sempre nublado e até chegou a chover. Depois seguimos viagem, leve leve. A estrada não estava muito má. Parámos numa das praias mais encantadoras da ilha, a Praia das 7 ondas. Esta praia transmite uma sensação de pureza, de paraíso. Há um encanto quando aquelas ondas rebentam na areia escura, uma a uma. Para além disso tem lá umas conchas que não há em mais praia alguma. Nunca vi nenhuma igual noutra praia, nem noutro mar, são lindíssimas! Depois de molharmos os pés e apanharmos as conchas, voltámos à estrada. Todo aquele verde sem fim a rodear-nos. Às vezes toda aquela cor parece que me põe ébria. Parámos em Ribeira Afonso onde fomos comprar água, lavar os pés e fui perguntar por safu que queria que provassem. Encontrámos uma senhora muito simpática que deu muito boas indicações e nos tratou impecavelmente. Depois Micondó, em honra da árvore com o mesmo nome, também conhecida como embondeiro. Vai sempre fazer me recordar do Principezinho e da sua aventura! Há coisas que nunca se esquecem.. “O essencial é invisível aos olhos”! Fico a pensar nos cheiros, nos sabores e nas sensações que tenho descoberto aqui. Únicas. Enquanto eles tiravam fotografias e faziam mais uma tentativa de ir dar um mergulhinho, eu fui dar uma volta pela praia. Apareceram umas raparigas que tinham ido apanhar coco. Perguntei se estavam a vender e arranjaram-me um. Pedi para abrirem com a catana o que ela fez na perfeição e bem rapido, momento que foi fotografado pelos meus companheiros de viagem. Muito boa a água do coco. Doce doce! Lá ofereceram outro e ficaram a pedir alguma coisa, mas não havia nada para dar mesmo. Fomos para o carro pois os estômagos já estavam a suspirar pelo tão desejado almoço na roça de São João. Ainda por cima íamos ter a honra de ter lá o João Carlos Silva para nos receber. Voltar à roça São João dá-me sempre uma sensação de chegar a um retiro espiritual. Para o espírito estar bem, o corpo também precisa de estar. Para além de toda aquela beleza do quintal da roça e a tranquilidade transmitida pelo espaço, a comida completa-nos, é divinal. Tudo é perfeito com um toque especial. Não apetece partir. Os três partilhámos da mesma opinião, o almoço foi muito bom! A companhia do João foi espectacular, a conversa desenrolou-se com normalidade, com muita curiosidade pela nossa parte. É uma pessoa criativa, lutadora, na qual os santomenses se deviam inspirar. E não só santomenses. Gostaria muito de trabalhar com ele um dia. Voltámos à estrada, com uma sensação calorosa e eu com uma rosa de porcelana na mão. Em Angolares havia festa, estava uma multidão naquela pracinha. Fomos andando a ver o que aparecia. A estrada não estava boa, com muita gravilha. Apareceram algumas vacas, crianças e pessoas vindo da caça. Passámos a ribeira de Io grande, a maior da ilha e depois voltámos para trás. Parámos várias vezes para darem rebuçados às crianças que deliraram e ainda me deram um pouco de jaca. HUMM. Os meus companheiros não quiseram provar, com muita pena minha. Ainda parámos a observar um pico ao longe com toda a neblina à sua volta. À chegada à cidade fotografaram os homens nas canoas. A maré parecia estar forte, remavam com força mas o barco não andava quase nada. Deixaram-me ficar no cruzamento de oque del rei e despedimo-nos até à próxima vez! Foi um passeio óptimo !! Obrigada aos dois!
À noite fui com Humber e Clemente até à festa de São Pedro. Ainda não estava completa mas já estava com barracas operacionais. Queríamos jantar. O problema é que só havia carne e carne e mais carne. Estava a achar aquilo tudo muito estranho. Na terra do peixe, não há peixe?? Apenas no 3º. Sítio onde entrámos e quando já íamos embora é que se lembraram que tinham polvo. Comemos com fruta. Foi bom. Estavamos muito bem dispostos e a senhora que vendia era bem simpática. Conversámos de abuso, foi muito bom! Ao ir embora descobrimos que roubaram a embraiagem da mota do Clemente. É preciso ter azar. Mesmo ali à frente de toda a gente! Bem chato. Empurrou-se a mota e ele conseguiu ir para casa. Apanhámos uma mota e também fomos. Foi um dia muito bom. Fico feliz porque continuo a fascinar-me com a beleza, a natureza e a simplicidade desta ilha. Espero que o contrário nunca aconteça. Enquanto for assim, a cada dia que passa existirá algo que me encantará e não vou querer partir. Que mantenham o respeito e a dignidade da mãe Natureza.

Sem comentários:

Enviar um comentário