quinta-feira, 11 de novembro de 2010

8/11/10

Depois de um fim-de-semana bem passado e animado, voltámos para a Roça para continuar o nosso trabalho na Escola. A viagem foi um pouco atribulada, depois de uma longa espera que a Hiace enchesse e com uma discussão quente entre o taxista e uma senhora que o acusava de ser má pessoa. Nós só disfarçávamos o riso, porque a senhora não tinha razão. Ainda peguei na maquina fotográfica e filmei um pouco.
A viagem Neves – Diogo Vaz já se tornou numa terapia para mim. Foi fantástico, vislumbrámos inúmeras espécies diferentes de pássaros, cada um mais lindo do que outro, de várias cores, amarelos, azuis, vermelhos e castanhos. Um falcão enorme sobrevoou a minha cabeça enquanto eu ia na mota, foi brutal!!
Por serem ilhas inicialmente desertas e desprovidas de seres vivos, a biodiversidade que actualmente encontramos em São Tomé e Príncipe teve de aqui chegar e estabelecer-se nas ilhas e evoluir ao longo de muitos milhões de anos. A localização das ilhas e suas condições geográficas levam a que ambas sejam muito ricas em biodiversidade e em organismos endémicos, isto é que só existem nessa área geográfica. Por esse motivo, São Tomé e Príncipe é muito procurado para a observação de pássaros e tem um enorme potencial para a minha paixão, o Ecoturismo!
Estive a falar com os alunos e pesquisei nomes de alguns pássaros daqui e suas características:
Ossobô – quando ele canta dizem que “chama a chuva”. Não faz ninho, rouba o ninho dos outros pássaros. É pequeno, de cor amarela e verde. Tem um canto muito bonito.
Padé campo – é todo amarelo e pequeno.
Cessia – tem bico de papagaio de cor vermelha e é verde, castanho, amarelo. Anda no alto. É grande.
Truqui Sun Deçu – boca comprida de barriga amarela, coberto de preto.
Papa-figo – pequeno e rápido.
Conobia – de bico comprido vermelho, barriga vermelha e azul. Chamado de “santo de água”.

Começámos finalmente a dar aulas. Foi muito interactivo, achámos que eles gostaram. Turismo e Informática.
Deixo-vos algumas informações sobre a Escola de Artes e Ofícios para os mais curiosos:

Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz
Anunciada entre o azul intenso do mar e uma verde explosão de palmeiras e cacaueiros, a Roça é avistada por momentos no alto, através do magnífico edifício colonial onde funciona a Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz e o projecto de Turismo Solidário. Um cenário monumental que evoca as memórias do antigo hospital duma das Roças mais prestigiadas e melhor preservadas da arquitectura colonial de São Tomé.
No rés-do-chão da velha construção localizam-se as infra-estruturas da escola. Áreas espaçosas de grossos muros de pedra, hoje recuperados, dão lugar à biblioteca, sala de informática, atelier de carpintaria, oficina de artesanato, cozinha e uma loja de artesanato onde se exibem as inumeráveis peças feitas com maestria pelos alunos da escola.
O projecto iniciou-se no ano de 2001 num edifício que foi cedido à Natcultura que o reabilitou para a realização de uma escola de campo. Pretende-se dar uma opção de formação aos jovens que não tenham possibilidades de frequentar a escola oficial nem de levar com certa segurança uma actividade económica e permitir que no futuro tenham uma vida estável. Trabalhou-se durante os primeiros quatro anos em vários aspectos em paralelo: alfabetização, melhoria da dieta alimentar, formação dos professores ou cuidados de saúde e higiene. A formação orientou-se nas áreas de agricultura, apicultura e artesanato, entre outros. A partir do 4º. Ano lectivo e uma vez que os alunos foram alfabetizados, deu-se início à escola de ofícios, em sistema de internato, com o fim de dar possibilidade aos jovens (que residam a mais de 2km da escola) de concorrer. Actualmente decorrem aulas de Turismo, Informática, Fotografia e Inglês para além da prática e criação artesanal.

Turismo Solidário
Com o critério de conduzir a escola à auto-sustentabilidade económica desenvolveu-se o conceito de Turismo Solidário que constitui um novo subprojecto promissor da Escola de Artes e Ofícios.
Turismo Solidário mais do que um serviço de hotelaria é uma opção que proporciona ao visitante um conjunto de experiências e sensações enriquecedoras através do contacto directo com os alunos e a população local, permitindo-lhe assim entender a realidade cultural e as necessidades locais e consolidar os valores relativos da solidariedade, cooperação e interculturalidade. O objectivo principal é o intercâmbio de conhecimentos e culturas.

Visitas guiadas pelas dependências da Roça

Circuito 1 – Caminho de Santa Clotilde – passagem por antigos caminhos-de ferro, pelo cacauzal e a casa do feitor. Visita ao engenho de aguardente de cana (trapiche), onde se tem a oportunidade de conhecer as técnicas de fabricação, disfrutando de uma bela vista sobre o mar e Santa Catarina.
Duração – 2 horas.

Circuito 2 – Caminho de Santa Jenny – passagem pelos antigos caminhos-de-ferro, vale do Rio Água da Ilha, onde terá a oportunidade de conhecer a fauna e flora endémicas da ilha e visitar a dependência. Passagem pelo túnel.
Duração – 5horas.

Circuito 3 – Caminho de Maria Luísa – visita à dependência, tendo oportunidade de observação de vários pássaros endémicos e de uma paisagem deslumbrante, os cacaueiros e o mar. Passagem pelas Plantações de café, cedrelas e acácias. Vista sobre as dependências de São José e o mar. Dependência agrícola de Mulundo, onde se pode conhecer o funcionamento dos secadores de cacau.
Duração – 5h20

Rota do Cacau
Funcionamento da Roça
Cultivo cacau – funcionamento, cuidados, tratamento, colheita
Árvores de sombra
Fermentação
Secagem solar
Selecção para exportação
Processo de ensaque

Rota dos Túneis – de carro

Outras actividades
- actividades dos alunos
- trabalhos na horta
- confecção de refeições
- jardinagem
-prática de actividades desportivas
-dança
-aulas de artesanato (coco, bambu, cabaça) 2€ - 1h30

Sem comentários:

Enviar um comentário