segunda-feira, 8 de novembro de 2010

1º. dia de trabalho

2/11/10

Acordámos de manhã e ainda não havia água. Realmente não se ouvia o barulho do tanque. Ligámos ao moço que trata da casa que nos disse que possivelmente o tanque teria ficado sem água e que se tinha de comprar água para voltar a enchê-lo. Entretanto comemos uma banana madura cada porque tínhamos de partir para Diogo Vaz. Iria ser o nosso primeiro dia de trabalho, finalmente 
Pegámos nas mochilas e fomos apanhar motoqueiro para ir para a Praça. Durante a pequena viagem ainda atirámos as cascas da banana para dentro do caixote de lixo, em andamento… Escusado dizer que isto só é possível em São Tomé!! Na praça conseguimos arranjar os 2 lugares da frente numa Iace que ia para Neves, mas tínhamos de esperar que este enchesse até 15 pessoas (apesar de ser uma carrinha de 9 lugares) e então rumámos à padaria para um pequeno-almoço mais completo. Muito arrependidas de termos pedido torradas porque em São Tomé estas podem demorar mais de 20 minutos a serem preparadas. Frustrante. Só conseguíamos pensar nas nossas mochilas dentro da mala do táxi… Qd lá voltámos, o motorista/taxista estava preocupado connosco pensando que tínhamos sido raptadas! Hahaha. Mais uma aventura num táxi! Taxista pouco perfumado e com bastante jeito para pisar o acelerador. Música: uma kizomba foleira. O que valia era a paisagem sempre deslumbrante, o mar de todas as cores, as canoas balouçando com os pescadores de olhos postos no horizonte, os falcões sobrevoando o céu. Com tudo isso dá para ignorar os desconfortos da viagem. Antes de Neves, fizemos uma paragem em Ribeira Funda, antiga dependência em muito mau estado de conservação. Depois parámos em Neves onde apanhámos 2 motas para Diogo Vaz. Adoro aquela viagem, só dá para pensar “estou no paraíso”. O mar de um lado e do outro tudo verde com plantações, cacaueiros, árvores imponentes e consegue-se vislumbrar vertentes do Pico de São Tomé por entre as brumas, então vou recordando aquelas paragens, a beleza da floresta virgem, o ar puro que lá se respira. Passámos por dependências de Diogo Vaz, roça que tb pertencia ao Marquês de Vale Flor – Esprainha, Anambô.
Chegámos à escola e tivemos reunião com o Gustavo e a Rita, voluntária da área da Acção Social que tb cá está. Decidimos que aulas dar, Informática, Turismo e Fotografia, para dar seguimento ao trabalho desenvolvido pelo Pablo e a Itziar, introduzindo as nossas ideias e coisas novas que queremos desenvolver, aulas de Inglês que achámos ser muito importante para quem recebe turistas, Alimentação, Geografia e História, que parece-me são algumas das falhas do ensino daqui. Há cada situação a acontecer nas escolas, contam-nos cada história. A última é um aluno da escola que anda a estudar no secundário à noite e quando não quer ter aulas, leva cervejas para os professores e eles ficam a beber com ele e a aula passa para outro dia, um professor deu o teste ao aluno para ele o fazer em casa… e muitas mais um pouco chocantes. Claro que depois o conhecimento é escasso. Voltando
às aulas vamos tb sair para o terreno para estabelecer contacto com a comunidade. Ao mesmo tempo há uma série de coisas a fazer para melhorar a escola, a nível de turismo, de gestão de stock, de registo de visitantes, do menu dos turistas, etc.
Tirámos uma hora para uma sesta depois do almoço de arroz com peixe e mangas. Dá uma moleza no fim das refeições… Depois, estivemos a fazer os horários com a Rita. Vamos aproveitar as tardes para dar apoio escolar aos alunos da preparatória e para tentar promover o auto-emprego na comunidade. Vamos falar com um senhor que faz aguardente para arranjar o seu espaço, para pôr à venda e tb para fazer outros licores. A sua casa fica no caminho de um dos percursos pedestres promovidos pela escola e seria uma oportunidade para os turistas fazerem a prova e poderem comprar se quisessem. Queríamos também arranjar uma senhora da comunidade que soubesse fazer doce de coco, pois vamos ter um lanche em breve e queríamos aproveitar as potencialidades locais. Seria um rendimento para essa pessoa. Poderia vir à escola fazer, usar o forno solar e ensinar aos alunos. Também queremos incentivar a criação de um grupo de dança, talvez tchabeta pois há muitos cabo-verdianos na Roça. As aulas de fotografia vão ser dadas ao ar livre, no campo, na praia, para podermos tirar fotos e aproveitar para usá-las para fazer o folheto informativo da escola e um roteiro com informações de história, fauna e flora de cada um dos percursos. Tb pensámos em recolher flores, folhas e sementes e fazer um herbanário para ter em exposição no salão e apanhar sementes, cacau, coco, cajamanga, fruta-pao para ter na cozinha exposto quando há turistas.
Ao final da tarde tivemos de ligar o gerador e ainda fomos à net. Íamos apanhar caranguejos até à praia para comermos no dia seguinte mas depois foi cancelado para outro dia. Jantámos sopa de arroz e comemos o arroz da manhã com 1omolete de folha de micocó. A conversa foi muito agradável com o Gustavo a falar-nos das maravilhas de Cabo Verde e também um pouco sobre a fauna e flora de Angola. No final ainda tivemos um serão cultural sobre Cabo Verde – videoclips de funaná e vídeos promocionais do turismo lá, assim como 1 video sobre cada uma das ilhas. Todos os dias se aprende coisas novas. É tão bom. Se estivermos abertos para dar, também recebemos muito. Depois de uma noite bem passada, segue-se o sono numa cama com mosquiteiro, pois aqui há bichos voadores de abuso! Cumprimentos, M. M.

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