quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Jamila e Jamilo - Emoções ao rubro

30/10/10

Hoje foi o casamento entre Jamila& Jamilo. Pela primeira vez convidaram-me para ser madrinha dum casamento. Acordei cedinho para não me atrasar porque o casamento não era na cidade mas sim em Portalegre (60km que se fazem em apenas 2h) e tinha a responsabilidade de levar a noiva até lá. No entanto, tudo começou mal quando às 9h me dizem que já não tenho jipe porque o homem arranjou outro cliente e eu tinha ficado de passar a buscar a Jamila às 10h. Fiquei logo nervosa e contactei outro Sr. que lá me arranjou um jipe, chegando este às minhas mãos às 10h. Nada mau para são tomenses que andam sempre num leve leve. Depois fiquei de ir buscar o Apolo (padrinho) mas este lembrou-se de acompanhar um amigo ao banco junto ao mercado, então tive que aguardar meia hora no café companhia bebendo o meu cafezinho. Eis que ele me aparece lá de calções. Queria matá-lo! Fomos lá a casa para ele se preparar, ainda estive com a Cleusa, Lay e com o Kélsio ao colinho (bebé do Selsy e Lay), tão fofinho. Não entendo porque enchem os bebes com óleo Johnson. Será para ficarem mais brilhantes? É que até passam no cabelo. Entretanto o tempo ia passando, eram 11h quando saímos em busca da noiva perdida. Perdida porque andei de um lado para o outro para descobrir onde era o Salão Cadi em água bobo. Era no fim do mundo mas encontrei! Para minha surpresa, a noiva e a madrinha ainda não estavam vestidas! Quis morrer! Umas senhoras foram pondo as malas dentro do jipe e de repente vejo-o a rebentar. Para além das malas, levei a noiva, a madrinha, o Apolo, duas crianças (uma de um ano e outra de dois) e duas mulheres que não conhecia. Partimos às 12h para Porto Alegre numa viagem nada fácil, entre buracos, lama e obras que percorriam toda a estrada. Paragem em Angolares para comer qualquer coisa e toca a viajar de novo. É das viagens mais chatas que alguma vez fiz! Começou a chover para ajudar à festa! Eram 13h30 quando ficamos presos na ponte de Caué. Nunca tinha visto tal coisa na minha vida. Uma cheia num rio que nos impedia de passar para o outro lado pois cobria a ponte. Aí então comecei a ficar nervosa. A noiva não ia chegar a tempo! Isto realmente só em STP! Sim porque existe outra ponte que eles partiram e remediaram com outra minúscula. Que tal fazer umas obras? Ficámos parados uma hora a olhar para a água que corria fortemente. Também estava presa outra carrinha e uns clientes que rumavam ao ilhéu. Ligámos ao Sr. Nino (padrinho da noiva) para nos vir buscar no prado. Enquanto esperávamos dois homens tentavam passar a ponte a pé mas não conseguiram à primeira visto a corrente estar forte. Ainda me ri um cadinho, um deles ia perdendo o que trazia nas mãos. De repente um jipe com os piscas ligados, era o Sr. Nino. Não me perguntem como mas ele passou à primeira aquele obstáculo sem indecisões. Eu não tinha coragem! Lá estacionei o meu jipe e passámos para o prado onde ainda estivemos mais uma hora a olhar para aquele fenómeno que parecia piorar a cada minuto. 15h30: lá se encheu de coragem ao ver outro jipe passar para o lado de cá e passámos para o outro lado (confesso que fechei os olhos com medo de ficar ali), metade do jipe ficou submerso. Chovia imenso e chegamos à igreja por volta das 16h, uma hora atrasados. Havia na igreja uma tensão por não saber se chegaríamos naquele dia. O Jamilo estava bem nervoso, via-se no seu rosto mas assim que soou o inicio da marcha nupcial uma onda de palmas abafaram a igreja. A cerimónia foi bastante engraçada, não era um padre mas sim um pastor e estávamos numa Igreja Universao do Reino de Deus! Perguntei-me o que estava ali a fazer. O pastor começou por dizer que o noivo tinha estado a raspar o tacho antes da cerimónia. Rezou-se depois um pai-nosso de mão ao peito e olhos fechados, missa muito diferente das que estou habituada a assistir. As pessoas batem palmas, riem, completam as frases do pastor e passam a vida a dizer “está ligado”. Quis tanto rir! Em determinado momento, ele diz coisas com as quais discordo, como por exemplo “a mulher deve ser submissa ao homem”; “o homem é a cabeça e a mulher o corpo, mas o corpo sem cabeça não anda”. No fundo é aquela história do outro dia do papel da mulher nesta sociedade. Mas depois disse algo que me agradou imenso “o homem ama A SUA MULHER” reforçando o singular da frase já que a poligamia faz parte desta cultura. A cerimónia foi acontecendo e quase no final do casamento, o pastor chama os padrinhos ao altar. Que vergonha! Eu era a única branca ali presente e já chamava a atenção só por isso! Imaginem então num altar! Finalmente saímos da igreja e a noiva teve direito a pedaços de papéis em vez do tradicional arroz ou pétalas. Eh eh… digo noiva só porque não saiu acompanhada do marido. Atirou o bouquet assim que saiu da igreja mas eram só miúdos que estavam a entrada para ver qual receberia o tão desejado ramo! Mais uma diferença existente. Depois disso, as pessoas dirigiram-se ao cais a fim de apanhar o barco para o Ilhéu das Rolas onde se realizou o copo de água. A entrada para o barco foi bastante atribulada, metade das pessoas que lá estavam a impedir a entrada das pessoas nem sequer iam para o ilhéu. É preciso ter paciência! O mar estava agitado, não via a hora de pisar aquele chão. Relembrar-me dos bons tempos que lá passei! Assim que chegámos, comecei logo a cumprimentar aquelas pessoas que marcaram a minha passagem pelo ilhéu. Foi tão bom! A boda realizou-se junto à sala de convívio do pessoal do resort, estava tudo decorado com andalas, flores e à entrada (no chão) estava escrito “Felis Casamento” com umas flores. Os noivos e os padrinhos tinham uma mesa lá dentro reservada, os restantes dos convidados comiam no jardim em frente onde estavam colocadas mesas. Lembrou me os casamentos há 10,15 anos atrás que eram feitos no quintal de um dos noivos e haviam tachos enormes. A ementa foi boa: sopa de arroz e legumes, calulu(que não estava tão bom quanto o da Jessica), peixe com banana, frango assado, rissóis, bolos diversos e finalmente o bolo de noiva. A música estava a deprimir-me, do género Roberto Carlos mas não tardou a tarraxinha, kizomba e o kuduro. As pessoas iam-se concentrando lá fora na conversa e para uns passinhos de dança. Gostei do ambiente e conhecer a maior parte das pessoas ajudou a não me sentir mal. Muitos vinham dar me os parabéns, parece que é costume darem também aos padrinhos. Por volta das 22h, nós padrinhos, fomos levar os noivos ao quarto onde iriam passar a noite de núpcias. Mais uma coisa que não esperava fazer, afinal é um momento deles! Os convidados mantiveram-se no salão a beber, dançar e conviver.
Adormeço no ilhéu por volta das 2h numa cama toda partida mas feliz por ali estar.
(Este post está na primeira pessoa porque infelizmente a Margarida não pôde ir comigo devido à enchente no jipe).
A.

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