quinta-feira, 18 de novembro de 2010

09/11/2010
BOM DIA ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS DIOGO VAZ!
As aulas já começaram. Às 8h00 os alunos já estavam na sala para iniciarmos a formação. A primeira aula foi turismo, muito básica e prática para o que precisam aqui. Falamos sobre a definição do turista, qual o perfil de cliente que frequenta São Tomé, onde se alojam e quais as principais diferenças entre esses tipos de alojamento, o que há para visitar, como se deslocam na ilha e, por fim, quais os pontos fortes desta escola. Alguns, por timidez, nem participaram na aula mas a maioria falou qualquer coisa. A aula que se seguiu foi informática onde estivemos a fazer revisões sobre o que compõe um computador e o Word. Coisas bastante simples para o primeiro dia de aula. Às 10h00 chegou a Preta (uma moça da comunidade) para ensinar-nos a fazer doce de coco à santomense. Espectacular!!! A Maggie e a Rita ainda puseram as mãos na massa. Acho que, no total, fizeram-se 100 doces.
Hora de almoço. À tarde os meninos continuaram a fazer as peças de artesanato para o dia seguinte. Nós, voluntárias, preparámos algumas aulas já que tínhamos tempo livre. O dia passou bem rápido. Jantar. Nem vão acreditar, comemos sopa de arroz com legumes e arroz de feijão. Esta semana tem sido um abuso de feijão. Ficamos super inchadas. A bufar. Temos comido muito feijão e arroz porque a PAM é que fornece esses alimentos para a escola. Mais uma conversinha engraçada mas ao mesmo tempo chocante durante o jantar. O Neves (um dos alunos da escola) esteve na tropa durante duas semanas e passou um inferno. Quis armar-se em espertinho mas logo percebeu que a farda não é tão importante quanto a dignidade dele. Na rua eles até podem ser os maiores mas assim que entram no quartel não passam de uns escravos. Na altura em que ele foi, o quartel ainda não tinha água nem sequer para tomar banho, então o banho era feito numas águas paradas perto de Micolló. O primeiro ainda levava com água minimamente em condições mas quando chegava a ele (nº343) era só lama. Uma tristeza. Para além da água, os mais velhos não lhes davam comer. Por exemplo, serviam-nos a todos e depois começavam a contar de 10 em 10 até 100. Quem tivesse comido comeu, quem não tivesse azarito… mesmo que eles quisessem levar comida no bolso não tinham hipóteses porque eram revistados à saída do refeitório. O Neves ainda levou comida nos boxers, ganda espertinho, pena foi ter-se queimado. No entanto, não são estas as únicas coisas más que aconteciam lá. A tropa era bastante dura, principalmente para os mais novos ou “maçaricos” (como eles lhes chamam) que eram praxados. Penso que se arrependeu bastante do pouco tempo em que lá esteve e não o deseja a ninguém.
A.

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