terça-feira, 15 de março de 2011

11/3/11 Uma lufada de ar fresco chamada Susana

Recebi em minha casa uma nova hóspede. É sempre bom, a casa fica com outra vida, a rotina muda e a energia dela espalhou-se agradavelmente pelos nossos espíritos. Foi pena não ter recebido a Susana no primeiro dia mas tinha de trabalhar naquele que foi o meu dia de regresso ao hotel após a minha doençazinha.
Aconteceu uma coisa engraçada. Sabem quando conhecem alguém pela primeira vez e após umas horas de conversa, a sensação é de que já se conhecem há muito tempo? Pois é comigo e com a Susana foi assim. A cada assunto novo, mais uma coincidência. A nível de personalidade, temos muitas semelhanças mesmo. Gostamos ambas de comer muito e somos poupadinhas. Regatear preços com motoqueiros é connosco. Tudo isso e mais uma série de coisas íntimas que nem todos precisam de saber, mas até chega a ser assustador… Ela diz que parece que estivemos a ler sobre a vida uma da outra!
Durante estas duas semanas temos passeado bastante pela cidade principalmente. Andámos a pé percorrendo cada rua e esquina da cidade assim como cada restaurante, bar e grelha de rua procurando, ora o calulu ora a banana pontada assada. Fui encontrando alguns amigos e fui apresentando a minha nova amiga. Como costumam dizer que eu e a Alexandra somos irmãs, de mim e da Susana perguntam se somos gémeas! Tem imensa piada! Se vissem alguma das minhas irmãs acho que desmaiavam por causa das reais semelhanças! No Carnaval andámos atrás do desfile percorrendo todo o centro da cidade e acabámos por ser a atracção principal, vestidas de gémeas….
Conversámos tanto que às vezes na estrada me distraí e pus o pé nas poças de água e lama. Fomos nadar à Praia Emília e no Museu Nacional subimos até ao Farol, as duas com um pouco de vertigens mas cheias de vontade de tirar a foto de praxe lá em cima! Estava vento e cheirava fortemente a maresia, que sensação boa a da maresia! Comemos na rua e gostámos muito, ficamos bem cheias na D. Paula depois do búzio do mar, da fruta-pão com choco e da divinal banana assada pontada! No dia do Bocado, não comemos um bocado do calulu dado numa colher à boca pela avó a cada familiar sentado numa esteira no quintal como é tradição, mas sim um prato cheio, mesmo aqui em frente à minha casa. Os vizinhos são muito doidos, cada conversa que a gente riu de abuso. Fomos comer à D. Teté e depois fomos à Happy Hour do Passante, que modéstia à parte, estava tão fraquinha. Muito vazio, com pouca gente a dançar, ao que se chama aqui um ambiente frio. Deu saudade do Café Companhia. Ouvi dizer que vai reabrir com nova gerência, o que são boas notícias! Depois ainda fomos conhecer a discoteca Dj Cabelo perto do aeroporto na companhia do Humber, Apolo, Élvio, Juan Carlos e mais um pessoal habitual das festas. O ambiente também não estava nada de especial, mas deu para matar a vontade de dançar o que foi bom. Senti falta da minha Alex, do Clemente, da Rita, da Gina.
No domingo dia 13 de Março fomos ao Ilhéu das Cabras. Depois de algumas complicações e atrasos iniciais lá partimos – Susana, Élvio, Marisa, Águeda, Clemente, Humber e eu. A viagem foi feita num bote bem mais pequeno e raso que o carioco. O pessoal ia quase todo assustado, vi a Águeda agarrar-se aos dois meninos que estavam sentados ao lado dela, a cara do Clemente assustado ao entrar no barco, tremendo por todos os lados. Muito bom! A paisagem brutal e a sensação única, a saudade de estar no meio do mar, ali tão perto de me tornar sereia, espuma, concha e areal como contam as minhas fantasias, ali onde me sinto tão perto dos meus antepassados, onde as minhas energias se revitalizam. A proximidade do ilhéu das Cabras, pensando que finalmente ia explorar aquele cantinho que todos os dias me fixa e chama. A chegada à praia foi bonita. Via-se o farol lá no alto, ao olhar parecendo inacessível...um contraste entre o verde da vegetação e as muitas rochas da ilhota. Aproveitamos o mar, demos mergulhos do bote, fomos comendo. Recebemos companhia, por acaso nesse grupo vinham uns conhecidos meus do Bairro do Hospital, o que foi bom. Fomos subindo, com objectivos de ir até ao Farol. Encontrámos uma praia paradisíaca no expoente do termo! O meu deslumbramento instantâneo levou-me a descer até às rochas, despir-me rápido e atirar-me àquelas águas cristalinas. Pimba, um monte de ouriços a picar-me o pé. Ouriços com pico grandeê. Ké Kwá! Depois de retirado o grandalhão com o canivete fomos todos para o mar aproveitar aquela maravilha que nos esperava. Aquela praia era rodeada de rocha e num dos lados havia uma gruta. Lembrou-me a zona sul do ilhéu das Rolas. Muito lindo. Tirámos fotos para a posteridade! Passada uma boa meia hora ou mais seguimos para o Farol. Ao subir havia carroço para comer apesar de muito margoso. Ninguém se lembrou de levar água e já fizemos a viagem na hora de almoço. Havia caminho feito - umas escadas que eram um pouco altas demais. O que me fez esquecer a sede foi olhar para trás quando me virava! Que paisagem, que beleza, palavras para quê?? Ir embora porquê?? A minha vontade foi levar ali a minha família e amigos para verem todo aquele mar, aquela cor de água, a beleza natural no seu expoente! Via-se toda a costa de São Tomé norte, desde o pontão do Pestana São Tomé até à ponta de Neves, os picos ao longe, as montanhas, os montes, toda aquela vegetação contrastando com o azul esverdeado do mar. Uau!!!!! Lá no cimo ainda melhor! Apesar de algum cansaço por causa do calor, todos estávamos conscientes da qualidade do que estávamos a observar. Comemos goiabas bem pequenas apanhadas mesmo ali na goiabeira do farol. Como não poderia deixar de ser tirámos muitas fotos e depois disso a descida era inevitável. Na praia aconteceram algumas coisas pouco agradáveis com a chegada de um grupo da Praia Gamboa. Depois seguimos para Micoló, mas antes fomos até á praia Governador para eles conhecerem. Na praia Tamarinos eu, o Clemente e o Élvio demos uns mergulhos. Um espectáculo. A felicidade é tão boa, ainda mais quando partilhada! Em Micoló parámos e fomos comer búzio do mar e beber umas bebidas bem frescas numa daquelas tascas tão boas que nenhum restaurante chique da cidade supera, na minha humilde opinião. Encontrei o Walter com um turista, o Rui - que veio cá duas semanas dar uma formação na EMAE. Juntaram-se a nós e ainda estivemos algum tempo a conversar! Depois fomos para o mar de novo, mais duas paragens no ilhéu, o que não nos agradou e uma num daqueles barcos naufragados que há lá perto! Foi um bom passeio, tendo consciência que terei de lá voltar em breve. O meu coração fica preso nestes sítios, a floresta virgem, a praia deserta, a água transparente são as minhas paixões…é onde estou como peixe no mar!

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