domingo, 3 de abril de 2011

26/3/11 Despedidas e reencontros - um misto de tudo no coração!
Nos últimos dias andámos nas despedidas às nossas pessoas queridas, a tratar de alguns assuntos sérios e a comprar algumas coisas para levar para Portugal.
Andámos no mercado novo à procura de batata doce, banana-pão, matabala, peixe salgado, o pau pimenta e ossami. As duas estávamos com ideias de cozinhar comida santomense em Portugal, nomeadamente o molho no fogo e a izaquente. Também comprámos tecidos africanos e encomendámos umas roupinhas no costureiro e na nossa amiga estilista, a Tete, para oferecermos a amigos e familiares!
No último dia choveu muito, assim como lágrimas dos nossos olhos. Já estávamos a pensar "e se não voltarmos mais? o que será de nós sem estas pessoas?". Acabamos sempre por nos afeiçoar muito, tanto às coisas como às pessoas! Sempre fui muito saudosista, é algo tipicamente português, está no nosso sangue! Esse dia foi particularmente difícil por termos andado pela casa da Ayaya e no quintal da Gina a despedirmo-nos. A acrescentar a isso, fiquei um pouco desesperada por não conseguir resolver um problema que tinha de ficar resolvido antes de partir. Depois como agir quando se vai partir e deixar alguém para trás? Tentamos lidar com o vazio que já antecipámos no nosso coração mas não é nada fácil.
Acordamos às 4h da manhã. Normalmente a estas horas a preguiça no meu corpo é muita. Neste dia ainda foi mais. Não queria deixar o calor e conforto da minha cama para ir para aquele aeroporto esperar e engolir as mágoas! Aqui não se chora à frente dos outros, nem se beija nem se abraça muito mas que se danem os preceitos! Contou-me a Susana que no dia anterior lhes chamaram chorões e “que pouca vergonha”. Será que não sabem o que é sentir de verdade?? Questões à parte, depois de fechadas as malas e de dar uma última vista de olhos à casa saímos os 4 para o táxi. Estava ainda tão escuro, todo aquele cenário, a escuridão, o silêncio deram-me a sensação de estar a fugir de algo. Nem música havia. Foi estranho. Tentei pensar positivo e não me entristecer com a situação. O aeroporto já estava cheio de gente. Fomos pagar as taxas e depois fomos logo despachar as malas para podermos ficar lá fora e despedirmo-nos com calma. Depois de um tempão durante o check in, finalmente fomos lá para fora ter com eles e a Gina e 2 pessoas nos pediram para levantar malas à chegada a Lisboa e tb para entregar um envelope a uma senhora. Era fácil nos reconhecer, pois estávamos as 2 com as típicas trancinhas, não havia mais portuguesas com cabelo trançado no aeroporto. Por fim, lá chegou a hora de entrarmos pois já não se via quase ninguém fora. Últimos abraços e palavras e fomos as 2 para dentro. Ainda comemos qualquer coisa no recente bar do aeroporto, agora também com uma loja com coisas típicas da terra. Depois fomos as 2 a choramingar em direcção ao avião, abraçámo-nos e fomos das últimas a entrar. Voar assim com aquela sensação de incerteza de regresso é tão estranha. Olhei pela janela e só desejei gravar aquela imagem na minha cabeça para sempre –o mar lindo de tantas cores, o verde e as casinhas ao longe, as praias douradas tão convidativas… Mas o que disse à Alex e o que penso é que se queremos mesmo voltar, se é a nossa vontade, se é o que nos faz feliz, então vamos voltar! Ninguém nem nada poderá impedir isso!
Dormi bastante durante o voo e tb li um pouco. Foi um voo calmo sem turbulência alguma, mas ainda demos as mãos na aterragem pois estava cheio de nuvens e o avião a descer, a descer, sem vermos nada. Aterrar em Lisboa é sempre horrível para mim. Precisava de adormecer nessa altura para não ficar cheia de medo mas nunca acontece como é óbvio! Mal saímos do avião sentimos o frio a entrar pelos nossos poros! Aiiii!! Na recolha de bagagens ficámos muito tempo à procura das malas que nos tinham pedido para levantar. Tínhamos um tecido para cada mala e era pelo tecido que íamos reconhecê-las! Estavam bem pesadas! Foi de rir para metê-las nos carrinhos! Abrimos para ver do que éramos responsáveis e como já esperávamos era tudo comida – fruta-pão, matabala, izaquente, peixe salgado, safu, entre outras coisas típicas! A Alex ainda levou 1 fruta para casa que tinha pedido à pessoa que nos pediu para as levantar  Foi muito esperta! A senhora que ia buscar o envelope ligou-me a dizer que estava de lenço na cabeça e casaco e bege e à saída havia muita gente… Vi logo o meu tio e tia de Lisboa que me vinham buscar mas depois apareceu logo a mãe da Gina para lhe dar o que ela e a Edna tinham mandado! Era só gente à nossa volta, até parecíamos importantes! Entregámos as “encomendas”, agradeceram-nos muito e fomos a correr para as nossas famílias! O piqueno da Alex foi logo a correr para ela, todo fofinho. Fui ter com os meus tios, cumprimentei a família da Alex, despedi-me dela com um abraço e estávamos a ir para a saída do aeroporto quando vejo a Rita! Fiquei toda contente e demos um grande abraço! Mas infelizmente tinha de ir apanhar o comboio para o Porto e já não havia muito tempo! No caminho para lá fomos a pôr a conversa em dia toda entusiasmada que nem reparei na multidão e confusão da capital portuguesa! Já na estação rapei um frio e pior de tudo foi levantar a minha mala que está toda arrebentada nas rodas e no mecanismo de puxar e pô-la dentro da carruagem sozinha. Devia estar a fazer uma figura… A minha sorte foi a ajuda de um senhor! A viagem de comboio deu para dormir mais já que na noite passada não tinha dormido muito. Sempre gostei da sensação de andar de comboio, passar as fronteiras, ver a mudança de paisagens, ouvir a mudança das línguas e das cores sentada num banco dentro de uma carruagem. Tive a sensação de estarmos a ir a uma grande velocidade e não consegui apreciar a paisagem. Contudo a par da bicicleta o comboio continua a ser o meu meio de transporte preferido! Lembrei-me dos interrails que fiz…
Bom, finalmente estava a chegar ao Porto e a ficar toda entusiasmada por ir matar saudades! O meu irmão foi buscar-me à estação, mal saí do comboio vi-o logo todo bonito a sorrir para o seu Pitéu  Demos grande abraço e fomos embora. Ainda tivemos uns 15 minutos a falar com a Selma, filha da minha vizinha de Oque del Rei a D. Lena, que me tinha pedido para levar 1 grande saca para ela! Tudo coisas para o calulu! Ela veio acompanhada do namorado caboverdiano, tb muito simpático! Ficámos os 3 na conversa algum tempo, gostei mt dela. Já está em Portugal há 8 anos, está a estudar Turismo. Convidou-me para ir a casa dela comer o calulu quando fizessem! Enfim, passadas tantas horas lá cheguei a casa. Estava toda feliz…ao barulho da mala a percorrer a varanda do prédio, a Inês, a minha mãe, a Jo e a minha priminha Ana vieram logo à porta abraçar-me e dar-me beijinhos! Estavam com muitas saudades assim como eu! A minha prima estava com o coração aos saltos, o que teve muita piada! Fui à sala porque o meu pai e avó estavam lá em pulgas! Foi tão bom abraçá-los de novo! Tb estava o meu primo Pedro e a namorada e depois foi chegando mais gente! O meu pai e irmão tinham feito anos nessa semana, então tinha pedido à minha mãe para fazer uma festa para eles e aproveitar que eu chegava! Gostei mt, havia tanta comida que eu gosto, a quiche de legumes, a tarte de camarão e delicias do mar, a bôla, o caldo verde, os rissóis de camarão, patê de atum e tostas, salame de chocolate, gelado de morangos, tarte de chocolate e bom vinho! Uma maravilha! Estive na conversa com toda a gente, soube mesmo bem! Ainda tive direito a prendas de natal e tudo! Foi uma bela festa! Estar em casa, sentir o cheiro da casa, estar com toda a família foi tão bom!

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