quarta-feira, 24 de novembro de 2010

As riquezas das ilhas mágicas


Côco, Mandioca, Cajamanga, Manga, Maracujá, Cacau e Fruta-pão
22/11/10
Acordámos com muita muita chuva!! Manhã passada em casa em limpezas e conversas! Ainda estivemos a petiscar o grão mas depois saímos para a cidade à hora de almoço para ir comer á Jamila mesmo em frente ao Centro Cultural Português! Mesmo telefonando a reservar, esperámos mais de meia hora! Atum com banana frita e salada! Fomos até ao Café Companhia onde nos disseram que a Lulu (do restaurante onde supostamente íamos trabalhar ao fim de semana) andava à nossa procura porque tinha perdido os nossos contactos!!
Partimos para a praça para apanhar Hiace para Neves! Esperámos mt mt tempo, até deu para Alex tirar pêlos com a sua super pinça e espelho e para eu dormir encostada a ela! Isto tudo sentadas na Hiace! Chegadas a Neves la estavam os nossos motoqueiros e partimos para a escola! Foram a dormir, mesmo devagarzinho! Chegadas à escola, os alunos estavam a jogar à bola, não havia energia e estivemos a pôr a conversa em dia com o Gustavo sentados nos sofás do salão! Ao jantar comida diferente, sôo de mandioca!!

CHEIAS DE ABUSO!

21/11/2010
O clima estava pesado em casa. Parece que a chuva matinal afectou a disposição do pessoal lá em casa. Não se trocaram palavras nenhumas. Dormiu-se quase até às 11h00, soube mesmo bem! Não tínhamos nada planeado para fazer durante o dia, mas como? Há sempre alguém que se lembra de nós. E lembraram mesmo. A Edna (irmã da Gina) ligou à Margarida para irmos almoçar lá a casa por volta das 14h00. Ainda bem! Por um lado apetecia-me ficar em casa mas por outros queria ver pissoas. Saímos de casa então perto das 14h00 a pé, não se viam motoqueiros na estrada. Não trocámos mais do que 6 palavras, estava triste, senti saudades de casa e o meu pilar de São Tomé estava a rachar… lá conseguimos uma mota e seguimos para casa da Edna. Estava calmo pois os dois mais velhos estavam em casa dos avós, o mais novo estava a dormir e o marido dela estava a trabalhar no aeroporto. Enquanto ela acabava de preparar o almoço íamos conversando com ela e vizinhas. Ela faz bastantes perguntas, é muito curiosa. Conhecemos também o Onofre/Daniel/Lucas/Joaquim (é so escolherem o nome que gostam mais) que tem apenas duas semanas, bué de cabelo preto mas macio. Agarrei-o ao colinho e bateu a saudade do meu sobrinho quando ele tinha aquela idade que estava sempre bem no meu colinho. Ele tinha acabado de mamar e sentir um tremor por baixo do meu braço…eh eh…primeiro foram só gazes mas depois houve um cocó…opa, que miúdo malcriado…a mãe levou-o para trocar e eu, entretanto, fui para dentro assistir os clips que ela tinha colocado. Logo logo o almoço foi colocado em cima da mesa. Quando vi a mesa fiquei deliciada com a variedade de comida que havia: peixe frito e assado, búzio da terra, arroz, fruta assada, salada de alface e tomate. Um verdadeiro banquete! Ainda comprou uma garrafinha de vinho. Huum… o Iuri acordou e começou logo a fazer das dele…punha as mãos no peixe, agarrava na fruta e desfazia-a com as mãos. Ela contou-nos que quando ela compra arroz que ele o esconde para depois comer cru. Acho que ele é mesmo terrorista! A comida estava deliciosa e a minha barriga já não aguentava mais! Depois do almoço dançamos ao som dos clips…eh eh…ficámos lá até às 18h00, mas tínhamos que ir para casa porque íamos receber visitas. Apanhamos de novo uma mota mas desta vez tive um azar do caraças, o gajo ia a cantar música romântica…bah…assim que chegamos a casa senti uma necessidade tremenda de dormir um cadinho mas a Margarida ficou a preparar o jantar. Acordaram-me com beijinhos e sorrisos…uau…o jantar foi arroz integral (que eles não gostaram muito por ficar em papa) e guisado de grão, que estava delicioso. Todos gostaram! O Clemente também tinha aparecido lá em casa com umas bebidinhas, já que vem jantar que traga a bebida. Já lhe disse que não era mãe dele. Estive a adiantar o tapete para a entrada da nossa casa, a Margarida passava uma musica…esteve-se bem!
A.

AGOSTINHO NETO E CALDEIRA

20/11/10
Dormimos até bem tarde, todas! Fomos almoçar a casa da Gina que nos convidou para lá irmos! A Rita e eu tínhamos combinado ir à Roça Agostinho Neto para ela conhecer e para eu entregar as fotos às crianças com quem eu tinha estado quando lá fui em Março. Fomos de mota com o Pik e o Liar, motoqueiros de confiança! Foi uma viagem bem fixe! A Roça estava na mesma, entra-se lá e dá a sensação que entrámos noutro mundo, aquilo é enorme! Observámos os antigos caminhos-de-ferro que serviam para transportar mercadorias e trabalhadores entre as roças e suas dependências, as escadarias, o hospital de grandes dimensões onde nasceram alguns amigos nossos, a Igreja bem bonita (tudo num mau estado de conservação). Encontrei as crianças das fotos que ficaram tds felizes por recebê-las! Subimos ao hospital , onde agora vivem pessoas. Cada quarto é agora uma casa!! Chegámos à conclusão que o formato e planta do hospital é igualzinho ao da escola, tb antigo hospital da Roça. Faziam tudo igual, era brutal! Fomos ver uma pequena cascata por trás do hospital com os miúdos e quando tínhamos decidido ir comer peixe a um restaurante de Guadalupe, alguém falou de uma festa numa povoação próxima (Caldeira) que fica para cima do hospital. Então, mudança de planos, vamos à festa! Disseram-nos que a estrada estava boa, pois se aquilo é bom estado, não sei como será o mau!!! Buracos, lama, mais buracos naquelas tampas que há no chão! Tinha de se fazer leve-leve então aproveitei para filmar a paisagem que era espectacular – fruteiras, jaqueiras recheadas e outras árvores com uma vista sobre campos e montanhas ao fundo! Caldeira, uma amiga dependência de Agostinho Neto, é uma povoação bem agradável! A casa do feitor até não estava em muito mau estado e era lindíssima mas as da sanzala sim! Havia um grande relvado com algumas pessoas a conviver! Ficámos a saber que se estavam a realizar 13 baptizados ao mesmo tempo! Fomos dar uma volta pela sanzala e reconheci um rapaz recepcionista do Pestana São Tomé. Estava na festa porque tinha sido convidado por um amigo de um amigo da família. Heehe. Soubemos do local de outro baptizado e lá fomos ver como estava o ambiente! Tudo estava animado, o Pik conhecia o padrinho por isso fomos convidados a entrar para a festa! Mal entrámos reconheço uma amiga, a Cristina mãe de uma miúda do Bairro do hospital, a Jeuzi! Fez-me uma festa! Arranjaram-nos uns lugares ao lado do padrinho e pimba, num instante vieram cervejas, comida: grão com arroz, banana com peixe e ainda nos trouxeram um vinho Terra Mãe! Infelizmente o calulu tinha acabado… Depois na nossa mesa estava o Zito Tripa, um cantor que depois foi cantar ao vivo e toda gente delirou!! Houve actuações de vários grupos de dança! Conheci dois voluntários do projecto WACT – We are acting together, com quem eu tinha entrado em contacto em Portugal para fazer voluntariado cá, o David e a Vânia. Estão a promover o Turismo na Agostinho Neto. Pareceu-me interessante! Conhecemos uma mulata chamada Edna que nos esteve a dar conselhos quando fomos comer o bolo! O Pik e o outro vinham-nos buscar para ir beber um copo a outra festa, a moça ouviu e disse para vermos se eles não bebiam muito porque o caminho era perigoso! O Pik ouviu, começou a resmungar a dizer que ela era doida, que não os conhecia e que ele tinham vindo da cidade connosco! Quase que ia havendo porrada, por NADA! Enfim! Os ânimos lá se acalmaram (mas com santomenses isso é complicado) . A Rita já estava a dizer que queria ir embora porque estava escuro, então fomos! O caminho fez-se na maior das tranquilidades, mas o moço estava bem nervoso com o que se tinha passado! Chegámos a casa e havia puíta lá perto, aparentemente! Fomos a casa pousar as coisas e aproveitámos para convidar a Alex e o Humber para virem connosco, mas eles recusaram! Falámos com um senhor que nos disse que era Djambi, não Puíta e começava às 20horas! Faltava uma hora, então combinámos ir mais tarde mas depois não deu porque jantámos tarde, a refeição que a Alex tinha feito , peixe andala grelhado com fruta pão assada e frita! Ficámos por casa nesta noite de Lua Cheia….
19/11/2010
Regressadas da Roça. Nota-se pelo acordar. Ouvem-se os vizinhos a falar, cantar, ralhar…ouve-se a música, nada como o silêncio na escola. Mesmo assim dormiu-se bem. Hoje tínhamos uma tarefa bem importante: colocar os cartazes para as actividades que iriam decorrer na escola no domingo, a pedido da Nora. Passamos pela lexonics (onde se imprimem os documentos) e como sempre estava cheio. Com 7 pessoas ao balcão e não conseguem dar vazão à enchente de clientes. Ora vou paqui ora vou pali, ora atendo duas pessoas ao mesmo tempo e dá confusão. Ainda esperámos meia hora pela senhora que estava a nossa frente que não estava a conseguir acabar o documento dela e tinha erros. Vejam lá que escreveu “progecto” em vez de projecto. Até o meu computador assinala o erro…eh eh…lá estive a ajudar a senhora para ver se me despachava. Ufa…imprimimos os cartazes. Agora so faltava afixar pelos locais mais frequentados da cidade. Acabamos por volta das 12h00, o calor estava intenso. Paramos para beber qualquer coisa e fomos comprar aguinha para casa quando a Nora nos ligou para falar connosco. Aproveitamos a boleia e ela queria que fizéssemos um pedipaper para o próximo domingo lá na escola, pediu para organizarmos isso durante a semana. Já em casa cheirava a comidinha. A Margarida tinha ficado em casa com o Ronaldo para preparar o almoço e fazer umas compras. Estavam a preparar omeleta à moda da terra (leva peixe fumado e folha de micocó) com banana e fruta frita. Estava divinal! À tarde voltei para a cidade, estive no Pestana São Tomé com algumas pessoas conhecidas enquanto elas foram até à praia Emília com o Ronaldo dar um mergulhinho no mar. As horas passavam e tinha ficado combinado ir comer à Faty, ao Bairro do Hospital. Estávamos simplesmente à espera que o Apolo chegasse do Ilhéu e do Clemente que tínhamos convidado esta tarde para a Rita não se sentir sozinha. Eh eh… 20h30: estávamos de partida para o Bairro todos a pé. Os homens atrás e as mulheres à frente. Ainda tivemos o direito de ouvir uns piropos no caminho, nem os homens atrás nos valeram. A chegada é sempre uma alegria com as primas, encontramos a Elsa com o bokito no caminho e lá fomos para a Faty. Estavam sem energia mas a Lua cheia oferecia-nos iluminação, estava bem bonita. Mandamos preparar um peixinho com banana e umas rosemas. A malta estava bem murcha quando começamos a jantar. Nós, miúdas, ainda pensamos na possibilidade de ir dançar um cadinho à sobi-só mas eles nunca querem. São tão totós! Mas até nos surpreenderam e lá fomos todos depois de jantar abanar o rabinho. As músicas do inicio eram as famosas kizombas e tarraxinhas. Demos um pezinho de dança e íamos conversando. Quando um rapaz chamado Michel, conhecido do Apolo me convidou para ser madrinha da filha dele. Recusei logo. Não o conheço. Entretanto íamos saindo da discoteca para podermos apanhar um arzinho fresquinho, já que lá dentro tem só uma ventoinha. Estivemos para ir embora não sei quantas vezes nestas idas lá fora. Mas acabamos por ceder à música e curtir o resto da noite a dançar até nos cansarmos. Soube mesmo bem. Até a Elsa esteve a dançar na nossa rodinha junto ao espelho. Começaram a passar músicas para se dançar solto, dançamos à moda de são Tomé e Portugal…eh eh…mas assim que voltou o kizomba, fomos para casa. O caminho a percorrer parecia imenso, ouviam-se os pés a rastejar do cansaço. Uma noite bem agradável!
A.

A CASA DO SENHOR LUISINHO

18/11/10
Manhã calma, sem aulas. Estivemos a modificar os cartazes. Por volta das 9horas partimos as 3 rumo à casa do sr. Luisinho para conhecer o engenho de aguardente de cana e falar com ele sobre as actividades de domingo. Queríamos trazer turistas para vender umas garrafas! A Rita já lá tinha ido duas vezes, portanto não precisávamos de sair com um “guia”. Na passagem pelo enorme tanque da Roça, havia mulheres a lavar roupa, então aproveitámos para confirmar as indicações do caminho. Foi um caminho novo, para as 3. Muito bonito pelo meio do mato! Havia cacaueiros por todo o lado e tb fruteiras e jaqueiras e outras árvores de grande porte. Passámos por uma ponte onde corria um riacho. Estava fresquinho o ambiente! Chegámos ao ponto de viragem que nos iria levar à casa do senhor, a recheada mas inacessível mangueira na esquina! Andámos por entre pocilgas de porcos, casas e quintais e lá demos com a casa do senhor caboverdiano. Com uma família muito simpática, tanto ele e a mulher nos seus quase 70 anos de vida, têm os olhos azuis.. Pensámos que deve ser cataratas pois aqui ainda so vimos em pessoas idosas! Vimos o engenho (trapiche) e o espaço onde vai vender as garrafas e garrafões de aguardente aos visitantes! Convidou-nos para a sua casa e estivemos a falar da produção, dos rótulos e da possibilidade de fazer licores com frutos, ao que ele se mostrou reticente por não saber fazer… Ainda tivemos a ouvir a Rádio Nacional que se apanhava ali no meio do mato!! Espectacular!!! Vamos fazer uns cartões com as informações de venda para entregar aos turistas que venham À escola! Depois de conhecer os seus gatinhos e a sua neta Rosa, voltámos para a escola para continuar o nosso trabalho! Apanhámos cacau (que depois disseram que não se podia porque pertencem À empresa…)!
À chegada estive a apanhar folha de micocó da nossa planta da escola para levar para casa e fazer a omolete à moda da terra! A planta parece-se e tem um cheiro idêntico à Nevêda dos Gatos! Mas não sei o nome científico, tenho de descobrir!
No fim do “delicioso” Rancho (já não aguentámos mais comer feijão) estivemos à espera do taxista Eugénio que tinha combinado vir-nos buscar às 15h. Estive na sala de artesanato a ver o trabalho dos rapazes e ainda comprámos um porta-guardanapos e um açucareiro! Por fim, como o Eugénio não aparecia chamámos os motoqueiros de Neves para nos virem buscar. Em Neves esperámos mais de duas horas por uma Hiace. Deu para beber vinho de Palma, banana assada, bleguê bleguê, doce de coco, búzio da terra e ainda para ir fazer compras, pois já não ia dar para ir ao mercado na cidade e já estava noite. Depois de chegadas à cidade fomos jantar ao Karaoke e apareceu lá o Clemente com o Wilme. Fomos para casa, recebemos visitas e estivemos na conversa e depois fomos prá cama!!!

17/11/10 NADA DE NADA

O dia começou bem cedinho por aqui na roça. Às 6h00 já se acorda com a luz que entra pela janela que não tem cortina nem dá para abrir para arejar o quarto. Tomámos o pequeno-almoço e logo percebemos que não iríamos dar aulas porque os miúdos estavam atrasados no artesanato, que devia ser feito até ao fim-de-semana para ser vendido. Então ficamos pela sala de informática a alterar os cartazes para a actividade de domingo, a pedido da Nora, para serem afixados na cidade. Passamos a manhã nisso! Depois fomos almoçar, não era arroz com feijão mas sim esparguete à moda da Teresa. Delicioso! A tarde não passou muito bem visto ter estado na cama a tarde toda com dores de cabeça e arrepios. Tive que dormir mesmo obrigada. Na escola também não houve energia e acabaram por também não fazer nada de mais. Assim que escureceu ligaram o gerador e fez-se luz. Mais um jantarzinho na paz e fomos todos descansar. Este foi daqueles dias em que não se fez nadica de nada.
16/11/10

Manhã chuvosa. Acordei, deixei-me ficar na cama com preguiça e a ler um livro sobre São Tomé com entrevistas a escritores são-tomenses. Muito bom! Descemos para o pequeno-almoço e tivemos uma conversa animada com os miúdos e o Gustavo a mostrarem a boa-disposição logo pela manhã! Demos aula de informática, de turismo e de inglês! Ah como é preciso ter paciência!!!
Depois do almoço de arroz com feijão (“assim não dá, não”), fui com o Mingo apanhar folha de mátapa para a irmã dele que precisava para fazer molho de peixe. O campo à volta da escola tem muita variedade de plantas e há muita biodiversidade! Fico maravilhada muitas vezes! Da escola podemos ver o Pico de São Tomé, quando não está envolto em nuvens e nevoeiro intenso! À tarde começámos a dar explicações aos míudos do 6º ano da escola oficial. Tinham mais dúvidas a matemática. Vieram 8 alunos mais uma irmã pequena que veio acompanhar!! Tomei a liberdade de deixá-las com a matemática e fui para a sala de artesanato com o meu crochet, pois estava a fazer uma pega para as panelas da cozinha da escola. O Romário disse que me ensina a fazer os açucareiros de coco se eu o ensinar crochet…Hehehe! Mais tarde ainda enviámos os convites para o almoço de convívio a realizar no domingo e promoção de alojamento para todos os sábados!
Nesta noite mais uma vez comemos feijão e três alunos e uma voluntária ficaram com problemas intestinais… Aiiii!!!!
15/11/10
Que dia atribulado! A malta acordou em casa e começou logo a arrumar cenas e a fazer doce de côco para aproveitar o que tinha sobrado. Ficamos por casa até à hora de almoço na conversa e à espera que o forno se decidisse a cozer os bolinhos. Ainda tínhamos algumas coisas a tratar na cidade antes de voltarmos para mais uma semana na escola. Assim que estávamos prontas fomos para a rua à procura de motas mas nada. Então no meio da confusão do cruzamento que vai para a nossa aldeia parou uma mini hiace que nos levou até ao Miramar. O senhor queria cobrar-nos 50.000 dobras pelas 3 quando são apenas 10.000 dobras por pessoa. Ripostámos! Eh eh… andámos de um lado para o outro até que decidimos almoçar no Papa figo pois ficava perto e às 14h00 tínhamos combinado ir ter com a Nora. Comeu-se um bom peixinho com banana /Shouarma que demorou mais de meia hora a ser servido, possibilitando as moscas de nos chatear. Assim que acabamos fomos ter com a Nora, conversámos sobre o trabalho que estamos a desenvolver na escola e como já estava a ficar tarde decidimos partir. Ainda passamos na Lexonics para tirar cópias, no Café & Companhia para um xixi, revelar fotos, comprar recargas quando finalmente nos sentamos na hiace rumo a Neves. Já eram perto das 18h00 quando chegamos a Diogo Vaz, estava tudo escuro pois não havia energia. O Gustavo parecia esperar-nos à entrada da escola, os miúdos estavam na hora do banho. Foi das viagens mais cansativas que se fez até aqui. Arrumamos as nossas coisas, fomos jantar uma sopinha e quando demos por nós já estava escuro de novo na escola e fomos dormir.
A.
14/11/10

Domingo, dia de descanso! ! Manhã passada em casa, a acalmar da noite passada e a ver as notícias de Portugal e do mundo. É bom estar actualizada! Fiquei por casa enquanto a Alex foi passear para a cidade com a Rita. Almocei pelo bairro, mesmo num sítio bem pertinho de casa com um espaço para comer bem escondido à primeira vista. Carapau com molho e banana cozida. Deu para matar a fome!
Fui para casa, tivemos uma conversa bem importante. Tomei algumas decisões, coisas que têm de mudar. Estive a tratar das lides da casa e depois chegou a Alex e lá fomos as 2 para a cozinha. Papas de Aveia com coco. Entretanto chegou a Rita com pão e mais umas coisas. A Gina juntou-se à gente para o jantar. Estivemos a ver tv e ouvir música. Estes são-tomenses são mesmo viciados em novelas!! Ainda tivemos a visita do Clemente que se juntou à plateia viciada… Pelos vistos era o último episódio da “Escrava Isaura” mas já era a 3ª vez que passava na tv… Ainda vimos um filme todos juntos e depois hasta mañana! M.

13/11/10 - LOUCURA SÓ

Após uma jogatana de cartas na noite anterior só apetecia ficar pela cama a descansar a vista e aproveitar a companhia. Mas a Rita vinha a caminho da cidade para que lhe fizesse uma pequena visita, já que ela tinha ficado na Roça durante os outros fins-de-semana. Enquanto isso a Margarida tratou de fazer uns docinhos de coco para a malta. Apanhei uma super moto. Sabe bem apanhar um ventinho logo de manhã e apreciar a movimentação da capital. O calor estava insuportável. O sol queimava. E vento, só com o passar de carros e camiões se fazia sentir. Chegada a praça vejo a pequenina e primeira missão: levá-la ao mercado, mas ao novo. Não gosto muito de entrar no velho, os cheiros, o barulho, a multidão, a sujidade. Depois do mercado fomos caminhando pelas ruelas, mostrei-lhe algumas coisas, tirámos fotos até chegar a hora de regressarmos porque o almoço era lá em casa com as primas da Gina. Já tinha ficado combinado. Elas encarregavam-se de levar comida e nós comprávamos a bebida. Quando cheguei a casa, verifiquei que a miúda e a irmã que tinham ido ajudar a Maggie ainda lá estavam (provavelmente à espera do almoço) e os dois rapazes, o Humber e Apolo. Só dizíamos “é cultural”… eh eh… o tempo ia passando e não havia sinal das primas. Estávamos a ficar esfomeados e atacamos o doce de coco. Deviam ser 15h30 quando elas chegaram. Grande entrada! Barulho! Motas! Trouxeram as pequenas (Nucha e Yussi)… enfim! Lá se foram acomodando, tiraram a comida dos tachos e lá começamos a almoçar/lanchar/jantar. Estava tudo minimamente calmo quando começam a entrar pessoas e mais pessoas e de repente olho para o lado e desconheço mais do que conheço pessoas na minha própria casa. Mas foi bem giro. Ainda dançamos no meio da sala quando ficamos sem energia! Depois do jantar fomos todos até ao Bairro do Hospital curtir o sobi-só, estava bastante gente até. Mas nem entramos na super disco, ninguém ia aguentar aquele calor com aquele aquecimento de casa. Ainda nos pagaram uma nacional, o bokito da Elsa. Eh eh… regressámosa casa “a pejeiro” e adormecemos ao som do silêncio de Oque del Rei.
A.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

12/11/10
Sexta de manhã, fomos para a cidade bem cedo. Tínhamos muitos assuntos a tratar. Percorremos quase todas as “papelarias” para imprimir uns documentos. Quando finalmente o conseguimos fomos ao Passante, ao Papa-Figo e ao Pirata entregar os cartazes promocionais do Almoço de convívio de domingo e alguns panfletos. Estivemos também na sala de controlo do Miramar a fazer uma transferência na internet porque estávamos com dificuldade em arranjar um local com acesso à net. A nossa sorte foi ter os nossos amigos bem perto! Lá encontrámos a Wi que nos contou que vai para Portugal amanhã, durante 3 anos. Ela estava assustada, chocada. Informaram-na ontem que vai amanhã… Se isto se faz a alguém.?? Como terá tempo de se despedir, de preparar tudo em 1 dia e meio?? Os primeiros tempos não irão ser fáceis de certeza, mas penso que ela vai conseguir se adaptar bem.
Fomos almoçar a Santo António com o Clemente. Comemos bem, búzio do mar, choco grelhado com fruta-pão assada acompanhada de uma Nacional. Estava muito bom. Estivemos a pôr a conversa em dia com o nosso amigaço. Depois ainda fomos ao banco e ao Arquivo Nacional fazer umas pesquisas de uns livros e ainda trouxemos um livro sobre as plantas e animais de São Tome e suas propriedades. Seguimos por caminhos diferentes, eu para o Mercado fazer compras para o fim de semana, com a Edna e a Alex foi ao Bairro do Hospital dar uma explicação de francês à Gina. Mais tarde estávamos em casa a preparar-nos para sair para o jantar de despedida da Wi quando alguém bate ao portão…Não estávamos à espera de ninguém…e voilá, uma surpresa bem boa!! O Humber e o Apólo assim de repente! Depois de uma conversazinha lá partimos para Budo-Budo para o nosso jantar. O ambiente estava animado do lado dos mais velhos devido às bebidas… do outro lado, das amigas e irmãs, estava tudo um pouco tristonho. Lá comemos as 2 sozinhas (o que é normal aqui em São Tome) enquanto as meninas viam a novela! Ainda falei umas palavrinhas de russo com o marido da irmã da Wi que eu julgava ser português mas afinal é da Mongólia. Estivemos a falar de Portugal e de São Tomé, vendo as coisas boas e más de cada país. Demos alguns conselhos à Wi para se adaptar melhor. Às 21h30 tínhamos de estar em casa, então lá seguimos as 2 com um motoqueiro! Maluqueira! Estivemos a ver tv e a jogar ao keims. Os rapazes estavam a ganhar, nós conseguimos recuperar mas depois eles ganharam, não sabemos como! Tivemos que ir abrir o cacau que era o prémio do jogo! Depois de várias tentativas conseguimos, não sem primeiro acordarmos alguns vizinhos com o barulho do cacau a bater na madeira da varanda! Foi uma noite feliz!
M.
10/11/10
Berrei de noite. Acordei com o coração aos saltos. Sonhei que 1 espírito estava dentro de mim e eu não me conseguia mexer. A Rita acordou e veio bater à porta e eu fiquei a pensar que era o espírito. Assustador… O Neves também acordou com o meu grito. Queixaram-se muito, pensando que alguma coisa grave tinha acontecido. Depois do pequeno-almoço como tinha dormido mal, fui fazer uma sesta. O resto da manhã estivemos a preparar documentos para as aulas e na internet em pesquisas. O almoço de esparguete com fulu-fulu (atum) estava bem saboroso apesar do pouco peixe que tínhamos no prato. Na parte da tarde estivemos a preparar o salão para a recepção do grupo de turistas que vinham cá lanchar. Muita limpeza, preparação e decoração da mesa, decoração da sala de venda de artesanato e preparação de uma mesa com uma gamela com coisas típicas de São Tomé: a folha da fruta-pão, o cacau, mangas, cajamangas, maracujás e cocos.
Por volta das 16h30 chegaram os clientes. No inicio os alunos não sabiam muito bem o que fazer ou onde estar mas depois lá foram até à sala de artesanato trabalhar um pouco e tudo decorreu com toda a normalidade. Foi um convívio muito animado com a degustação do famoso doce de coco e a prova do sumo de tamarinus e de maracujá e ainda visita pela escola. O grupo trouxe algum material escolar para a escola e os alunos ofereceram uma gamela com uma maquete do edifício incrustada e o logótipo da empresa deles. Muito bonita. Houve muitas fotografias e tanta venda de artesanato que a loja até ficou vazia. Literalmente.
À noite íamos ter 3 clientes para jantar que iam ficar alojados na escola, então tivemos que planear em cima da hora um jantar agradável de acordo com as possibilidades do momento – omolete de folha micocó como entrada, arroz de cenoura com polvo e como sobremesa doce de mamão verde, que por acaso é uma delícia. Os turistas, um casal e um senhor jantaram ao mesmo tempo que nós e eram muito simpáticos. Ofereceram-nos uma cerveja a cada. O senhor apresentou-se como mágico e fez uns truques de magia… Bastante bem treinados que estavam. Os alunos entusiasmaram-se e começaram a contar anedotas e adivinhas. Aqui vai uma – Qual é a coisa que entra verde e sai preta?? É a fruta-pão quando vai ser assada! Hehehe. No final do jantar estávamos exaustas, seguimos logo para os quartos…
11/11/2010
Esta escola tem miúdos
Simplesmente fantásticos
Cada um com a sua maneira de ser.
Olho para eles e vejo um brilhozinho no olhar
Longe de casa mas perto dos
Amigos que aqui fizeram. Em família.

Admiro a capacidade e a vontade de aprender
Reclamam do
Turismo
E do dinheiro que não recebem. Ainda assim
Sinto que eles são felizes aqui e procuram um rumo.

Orientados por um director que
Faz tudo por eles e os
Incentiva a trabalhar e a
Criar mais. Este projecto é, sem dúvida
Inovador e prometedor de grande sucesso.
Orgulhosa de me ter envolvido nele
Sem medo.

A.
09/11/2010
BOM DIA ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS DIOGO VAZ!
As aulas já começaram. Às 8h00 os alunos já estavam na sala para iniciarmos a formação. A primeira aula foi turismo, muito básica e prática para o que precisam aqui. Falamos sobre a definição do turista, qual o perfil de cliente que frequenta São Tomé, onde se alojam e quais as principais diferenças entre esses tipos de alojamento, o que há para visitar, como se deslocam na ilha e, por fim, quais os pontos fortes desta escola. Alguns, por timidez, nem participaram na aula mas a maioria falou qualquer coisa. A aula que se seguiu foi informática onde estivemos a fazer revisões sobre o que compõe um computador e o Word. Coisas bastante simples para o primeiro dia de aula. Às 10h00 chegou a Preta (uma moça da comunidade) para ensinar-nos a fazer doce de coco à santomense. Espectacular!!! A Maggie e a Rita ainda puseram as mãos na massa. Acho que, no total, fizeram-se 100 doces.
Hora de almoço. À tarde os meninos continuaram a fazer as peças de artesanato para o dia seguinte. Nós, voluntárias, preparámos algumas aulas já que tínhamos tempo livre. O dia passou bem rápido. Jantar. Nem vão acreditar, comemos sopa de arroz com legumes e arroz de feijão. Esta semana tem sido um abuso de feijão. Ficamos super inchadas. A bufar. Temos comido muito feijão e arroz porque a PAM é que fornece esses alimentos para a escola. Mais uma conversinha engraçada mas ao mesmo tempo chocante durante o jantar. O Neves (um dos alunos da escola) esteve na tropa durante duas semanas e passou um inferno. Quis armar-se em espertinho mas logo percebeu que a farda não é tão importante quanto a dignidade dele. Na rua eles até podem ser os maiores mas assim que entram no quartel não passam de uns escravos. Na altura em que ele foi, o quartel ainda não tinha água nem sequer para tomar banho, então o banho era feito numas águas paradas perto de Micolló. O primeiro ainda levava com água minimamente em condições mas quando chegava a ele (nº343) era só lama. Uma tristeza. Para além da água, os mais velhos não lhes davam comer. Por exemplo, serviam-nos a todos e depois começavam a contar de 10 em 10 até 100. Quem tivesse comido comeu, quem não tivesse azarito… mesmo que eles quisessem levar comida no bolso não tinham hipóteses porque eram revistados à saída do refeitório. O Neves ainda levou comida nos boxers, ganda espertinho, pena foi ter-se queimado. No entanto, não são estas as únicas coisas más que aconteciam lá. A tropa era bastante dura, principalmente para os mais novos ou “maçaricos” (como eles lhes chamam) que eram praxados. Penso que se arrependeu bastante do pouco tempo em que lá esteve e não o deseja a ninguém.
A.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

8/11/10

Depois de um fim-de-semana bem passado e animado, voltámos para a Roça para continuar o nosso trabalho na Escola. A viagem foi um pouco atribulada, depois de uma longa espera que a Hiace enchesse e com uma discussão quente entre o taxista e uma senhora que o acusava de ser má pessoa. Nós só disfarçávamos o riso, porque a senhora não tinha razão. Ainda peguei na maquina fotográfica e filmei um pouco.
A viagem Neves – Diogo Vaz já se tornou numa terapia para mim. Foi fantástico, vislumbrámos inúmeras espécies diferentes de pássaros, cada um mais lindo do que outro, de várias cores, amarelos, azuis, vermelhos e castanhos. Um falcão enorme sobrevoou a minha cabeça enquanto eu ia na mota, foi brutal!!
Por serem ilhas inicialmente desertas e desprovidas de seres vivos, a biodiversidade que actualmente encontramos em São Tomé e Príncipe teve de aqui chegar e estabelecer-se nas ilhas e evoluir ao longo de muitos milhões de anos. A localização das ilhas e suas condições geográficas levam a que ambas sejam muito ricas em biodiversidade e em organismos endémicos, isto é que só existem nessa área geográfica. Por esse motivo, São Tomé e Príncipe é muito procurado para a observação de pássaros e tem um enorme potencial para a minha paixão, o Ecoturismo!
Estive a falar com os alunos e pesquisei nomes de alguns pássaros daqui e suas características:
Ossobô – quando ele canta dizem que “chama a chuva”. Não faz ninho, rouba o ninho dos outros pássaros. É pequeno, de cor amarela e verde. Tem um canto muito bonito.
Padé campo – é todo amarelo e pequeno.
Cessia – tem bico de papagaio de cor vermelha e é verde, castanho, amarelo. Anda no alto. É grande.
Truqui Sun Deçu – boca comprida de barriga amarela, coberto de preto.
Papa-figo – pequeno e rápido.
Conobia – de bico comprido vermelho, barriga vermelha e azul. Chamado de “santo de água”.

Começámos finalmente a dar aulas. Foi muito interactivo, achámos que eles gostaram. Turismo e Informática.
Deixo-vos algumas informações sobre a Escola de Artes e Ofícios para os mais curiosos:

Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz
Anunciada entre o azul intenso do mar e uma verde explosão de palmeiras e cacaueiros, a Roça é avistada por momentos no alto, através do magnífico edifício colonial onde funciona a Escola de Artes e Ofícios de Diogo Vaz e o projecto de Turismo Solidário. Um cenário monumental que evoca as memórias do antigo hospital duma das Roças mais prestigiadas e melhor preservadas da arquitectura colonial de São Tomé.
No rés-do-chão da velha construção localizam-se as infra-estruturas da escola. Áreas espaçosas de grossos muros de pedra, hoje recuperados, dão lugar à biblioteca, sala de informática, atelier de carpintaria, oficina de artesanato, cozinha e uma loja de artesanato onde se exibem as inumeráveis peças feitas com maestria pelos alunos da escola.
O projecto iniciou-se no ano de 2001 num edifício que foi cedido à Natcultura que o reabilitou para a realização de uma escola de campo. Pretende-se dar uma opção de formação aos jovens que não tenham possibilidades de frequentar a escola oficial nem de levar com certa segurança uma actividade económica e permitir que no futuro tenham uma vida estável. Trabalhou-se durante os primeiros quatro anos em vários aspectos em paralelo: alfabetização, melhoria da dieta alimentar, formação dos professores ou cuidados de saúde e higiene. A formação orientou-se nas áreas de agricultura, apicultura e artesanato, entre outros. A partir do 4º. Ano lectivo e uma vez que os alunos foram alfabetizados, deu-se início à escola de ofícios, em sistema de internato, com o fim de dar possibilidade aos jovens (que residam a mais de 2km da escola) de concorrer. Actualmente decorrem aulas de Turismo, Informática, Fotografia e Inglês para além da prática e criação artesanal.

Turismo Solidário
Com o critério de conduzir a escola à auto-sustentabilidade económica desenvolveu-se o conceito de Turismo Solidário que constitui um novo subprojecto promissor da Escola de Artes e Ofícios.
Turismo Solidário mais do que um serviço de hotelaria é uma opção que proporciona ao visitante um conjunto de experiências e sensações enriquecedoras através do contacto directo com os alunos e a população local, permitindo-lhe assim entender a realidade cultural e as necessidades locais e consolidar os valores relativos da solidariedade, cooperação e interculturalidade. O objectivo principal é o intercâmbio de conhecimentos e culturas.

Visitas guiadas pelas dependências da Roça

Circuito 1 – Caminho de Santa Clotilde – passagem por antigos caminhos-de ferro, pelo cacauzal e a casa do feitor. Visita ao engenho de aguardente de cana (trapiche), onde se tem a oportunidade de conhecer as técnicas de fabricação, disfrutando de uma bela vista sobre o mar e Santa Catarina.
Duração – 2 horas.

Circuito 2 – Caminho de Santa Jenny – passagem pelos antigos caminhos-de-ferro, vale do Rio Água da Ilha, onde terá a oportunidade de conhecer a fauna e flora endémicas da ilha e visitar a dependência. Passagem pelo túnel.
Duração – 5horas.

Circuito 3 – Caminho de Maria Luísa – visita à dependência, tendo oportunidade de observação de vários pássaros endémicos e de uma paisagem deslumbrante, os cacaueiros e o mar. Passagem pelas Plantações de café, cedrelas e acácias. Vista sobre as dependências de São José e o mar. Dependência agrícola de Mulundo, onde se pode conhecer o funcionamento dos secadores de cacau.
Duração – 5h20

Rota do Cacau
Funcionamento da Roça
Cultivo cacau – funcionamento, cuidados, tratamento, colheita
Árvores de sombra
Fermentação
Secagem solar
Selecção para exportação
Processo de ensaque

Rota dos Túneis – de carro

Outras actividades
- actividades dos alunos
- trabalhos na horta
- confecção de refeições
- jardinagem
-prática de actividades desportivas
-dança
-aulas de artesanato (coco, bambu, cabaça) 2€ - 1h30

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DOMINGUEIRAS

07/11/10
A chuva condicionou o nosso dia e a preguiça também. Não me lembro de um dia tão chuvoso em São Tomé como o de hoje, choveu todo o dia. Mantivemo-nos entretidas durante a manhã a fazer tapetes, ouvir música, ver TV enquanto dois amigos nossos se comprometeram a preparar o almoço para nós. Mas o almoço custou bastante a sair. Primeiro prepararam a banana que já tínhamos em casa mas e para acompanhar, vamos comer o quê? Então um deles foi à cidade, mais propriamente ao mercado, comprou peixe mais pombo e algumas hortaliças. Quando chegou a banana já estava frita, faltava só o peixe. Pena foi o gás ter acabado e o carvão ser pouco. Tivemos que ir comprar petróleo. A partir daí foi só acabar de cozinhar o peixe, que tinha um aspecto muito estranho. Ficou todo curvado e tem um bico enorme. Eram 15h quando, finalmente nos sentamos para almoçar. Para além do peixe e da banana tivemos direito a uma salada de salsa e tomate, algo nunca visto na minha vida. Mas não é mau de todo comer raminhos de salsa. Ficámos por casa a tarde toda, vimos o “Salt”, um filme que saiu recentemente dos cinemas em Portugal. Bem porreiro, tirando os comentários incessantes da Gina, que, no inicio, até eram engraçados mas que logo se tornaram insuportáveis. O filme tinha começado há 5 minutos e ela já só fazia perguntas de quem eram as personagens em vez de tentar perceber a história. A malta mandava-a calar e ela dizia “Já me calei” mas passado 2 minutos já estava a falar. Enfim só me apetecia bater-lhe. Entretanto percebeu e acabou por se ausentar deixando a malta ver o filme. Depois do filme, as meninas foram para a cozinha preparar um jantar português com produtos locais. Fizemos um esparguete com feijão verde, cenoura, makeké (parecido com beringela), pimento, couve, pau pimenta, salsa, tempero (leva pimenta e outras ervas) e massa de tomate libanesa. Quando o jantar estava pronto percebemos que tínhamos abusado na quantidade, dava à vontade para 10 pessoas e só 3 é que comeram. Mas estava delicioso. Eles, santomenses, disseram que estava muito bom. Depois do jantar levámos com mais uma dose de Gina mas agora a comentar a Escrava Isaura, novela esta que já passou aqui três vezes na TV e ela ainda diz que não se lembra da história. Ainda vimos um filme na TVS e chichi-cama.
A.

Dia azarento

6/11/10
Se há coisa que eu não entendo é porque há pessoas que não enxergam que “amigos amigos, negócios à parte”. Tive um professor de ciências no 5º. E 6º. Ano que sempre dizia esse provérbio…
Uma pessoa é amiga, faz o que lhe pedem, ajuda. No fim, não cumprem a palavra e nós é que passámos por más pessoas porque estávamos à espera que essa pessoa cumprisse o que disse. Depois nós é que não damos valor à amizade.
Dia de mais confusão. Descobrimos que fomos roubadas. Mesmo na nossa casa. Desapareceram algumas roupas que estavam a secar. Fomos averiguar se o vizinho sabia de alguma coisa e o senhor sentiu-se muito ofendido e passou a manhã a toda a resmungar e a dizer que não é ladrão. Muito estranho.
Fomos ao mercado fazer compras. Só aventuras, connosco a sermos chamadas e puxadas de todos os lados para comprarmos peixe, alface, tomate e tb coisas mais estranhas como os sacos de plástico… Cá ninguém dá sacas, há os plastiqueiros que andam por lá a vender cada a 1500 dobras… nem sei dizer quantos cêntimos são, não é nada… Conhecemos uma moça a vender tecidos africanos muito lindos ao som de uma musiquinha porreira. Estabelecemos logo contacto para próximas compras. Ai, como nós adoramos tecido africano!
Almoço na casa da Letícia e Abnail…o nosso pratinho dos últimos tempos, feijão à moda da terra, este tinha também chouriça e salsicha mas tomámos a liberdade de a pôr de lado. Picante de abuso mas delicioso sem deixar de perder o sabor da comida. Até a Letícia se queixou da malagueta. Atacámos a água de uma maneira !! Estivemos a ver o Avatar… adorei, mas não vi o início. Tenho de ver outra vez e outra vez! Estivemos a ouvir uns cds deles que vamos gravar para os nossos pcs para termos umas musiquinhas novas.
Fizemos uma sesta e estivemos a preparar o jantar com a Gina e convidados… Cerveja e vinho Terra Mãe. Fruta-pão com peixe Bica frito. Muito bom. Clima estranho apenas interrompido com o susto da Alex com um rato que fez com que ela subisse para a banheira e nunca mais de lá quisesse sair. Andei com ela às cavalitas. Uma a chorar, a outra a rir. De rir. Dançámos com a chávena e garrafa na cabeça. Equilíbrio de santomense é coisa séria. Estamos a apanhar o jeito…
05/11/10
Hoje foi dia, aliás manhã, de fazer limpezas em casa. Mas antes de começar, tivemos que ir à cidade comprar alguns produtos de limpeza. Fomos demasiado rápidas pois às 7h18 já estávamos na cidade mas o problema é que todas as lojas estavam fechadas. Eh eh… cromas muitoé…tivemos foi muita sorte porque até encontramos uma aberta. Antes das 8h00 já tínhamos chegado a casa e com a ajuda do Ronaldo fizemos uma mega limpeza. Quando acabámos já estava quase na hora do nosso almoço na Praia Gamboa com as primas da Gina. Azar foi a chuva que começou a cair com força. A malta acaba de tomar banho e pimba, pés na lama, cabelos molhados e pior é andar num táxi todo podre que tem como tapetes, bocados de cartão. Ai ai… chegamos a Gamboa e perdemo-nos de novo, a chuva não ajudava a encontrar o sítio. Assim que chegamos à Quila, a mesinha já estava colocada em casa da própria com búe de peixe, fruta assada, banana frita e salada. Pena foi termos que esperar mais de meia hora pelas primas que estavam presas pela chuva. Mas assim que chegaram, atacamos a comida…bom muitoé…a conversa foi fluindo durante o almoço até que acabou nos bokitos e nas mamadas…crrredo…rimos dabuso…a Gina estava cheia de vergonha…
Quando a chuva acalmou decidimos ir embora, deslocamo-nos até à estrada principal à espera que passasse um fantástico Hiace que nos levasse ao Bairro do Hospital. A viagem foi demais. Primeiro não deixaram a Elsa sentar-se no banco de trás porque ocupava muito espaço, depois ela pôs-se a dançar agarrada a um ferro. Gente doida. Assim que chegamos ao bairro pusemos música, dançamos na rua, lavamos os pés nas poças de água…divertimo-nos tanto. Estas mulheres são mesmo loucas. Ainda com o estômago meio cheio fomos até à Padaria Miguel Bernardo com duas intenções: comer algo mais leve antes de ir para casa e esperar pela carrinha que vinha do Ilhéu. Assim que esta chegou, foram mais dois fregueses para nossa casa. Apesar do dia bem passado ficamos aborrecidas porque percebemos que algumas das nossas roupas desapareceram. Parece que nunca tinha acontecido. Mais uma noite no nosso lar, agora bem limpinho.
A.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

4/11/10 - A mulher é igual ao homem e deve ser tratada como tal!

Parte I
Pequeno-almoço – “chá de Angola” (parece cidreira), pão com doce de papaia e provámos um doce de leite de cabra feito pelo Gustavo.
Conversa sobre feitiçaria e espíritos. Mentalidade da população. Lembrei-me da história que o Vany contou da rapariga que “tomou Santo” no Sobe-Só há uns dias… Estava a dançar bulaué e atirou-se para o chão e começou a dizer coisas estranhas… Disseram que se houvesse fogueira, ela teria andado sobre ela… Eu preciso de ver para crer!!
O Gustavo falou-nos de Angola e da beleza da Guiné Bissau –os rituais, os rios, as florestas, os animais selvagens. Deu-me uma enorme vontade de conhecer essa África …
Programação das nossas primeiras aulas de inglês, geografia e turismo. Planeámos arranjar questionário de satisfação do cliente e mapas para falar sobre o país.
Livro muito interessante de Receitas típicas de São Tomé, organizado pelo Programa Alimentar Mundial, que é quem envia arroz e feijão para a escola.
Fizemos:
- Documento do Excel de controlo das vendas do artesanato;
- Doc com O que deve ter na mesa, quartos, casa de banho;
- Cartão de registo de visitantes;
- Menú dos alunos;
- Menú com vários pratos para os turistas;
- Menú para 6ª,sábado,domingo para cliente que vem;
Conversa com Neves sobre as entradas e sobremesas, o que ele sabe e pode fazer.
Cajamangas J
Almoço : Esparguete com peixe fumo, bastante boa. Picante. Conversámos sobre a maneira como os homens tratam as mulheres aqui. A mentalidade cabo-verdiana já é muito diferente. O Gustavo bem tenta educá-los, fazer com que os miúdos pensem de maneira diferente, mas até os mais novos têm comentários super machistas.
15h00 – o taxista do outro dia veio-nos buscar à escola.,,
Em Neves comprámos bula (mas de coco,ou seja nao é bula) e uma massa de bola mas comprida tipo fartura chamada cofe-cofe J Recargas para os jojos.
Viagem super rápida, estávamos na cidade em 35 minutos. Chegada à Praça, muitas bocas respondidas à letra. Qualquer dia têm medo de nós…ou vão-nos dar chicotee :P
Boleia para o Passante. Café e conversa com amigos.
Banana assada na rua J
Casa.
Padaria.
Salama - “creeeeeeedo”
Parque Popular

Parte II
Esta noite, muito animadas, enquanto esperávamos pelo nosso peixinho grelhado numa barraquinha do Parque Popular, fizemos uma votação para as tangas que apanhámos do pessoal daqui. Quando combinamos alguma coisa com alguém e essa pessoa ou não aparece, ou nem avisa, ou não diz nada.

Tanga: de 0-5

Wilson – 5
Abjilson – 5
Apolo – 4
Raquel – 4
Laudino – 4
Titi – 3
Juan Carlos – 3
Lulu – 3
Ronaldo – 3
Neyker – 3
Clemente – 2
Edna – 2
Humber – 2
Letícia – 2
Lívia – 1
Minerva – 1
Adalberto – 1

Os voluntários Pablo e Itziar que estiveram a trabalhar na Escola antes de nós têm um blog/site muito interessante da viagem que eles estão a fazer por África. Na parte dedicada a São Tomé têm uma coisa muito engraçada “em cada 10 santomenses, x são assim, fazem isto…”. Inspiradas por eles escrevemos algo relacionado com os homens e as mulheres. Fica aqui o site deles para darem uma espreitadela:
www.africadecaboarabo.com


Homens machistas
Em 10 homens, 2 são fiéis.
Em 10 homens, 8 pensam que as mulheres são um objecto.
Em 10 homens, 8 pensam ser normal ter mais do que 2 mulheres.
Em 10 homens, 7 exigem que a mulher tenha a comida pronta para eles.
Em 10 homens, 9 têm filhos de várias mulheres.
Em 10 casais, 2 estão juntos para valer.
Em 10 rapazes de 18 anos, 7 já têm algum filho.
Em 10 homens, 6 não admitem que a mulher fale com outro homem na rua.

Mulheres resignadas
Em cada 10 mulheres, 7 deixam o marido se ele não trouxer dinheiro para casa.
Em 10 mulheres, 6 sabem que o marido tem mais mulheres e nada fazem.
Em 10 mulheres, 5 levam porrada do homem.
Em 10 mulheres, 5 estão proibidas de sair de casa à noite sem ser acompanhada pelo respectivo.
Em 10 mulheres, 8 vivem para o homem e os filhos.
Em 10 mulheres, 6 enganam o marido em resposta à infidelidade.
Em cada 10 mulheres, 5 bebem vinho e cerveja logo desde manhã.
03/11/2010
O dia começou cedinho na Escola Diogo Vaz. Por volta das 5h30 já se ouviam barulhos mas a preguiça de levantar era muita. Às 7h00 já estava de pé e com desejo de um banho mas a água do balde já tinha acabado. Foram buscar para mim e as 7h30 já estavamos na mesa a tomar o pequeno-almoço: chá e pão com doce de papaia feito pelos alunos. Ficámos um pouco na conversa mas os rapazes logo se ausentaram para iniciar a fabricar peças de artesanato para venderem na loja aos turistas que passam por cá. Fomos conhecer o infantário, apresentámo-nos e propusemo-nos a ajudá-los uma vez por semana. O infantário tem muito bom aspecto. São 109 meninos que o frequentam mas nem sempre vão todos os dias, depende do tempo. Eh eh… existe uma sala para os mais graúdos (idades compreendidas até aos 5 anos), outra sala onde os mais pequenos dormem uma sestinha, um refeitório e uma cozinha. Todas as salas têm desenhos nas paredes feitos pelas auxiliares, estão queridas. Depois fomos à escola onde existe o 5º e 6º ano. Ao contrário do infantário a escola parece que vai cair aos bocados, as salas são abertas não havendo ambiente de sala de aula/concentração e os professores andam de bata branca, mais parecem médicos. Como os alunos se encontravam em avaliações decidimos regressar mais tarde para falar com o director e propor-nos para dar um apoio escolar aos alunos que apresentarem mais dificuldades. Vai ser uma experiência enriquecedora. Juntamo-nos para começar a preparar as aulas de turismo, informática, geografia, inglês e ainda fotografia antes do almoço. Pouco depois chamaram-nos para almoçar feijão com couve e escamas de peixe. Eh eh… mais uma vez, deu-nos uma moleza depois do almoço e lá fomos dormir uma sesta até às 16h30. Que sorna! Tínhamos decidido nessa tarde ir até à comunidade falar com algumas pessoas e apresentar-nos. Então lá fomos, caminhando por terra batida e sentimos uma chuvinha a cair…huum… assim que chagámos à Roça conhecemos uma Sra chamada Paula, que faz parte de um partido, o MLSTP/PSD. Mostrou-se logo disponível para nos ajudar e nós a elas. Vamos tentar criar uma equipa de futebol, fazer umas compotas para poder vender na escola e falar com o Sr responsável pelos licores. No fundo vamos tentar fazer com que eles se tornem mais autónomos e independentes. Depois ainda estivemos lá na conversa com a cozinheira da escola e quando começou a escurecer voltamos para casa. O jantar foi de novo sopa de arroz e sobras do almoço. A hora da refeição é sempre bastante animada e de muito convívio. Hoje o assunto foi o que fazem os homens que as mulheres não conseguem. Aguardamos alguns exemplos.
A.

1º. dia de trabalho

2/11/10

Acordámos de manhã e ainda não havia água. Realmente não se ouvia o barulho do tanque. Ligámos ao moço que trata da casa que nos disse que possivelmente o tanque teria ficado sem água e que se tinha de comprar água para voltar a enchê-lo. Entretanto comemos uma banana madura cada porque tínhamos de partir para Diogo Vaz. Iria ser o nosso primeiro dia de trabalho, finalmente 
Pegámos nas mochilas e fomos apanhar motoqueiro para ir para a Praça. Durante a pequena viagem ainda atirámos as cascas da banana para dentro do caixote de lixo, em andamento… Escusado dizer que isto só é possível em São Tomé!! Na praça conseguimos arranjar os 2 lugares da frente numa Iace que ia para Neves, mas tínhamos de esperar que este enchesse até 15 pessoas (apesar de ser uma carrinha de 9 lugares) e então rumámos à padaria para um pequeno-almoço mais completo. Muito arrependidas de termos pedido torradas porque em São Tomé estas podem demorar mais de 20 minutos a serem preparadas. Frustrante. Só conseguíamos pensar nas nossas mochilas dentro da mala do táxi… Qd lá voltámos, o motorista/taxista estava preocupado connosco pensando que tínhamos sido raptadas! Hahaha. Mais uma aventura num táxi! Taxista pouco perfumado e com bastante jeito para pisar o acelerador. Música: uma kizomba foleira. O que valia era a paisagem sempre deslumbrante, o mar de todas as cores, as canoas balouçando com os pescadores de olhos postos no horizonte, os falcões sobrevoando o céu. Com tudo isso dá para ignorar os desconfortos da viagem. Antes de Neves, fizemos uma paragem em Ribeira Funda, antiga dependência em muito mau estado de conservação. Depois parámos em Neves onde apanhámos 2 motas para Diogo Vaz. Adoro aquela viagem, só dá para pensar “estou no paraíso”. O mar de um lado e do outro tudo verde com plantações, cacaueiros, árvores imponentes e consegue-se vislumbrar vertentes do Pico de São Tomé por entre as brumas, então vou recordando aquelas paragens, a beleza da floresta virgem, o ar puro que lá se respira. Passámos por dependências de Diogo Vaz, roça que tb pertencia ao Marquês de Vale Flor – Esprainha, Anambô.
Chegámos à escola e tivemos reunião com o Gustavo e a Rita, voluntária da área da Acção Social que tb cá está. Decidimos que aulas dar, Informática, Turismo e Fotografia, para dar seguimento ao trabalho desenvolvido pelo Pablo e a Itziar, introduzindo as nossas ideias e coisas novas que queremos desenvolver, aulas de Inglês que achámos ser muito importante para quem recebe turistas, Alimentação, Geografia e História, que parece-me são algumas das falhas do ensino daqui. Há cada situação a acontecer nas escolas, contam-nos cada história. A última é um aluno da escola que anda a estudar no secundário à noite e quando não quer ter aulas, leva cervejas para os professores e eles ficam a beber com ele e a aula passa para outro dia, um professor deu o teste ao aluno para ele o fazer em casa… e muitas mais um pouco chocantes. Claro que depois o conhecimento é escasso. Voltando
às aulas vamos tb sair para o terreno para estabelecer contacto com a comunidade. Ao mesmo tempo há uma série de coisas a fazer para melhorar a escola, a nível de turismo, de gestão de stock, de registo de visitantes, do menu dos turistas, etc.
Tirámos uma hora para uma sesta depois do almoço de arroz com peixe e mangas. Dá uma moleza no fim das refeições… Depois, estivemos a fazer os horários com a Rita. Vamos aproveitar as tardes para dar apoio escolar aos alunos da preparatória e para tentar promover o auto-emprego na comunidade. Vamos falar com um senhor que faz aguardente para arranjar o seu espaço, para pôr à venda e tb para fazer outros licores. A sua casa fica no caminho de um dos percursos pedestres promovidos pela escola e seria uma oportunidade para os turistas fazerem a prova e poderem comprar se quisessem. Queríamos também arranjar uma senhora da comunidade que soubesse fazer doce de coco, pois vamos ter um lanche em breve e queríamos aproveitar as potencialidades locais. Seria um rendimento para essa pessoa. Poderia vir à escola fazer, usar o forno solar e ensinar aos alunos. Também queremos incentivar a criação de um grupo de dança, talvez tchabeta pois há muitos cabo-verdianos na Roça. As aulas de fotografia vão ser dadas ao ar livre, no campo, na praia, para podermos tirar fotos e aproveitar para usá-las para fazer o folheto informativo da escola e um roteiro com informações de história, fauna e flora de cada um dos percursos. Tb pensámos em recolher flores, folhas e sementes e fazer um herbanário para ter em exposição no salão e apanhar sementes, cacau, coco, cajamanga, fruta-pao para ter na cozinha exposto quando há turistas.
Ao final da tarde tivemos de ligar o gerador e ainda fomos à net. Íamos apanhar caranguejos até à praia para comermos no dia seguinte mas depois foi cancelado para outro dia. Jantámos sopa de arroz e comemos o arroz da manhã com 1omolete de folha de micocó. A conversa foi muito agradável com o Gustavo a falar-nos das maravilhas de Cabo Verde e também um pouco sobre a fauna e flora de Angola. No final ainda tivemos um serão cultural sobre Cabo Verde – videoclips de funaná e vídeos promocionais do turismo lá, assim como 1 video sobre cada uma das ilhas. Todos os dias se aprende coisas novas. É tão bom. Se estivermos abertos para dar, também recebemos muito. Depois de uma noite bem passada, segue-se o sono numa cama com mosquiteiro, pois aqui há bichos voadores de abuso! Cumprimentos, M. M.
01/11/2010
Acordámos pela primeira vez na nossa casinha em O que Del Rei por volta das 6h com o Nicky e o electricista à porta. Aproveitámos ter acordado cedinho para arrumar as nossas coisas nos respectivos quartos. Que trabalheira! Tirar sapatos, roupa dos armários, fazer cama, decorar quarto…eh eh… enquanto fazíamos isso, eles estiveram a mudar lâmpadas e a testar outras quando, de repente, falha a energia! Muito bom! Foram embora comprometendo-se a voltar assim que a energia também voltava. O pequeno-almoço foi bem pobre: pão com pão que tinha sobrado do jantar do dia anterior. Nada famoso! Entretanto volta a energia mas ninguém apareceu! Decidimos aguardar um pouco quando damos por nós a dormir nos sofás. Foi mais forte do que nós! Passado uma hora acordamos com uma senhora aos berros e a dizer asneiras que se farta, parecia quase o mercado no bolhão. Como estávamos fartas de estar a espera e a fome apertava fomos para a cidade tratar de algumas coisas. Encontramos em frente ao banco o Silvio e o Clemente que calorosamente se ofereceram para almoçar connosco no Parque Popular. Provamos um peixe novo: bonito. Até foi agradável, não fossem os homens ao nosso lado a reclamar de tudo com a mania de que são doutores. Deu-nos uma moleza depois de almoço mas estava programado a ida ao Bairro ver a nossa Gina, as primas e a mãe da Letícia (que no dia anterior tinha preparado calulu e esquecemo-nos de ir lá). 16h00 – decidimos voltar para casa acompanhadas pela Gina, paramos no mercado perto para comprar algumas coisas para fazermos um jantarzinho. Fizemos também umas mudanças na nossa sala já que mobília é o que não nos falta, só na sala temos 5 sofás e duas mesas de jantar! Ficou bem mais bonito e acolhedor! Depois estivemos a falar, ouvir música, ver fotos. Mais tarde, depois da Margarida fazer mais uma soneca, deu-nos a fome e fomos preparar aquele que iria ser o primeiro jantar a sério lá em casa: esparguete com pimentos e molho de tomate. Ficou bem saboroso e não sobrou nadinha! Rapámos o tacho.
A.

Escola Artes e Ofícios de Diogo Vaz


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mudanças 31-10-10

Acordei muito cedo, com o meu despertador às 5.15 h da madrugada. Ainda estava escuro e, muito raro, o silêncio reinava no Bairro do Hospital. A Gina também acordou e foi engomar roupa pois era dia de missa. Às 5h30 já o Ronaldo me esperava à porta de casa para irmos correr. Corremos uns 30/40 minutos, passámos a Praia Emilia, virámos na rua do Bigodes e fomos mesmo até à pista do aeroporto (não há vedações), entrámos na zona do Aeroporto com muitas casas, igrejas de todos os tipos, escolas, e seguimos para a zona da Praia Gambôa, agora já a caminhar. Às 7h da manhã parávamos na Praia Emília para um banho no mar, como dizem os santomenses, para enxaguar corpo. As luzes matinais, os primeiros raios de sol ainda fracos, o mar quente mas refrescante ao mesmo tempo, tudo isso fez o meu coração bater mais forte...Dá uma felicidade ter o mar aos nossos pés, toda aquela imensidão, sinto como vale a pena viver para conhecer todas as dádivas da Natureza. Posso estar triste mas a beleza natural vai sempre superar a minha tristeza. Segui para casa onde preparei o pequeno-almoço (a bebida de 7 cereais) bebida com o Edson e a Gina. Fiz também uma papa de aveia com geleia de arroz que ficou bem doce, distribuí uns pratos pelas meninas do quintal ao que disseram que estava feito por mãos de fada. Hehehe.
Depois da Alex chegar do ilhéu e de algumas conversas em casa, saí com o grupo de acólitos do Bairro para a Praia Emilia, enquanto ela ficou a descansar da viagem. O calor já se fazia sentir bem forte e o mar estava muito atractivo, de cores azuis turquesa e esverdeado, lindo de morrer. Estive a ler um pouco, sendo sempre interrompida pelos habituais comentários dos trausentes. Naquela praia o pior é que há pouco areal e estámos mesmo ao lado da estrada.
Era um típico domingo de Verão em Portugal. A família vai à praia e leva o farnel. Fazem o picnic na praia, levam mesas, panelas, pratos, copos. Comem arroz com feijão, banana com peixe. Trazem as geleiras com sumos e cervejas. Não falta nada. A diferença é que há musiquinha bem alta e até dançam na praia. No mar até dançei bulaué com a Suzy. Entretanto fiquei sem água mineral. Ainda tentámos ver se havia dauas ao fundo da avenida mas a bicicleta não estava em boas condições e comecei logo a andar aos esses e passou uma Iace que me apitou logo... A Gina lá foi mas não havia nem uma... Segui para casa cheia de sede e fome, pois já passava a hora de almoço. Percorri as lojitas à procura de água mineral, mas nem uma, nem quente havia. Tive mesmo de beber uma Sagres que me soube pela vida. Comprei uns pães e fui até casa levar para a Alex comer também. Aqui não há o costume de fazer compras para a semana ou mês, compra-se para o dia, faz-se tudo o que se comprou e vai-se comendo e aquecendo até acabar, muitas vezes sem pôr no frigorífico para conservar durante 2-3 dias... No caminho fui interpelada pelo Edyzokas e o Humber na mota que vieram ter uma conversa comigo... Depois, alegria das alegrias, apareceram os meus livros, não é que como eu não tinha deixado dinheiro suficiente para enviarem, deixaram aquilo esquecido no sótão do Miramar… Então, o sr. Neyker lá os trouxe, para compensar o que ainda está em falta da parte dele. Mais uma visita, a querida Letícia apareceu com o seu recente “marido”. Simpático, sim senhora. Depois, começámos as mudanças, arrumar tudo nas malas. Estivemos um tempão à espera de arranjar táxi e depois o Neyker conseguiu-nos arranjar um. Com a ajuda do Humber e da Gina fomos para a nossa nova casa. Só que como já eram 17h começou a ficar escuro e como não havia energia nas ruas de Oque-del-Rey, andávamos às escuras à procura da casa. Não nos lembrávamos em que ruela tínhamos de virar e tivemos que andar a ligar ao senhor que nos levou à casa… Entretanto alguém disse para perguntarmos o nome do dono da casa e pelos vistos é de um deputado conhecido. Em São Tomé todo o mundo se conhece, assim foi bem fácil. Já em casa não havia quase luz nenhuma pois as lâmpadas não estavam bem instaladas. Por isso foi tudo feito às escuras e às apalpadelas, à luz da lanterna do jojó. Não dava para arrumar nada, então estivemos a ver televisão…a novela em que os santomenses são viciados.. Tomei banho na banheira…. Foi tudo natural como se não tivesse passado um mês a tomar banho de caneca. Jantar à pressão. Comprámos pão, salsichas e atum e deu para remediar a situação. Muita conversa… Vimos o filme do Lucky Lucke e fomos dormir nas nossas novas caminhas…

Jamila e Jamilo - Emoções ao rubro

30/10/10

Hoje foi o casamento entre Jamila& Jamilo. Pela primeira vez convidaram-me para ser madrinha dum casamento. Acordei cedinho para não me atrasar porque o casamento não era na cidade mas sim em Portalegre (60km que se fazem em apenas 2h) e tinha a responsabilidade de levar a noiva até lá. No entanto, tudo começou mal quando às 9h me dizem que já não tenho jipe porque o homem arranjou outro cliente e eu tinha ficado de passar a buscar a Jamila às 10h. Fiquei logo nervosa e contactei outro Sr. que lá me arranjou um jipe, chegando este às minhas mãos às 10h. Nada mau para são tomenses que andam sempre num leve leve. Depois fiquei de ir buscar o Apolo (padrinho) mas este lembrou-se de acompanhar um amigo ao banco junto ao mercado, então tive que aguardar meia hora no café companhia bebendo o meu cafezinho. Eis que ele me aparece lá de calções. Queria matá-lo! Fomos lá a casa para ele se preparar, ainda estive com a Cleusa, Lay e com o Kélsio ao colinho (bebé do Selsy e Lay), tão fofinho. Não entendo porque enchem os bebes com óleo Johnson. Será para ficarem mais brilhantes? É que até passam no cabelo. Entretanto o tempo ia passando, eram 11h quando saímos em busca da noiva perdida. Perdida porque andei de um lado para o outro para descobrir onde era o Salão Cadi em água bobo. Era no fim do mundo mas encontrei! Para minha surpresa, a noiva e a madrinha ainda não estavam vestidas! Quis morrer! Umas senhoras foram pondo as malas dentro do jipe e de repente vejo-o a rebentar. Para além das malas, levei a noiva, a madrinha, o Apolo, duas crianças (uma de um ano e outra de dois) e duas mulheres que não conhecia. Partimos às 12h para Porto Alegre numa viagem nada fácil, entre buracos, lama e obras que percorriam toda a estrada. Paragem em Angolares para comer qualquer coisa e toca a viajar de novo. É das viagens mais chatas que alguma vez fiz! Começou a chover para ajudar à festa! Eram 13h30 quando ficamos presos na ponte de Caué. Nunca tinha visto tal coisa na minha vida. Uma cheia num rio que nos impedia de passar para o outro lado pois cobria a ponte. Aí então comecei a ficar nervosa. A noiva não ia chegar a tempo! Isto realmente só em STP! Sim porque existe outra ponte que eles partiram e remediaram com outra minúscula. Que tal fazer umas obras? Ficámos parados uma hora a olhar para a água que corria fortemente. Também estava presa outra carrinha e uns clientes que rumavam ao ilhéu. Ligámos ao Sr. Nino (padrinho da noiva) para nos vir buscar no prado. Enquanto esperávamos dois homens tentavam passar a ponte a pé mas não conseguiram à primeira visto a corrente estar forte. Ainda me ri um cadinho, um deles ia perdendo o que trazia nas mãos. De repente um jipe com os piscas ligados, era o Sr. Nino. Não me perguntem como mas ele passou à primeira aquele obstáculo sem indecisões. Eu não tinha coragem! Lá estacionei o meu jipe e passámos para o prado onde ainda estivemos mais uma hora a olhar para aquele fenómeno que parecia piorar a cada minuto. 15h30: lá se encheu de coragem ao ver outro jipe passar para o lado de cá e passámos para o outro lado (confesso que fechei os olhos com medo de ficar ali), metade do jipe ficou submerso. Chovia imenso e chegamos à igreja por volta das 16h, uma hora atrasados. Havia na igreja uma tensão por não saber se chegaríamos naquele dia. O Jamilo estava bem nervoso, via-se no seu rosto mas assim que soou o inicio da marcha nupcial uma onda de palmas abafaram a igreja. A cerimónia foi bastante engraçada, não era um padre mas sim um pastor e estávamos numa Igreja Universao do Reino de Deus! Perguntei-me o que estava ali a fazer. O pastor começou por dizer que o noivo tinha estado a raspar o tacho antes da cerimónia. Rezou-se depois um pai-nosso de mão ao peito e olhos fechados, missa muito diferente das que estou habituada a assistir. As pessoas batem palmas, riem, completam as frases do pastor e passam a vida a dizer “está ligado”. Quis tanto rir! Em determinado momento, ele diz coisas com as quais discordo, como por exemplo “a mulher deve ser submissa ao homem”; “o homem é a cabeça e a mulher o corpo, mas o corpo sem cabeça não anda”. No fundo é aquela história do outro dia do papel da mulher nesta sociedade. Mas depois disse algo que me agradou imenso “o homem ama A SUA MULHER” reforçando o singular da frase já que a poligamia faz parte desta cultura. A cerimónia foi acontecendo e quase no final do casamento, o pastor chama os padrinhos ao altar. Que vergonha! Eu era a única branca ali presente e já chamava a atenção só por isso! Imaginem então num altar! Finalmente saímos da igreja e a noiva teve direito a pedaços de papéis em vez do tradicional arroz ou pétalas. Eh eh… digo noiva só porque não saiu acompanhada do marido. Atirou o bouquet assim que saiu da igreja mas eram só miúdos que estavam a entrada para ver qual receberia o tão desejado ramo! Mais uma diferença existente. Depois disso, as pessoas dirigiram-se ao cais a fim de apanhar o barco para o Ilhéu das Rolas onde se realizou o copo de água. A entrada para o barco foi bastante atribulada, metade das pessoas que lá estavam a impedir a entrada das pessoas nem sequer iam para o ilhéu. É preciso ter paciência! O mar estava agitado, não via a hora de pisar aquele chão. Relembrar-me dos bons tempos que lá passei! Assim que chegámos, comecei logo a cumprimentar aquelas pessoas que marcaram a minha passagem pelo ilhéu. Foi tão bom! A boda realizou-se junto à sala de convívio do pessoal do resort, estava tudo decorado com andalas, flores e à entrada (no chão) estava escrito “Felis Casamento” com umas flores. Os noivos e os padrinhos tinham uma mesa lá dentro reservada, os restantes dos convidados comiam no jardim em frente onde estavam colocadas mesas. Lembrou me os casamentos há 10,15 anos atrás que eram feitos no quintal de um dos noivos e haviam tachos enormes. A ementa foi boa: sopa de arroz e legumes, calulu(que não estava tão bom quanto o da Jessica), peixe com banana, frango assado, rissóis, bolos diversos e finalmente o bolo de noiva. A música estava a deprimir-me, do género Roberto Carlos mas não tardou a tarraxinha, kizomba e o kuduro. As pessoas iam-se concentrando lá fora na conversa e para uns passinhos de dança. Gostei do ambiente e conhecer a maior parte das pessoas ajudou a não me sentir mal. Muitos vinham dar me os parabéns, parece que é costume darem também aos padrinhos. Por volta das 22h, nós padrinhos, fomos levar os noivos ao quarto onde iriam passar a noite de núpcias. Mais uma coisa que não esperava fazer, afinal é um momento deles! Os convidados mantiveram-se no salão a beber, dançar e conviver.
Adormeço no ilhéu por volta das 2h numa cama toda partida mas feliz por ali estar.
(Este post está na primeira pessoa porque infelizmente a Margarida não pôde ir comigo devido à enchente no jipe).
A.

GAMBOAÉEEE

29/10/10
Mais uma vez a malta acorda cedo devido ao barulho que se faz sentir no Bairro do Hospital. Se bem que o acordar hoje foi diferente, tivemos direito a ouvir Susie no seu melhor a cantar Shakira, desde o primeiro single até a Waka Waka! Ficámos por casa durante a manhã enquanto aguardávamos alguns telefonemas para ver casas. NADA! Entretanto dormi uma soneca matinal. 12H30: Margarida acorda-me. Bora lá até a praia Gamboa para mais um agradável almoço na petisqueira Maria da Ceita. Já não nos lembrávamos bem onde era, então os nossos motoqueiros deixaram-nos junto a uma bomba de combustível onde tivemos o privilégio de ser chamada branca por meio metro de gente. Não aguentamos a falta de respeito e demos um sermãozinho aos piquenos! Eh eh… perdidas por Gamboa lá encontramos a pessoa que nos viria buscar à estrada principal. Chegadas a petisqueira, lá estava um grupo de mulheres a trançar cabelos! O nosso banquete estava à nossa espera. Peixe voador, fruta assada, banana cozida, malagueta e óleo de palma. Foi comer até não poder mais! Acompanhámos o almoço com cerveja e vinho tinto. UAU! Voltámos para casa bastante alegres numa HIACE onde iam 15 pessoas. Mas desta vez fomos atrás. Nem queríamos acreditar. Filmámos, tirámos fotos, dançamos, … quando chegamos a casa ainda estivemos na conversa com as primas e o Humber que ainda nos pagou cerveja e vinho. DABUSO! Encontramo-nos na cidade à noite e o karaoke foi o local escolhido para um jantarzinho com o Apolo e o Humber. Provámos um novo peixe: bica. Nada mau. Fomos os últimos clientes a sair de lá, ainda caminhamos até à africana mas lá cedemos à tarraxinha! Ainda assim demos um passeio pela cidade rumo à praia que fica em frente à rádio nacional. Mais um serão agradável.
A.

WE'VE JUST FOUND THE PERFECT HOUSE

28/10/10

Hoje estou bem feliz…
Manhã passada em casa, dedicada aos assuntos femininos… Pedicure…Bom, não sei como mas deixei a Alex tratar-me dos pés….As minhas irmãs vão ficar pasmadas…Sim, fez-me o tratamento completo, até me raspou os pés, tirando as peles velhas…Ahaha
Estive a ler um livro interessantíssimo sobre “os mitos e cultura santomenses” de Jerónimo Salvaterra… Está super interessante, vou aprendendo um pouco mais de criolo foro, é sempre bom. Recebemos uma visita de um amigo que me veio pedir um favor…Vamos lá ver se cumprirá a palavra…Neste rapaz costumo confiar. Vamos lá ver.
A Gina apareceu mais cedo com os miúdos da Edna e andei a tirar umas fotos à Yuci e ao Yuri… Estavam tão lindos, de mãos dadas e aos risinhos…hummm amor proibido dos primos…hehe ou não! A Gina pôs um feijãozinho vermelho a cozer, mas mais pequenino que o nosso, eu chamar-lhe-ia o feijãozinho saotomense… No fim, pus um cuscus a cozer e voilá, almoço: cuscus salpicado de limão, alho e sal com feijãozinho saotomense….Nada mau, ainda fomos oferecer um prato às nossas anfitriãs para provarem. Enquanto esperávamos que cozessem, aquecemos uma cera de chocolate e andamos na depilação das axilas… De rir e nada fácil, com todo o calor que estava…os parabéns à Alex pela mulher que é…. Hehehe. Obrigada por tudo mon amour…
Quando já estávamos a ficar ensonadas por causa da barriga cheia e do calorzão que nos derretia o corpo, recebemos uma chamada de uma senhora Lourdes para irmos ver uma casa em O-que-del-Rei, uma zona perto do Bairro do Hospital, um pouco mais longe da cidade. Vêm-nos buscar em frente ao hospital, num jipe. Vamos por umas ruas de terra batida, ao que chamam de barro aqui, pois o solo é muito argiloso… O senhor que também ia no carro explicou-nos que estão a pôr a canalização para o Bairro do Hospital e a Praia Gamboa, por isso a estrada está toda esburacada… Para quando a água canalizada?? Vamos lá ver os andamentos das obras.. Bom, na estrada que vai para Santo Amaro e por lá adiante virámos no cruzamento de O-que-Del-Rei para essa zona…Sempre em frente, muitos saltos e travagens e depois virar à esquerda numa rua estreita… Chegámos a uma casa mista com portão grande. Casa mista, feita de pedra e de madeira. Parte de baixo pedra, andar de cima, madeira com uma varandinha muito engraçada. Muita dificuldade em encontrar as chaves… A dona vive actualmente no Príncipe e deixou as chaves (antigas e novas, depois de instaladas novas fechaduras) com a sua mãe… Entrámos, olhámos e gostámos, muito… Depois de algumas dificuldades em encontrar as chaves dos quartos, lá entrámos… Agradou-nos, era o que estávamos à procura…Dois quartos, 1 casa de banho privativa, 1 boa cozinha, 2 salas bem equipadas, 1 casa de banho, um quintal, um tanque para lavar a roupa…água canalizada J E o preço que nós procurávamos. Apesar de ser um pouco longe, acho que vamos fazer negócio. O senhor Fernando diz que em relação ao transporte não temos problema que ele combina connosco… Combinámos começar em Novembro, que é já no domingo. Entretanto temos de falar com a Gina, que será o mais difícil…
Boleia até ao Registo Civil onde a madrinha Alexandra foi casar o Jamilo e a Jamila… Engraçado, a noiva pode escolher o nome do marido que quer para o seu nome… Haja boa vontade …
Ida ao Café Companhia para um serão informativo na Internet. Estive na conversa com o Kris e um artesão, o Roni. Mostrei-lhe a foto do amigo, o Rasta, em que ele aparece sem uma perna. Deveras assustador. Ele confirma-me que o Rasta tem as duas pernas em perfeitas condições…Ahhh mas então o que aconteceu na foto? Feitiço??!
Fico a ler a minha recente aquisição literária sobre os mitos e cultura Sãotomense, a ver se compreendo melhor algumas coisas…Chega a Gina e pouco depois a Alex…ficámos nas cusquices. Saio para ir até ao local onde chega a carrinha do ilhéu para ir ter com o Humber…Em conversa com ele, ao passarmos pelo mercado velho e sentindo os belos odores que pairam no ar, descubro que São Tomé foi considerada a cidade mais limpa de África lá pelo início da década de 80… Mas que grande ironia.
Volto para a beira da Alex e andámos a chamar motoqueiros na rua para ir para casa. Foi complicado mas lá conseguimos 2. Jantarzinho – arroz de feijão da Gina com peixe rainha frito. Muito bom. Fiquei em casa com a Suzy a fazer cartões para o trivial saotomense enquanto ouvíamos e cantávamos umas kizombas. Hehehe. Em conversa com a Suzy descobri uma coisa interessante que desconhecia. Os nossos emblemáticos computadores “Magalhães” também chegaram a São Tomé em Junho de 2009, claramente nalgum acto caridoso do nosso primeiro ministro… Neste caso para alunos do 5º. E 6º anos, mas só para aqueles com média superior a 12 valores… Passados 9 meses, adeus informática e adeus Magalhães. Enfim...
Para terminar, um pequeno aparte. Falava no meu último post de que os sãotomenses dizem que quem come calulu ou safu vai voltar a São Tomé, que se fica com muita saudade… Mas, eu posso dar a minha opinião, não é só a comida, é algo mais forte…Quem cá vem conhecer, visitar ou trabalhar e gosta mesmo, fica com uma sensação estranha ao ir embora, sente que tem mesmo de voltar. O que senti quando cheguei a casa está muito bem ilustrado por este pequeno texto de Mónica Bello que encontrei num livro:
“A maior dificuldade para quem põe um pé em São Tomé e Príncipe é regressar. Mesmo que o corpo aterre em casa, uma escassa semana depois, o coração fica para sempre enfeitiçado, amarrado àquelas ilhas que nasceram a fogo de vulcão, rodeadas de águas azul-marinhas e turquesas e habitadas por uma população de alma generosa e digna, mistura milagrosa e única entre escravos, condenados e homens livres, africanos e europeus.”
E o mais engraçado é que já há alguns anos eu sonhava viver uns tempos em São Tomé e Príncipe depois de ter lido e devorado o “Equador” de Miguel Sousa Tavares… E então, foi o Destino…? Lembro-me que quando contei à minha irmã Inês a notícia que ia para São Tomé estagiar 6 meses, a primeira coisa que ela me disse foi “Tu sempre dizias que querias ir para lá…” com um grande sorriso… J Hehehe, saudades tuas Inês….

27/10/10

Mais uma noite quente e húmida que cola a roupa ao corpo. Um banho de caneca. Mais uma manhã em que aguardávamos telefonemas para encontrarmos o nosso cantinho. Mas nada. Recebemos sim uma chamada da Lulu para, finalmente, conhecermos o novo restaurante que ela vai abrir. Ficámos sentadas num banco à sombra de uma árvore enquanto nos refrescávamos com uma cervejinha. O calor tornava-se insuportável. Chega a Lulu num fiat bem antigo fazendo um barulho descomunal. Mas pior do que o carro e o barulho é mesmo a condução dela. Credoé! Chegámos ao Panda (nome do restaurante), uma casinha bem bonita azul, o espaço exterior bastante agradável e colorido, interior acolhedor…no fundo bem melhor que a Pestiqueira dela no Bairro. Estivemos a conversar com ela sobre a possibilidade de fazer algumas horas no restaurante durante o fim-de-semana, mas o salário é bastante baixo! Por momentos fiquei em estado de choque e com receio de me tentarem explorar. Afinal o que são seis euros por dia. Vamos ver! Ainda nos convidaram para almoçar mas recebemos uma chamada para ir ver uma casa. Só mais uma que não se enquadrava naquilo que procurávamos. O desespero começava a notar-se, então oferecemo-nos um super almoço no Sabor da Ilha. Nada melhor que um polvo grelhado com uma banana frita para nos consolar, nem que fosse apenas o estômago. Até aguardente de cana a Margarida se deu ao luxo de provar! Eh eh…depois do almoço regressamos para casa onde nos fomos entretendo com outras coisas para o tempo passar. Nessa noite cozinhamos em casa. Mais uma noite de Sóbi Só.
A.

Receita de calulu da Jessica

26/10/10
Andámos o dia todo a ver casas, é bastante cansativo… O mais engraçado é que somos abordadas de todos os lados, basta estarmos paradas em frente a uma casa com uma placa a dizer “Arrenda-se” que as pessoas vêm-nos chamar a dizer que conhecem mais umas casas e que nos levam lá para nos mostrar…Pelo menos isso é fantástico…. Muitas casas vazias, boas casas, mas vazias… Enfim, vamos continuando a procurar… Precisámos de um pouco mais de privacidade e de algumas coisas para estarmos a 100%...
Hoje, em seguimento do que tinha dito no meu último post, deixo-vos a receita do Calulu da Jessica. Aqui vai:

Preparo:
-couve (pouca quantidade)
-folha de maquequé
-folha de gimboa
-folha de tartaruga
-folha de mussua/mosquito
-folha de coentros
-folha de galo
-folha de pega rato
-folha de otaji
-folha de agrião
-folha de micocó
-folha de ponto
-folha de mambléblé
-folha de olho de goiaba
-folha de olho de grão
-folha de libo da água
Pisar as folhas no pilão, aos bocadinhos de cada vez. Arranjar estas folhas todas pode não ser fácil, pelo que aconselham a ir para o mercado bem cedo de madrugada… Quanto às quantidades, ela recomenda comprar 15.000 dobras de couve e do resto das folhas comprar 5.000 dobras de cada…
Acrescentar também numa grande panela:
Maqueque (10.000), beringela (10.000), ossami, pau pimenta, quiabo (10.000), tomate, cebola, malagueta, peixe fumado, búzio do mar fumado, peixinho salgado, fruta-pão, azeite de palma, farinha de mandioca, caldo knorr, folha de mosquito. (5.000 dobras dos restantes) Também há quem ponha camarão, tartaruga fumada (!), tubarão fumado (!) e folha de ocá. Enquanto não põem macaco é muito bom…..
Peixe fumado a usar:
Andala, Atum/Fulu-Fulu, Mais Pombo, Voador – usar um bocado de cada.
Para engrossar:
Fruta-pão cozida com farinha de mandioca com o resto (pisar no pilão) e voltar a pôr na panela com temperos (malagueta e sal) para engrossar. Pôr mais água.
Tempo de preparação:
Duas horas já é suficiente mas normalmente o foro (o puro saotomense) deixa ficar a noite toda a cozer.
Para acompanhamento:
Arroz (1kg), fuba, farinha de mandioca (2 canecas) ou Angú.
Angú – banana pontada ou crua esmagada no pilão. (20.000 dobras banana-pão pontada – 7 UND)

Tivemos um serão muito interessante, muito cultural, em casa da Jessica com um grupo de senhoritas mais um senhor para saber estas ricas informações sobre o calulu… O senhor que estava presente na sala disse-nos que quem provava o calulu não ia querer voltar mais para casa, que ficaria para sempre com uma enorme saudade de São Tomé e teria de voltar… Eu já tinha provado o calulu da mãe da Jessica…”Isso foi o que me aconteceu”, disse eu…
Em relação à Ilha do Príncipe falaram da saudade que provoca a cabeça do papagaio (se é verdade ou não, teremos de descobrir um dia…)

CASA PROCURA-SE

25/10/10

Procura-se casa MOBILADA em São Tomé que não fique muito afastada da cidade porque a mototáxi fica cara! Que tenha pelo menos 2 quartos, o mínimo de condições e não tenha RATOS! Mais importante que tudo isto: não ser muito cara!
Este foi o nosso repentino lema durante o dia à procura de casa. Difícil muitoé!
A.